Tópicos | MP 634

O governo mobilizou sua base no Congresso e conseguiu aprovar, na comissão especial que analisa a Medida Provisória 634, a correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para 2015, parte do pacote de bondades que a presidente Dilma Rousseff anunciou em cadeia nacional de rádio e televisão na véspera do Dia do Trabalho.

Com isso, o Palácio do Planalto deu sequência à estratégia de antecipar a tramitação pelo Congresso do reajuste do IR, que pode ir à votação no Plenário da Câmara ainda nesta semana. Originalmente, a matéria constava da Medida Provisória 644, editada recentemente pelo Executivo e cuja votação pode se arrastar até setembro.

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Pela nova tabela do IR, só terão desconto do imposto os brasileiros que ganharem acima de R$ 22.418,64 por ano (ante R$ 21.453,24) em 2015. Abaixo desse nível, haverá isenção da contribuição. A medida representa uma renúncia fiscal de R$ 5,3 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda.

Na semana passada, a pedido da presidente Dilma Rousseff, o relator da MP 634, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), acolheu em seu parecer o benefício anunciado pela presidente Dilma em seu pronunciamento. O objetivo do governo é evitar o "carimbo" do pré-candidato do PSDB à presidência, senador Aécio Neves (MG), numa das bandeiras eleitorais de presidente.

Perdas

Isso porque Aécio é autor de uma emenda que prevê o reajuste do Imposto de Renda com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), sob o argumento de que o aumento concedido por Dilma não repõe as perdas inflacionárias dos últimos anos. O tucano havia proposto a emenda na Comissão Especial da MP 644, de forma que, caso vingue a antecipação de tramitação, ela se tornará inócua. "A presidente quer evitar qualquer tipo de oportunismo", resumiu na semana passada uma fonte do governo.

Na manhã de hoje, aliados do Planalto tentaram aprovar o relatório da MP de Eunício, cuja tramitação já está avançada, a toque de caixa. A sessão foi aberta com apenas três parlamentares presentes, todos da base aliada. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), chegou pouco depois e pediu que a reunião fosse encerrada por falta de quórum.

Enquanto o deputado era contraditado pelo líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), deputados e senadores da base foram acionados e garantiram o número mínimo para a votação. Diante disso, Mendonça Filho acusou Dilma de "tratorar" a oposição e disse que a manobra regimental visa a poupar a presidente de um confronto direto com Aécio.

A oposição promete agora obstruir a votação da matéria nos plenários da Câmara e do Senado caso a correção do IR não seja retirada da Medida Provisória 634. Para não perder a validade, o texto precisa ser aprovado pelas duas Casas do Legislativo até o início de junho.

Campanha

A inclusão da atualização dos índices do IR na MP 634 - editada originalmente para alterar a legislação tributária federal e prorrogar prazos de vigência a fundos regionais de investimentos - deu ares de pré-campanha eleitoral na sessão de hoje. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), listou os reajustes da tabela do imposto no governo de Fernando Henrique Cardoso e disse que Aécio não tem "autoridade política" para propor um benefício maior. "Não vejo autoridade política do senador Aécio Neves para dizer que vai fazer (a correção pelo IPCA). Primeiro porque não vai ser presidente, ele está botando propostas para os outros cumprirem", disparou.

O argumento oficial do Executivo para patrocinar a migração de uma MP para a outra é de que haveria risco de a Medida Provisória editada por Dilma após o pronunciamento do Dia do Trabalho caducar, uma vez que o quórum no Congresso é tradicionalmente baixo no segundo semestre de anos eleitorais.

O governo articula a aprovação, no Congresso Nacional, de uma medida que visa estimular a exportação para pequenas e médias empresas. Por meio de uma emenda acolhida no relatório da Medida Provisória nº 634, que deve ser votada nas próximas semanas, propõe criar a figura de "exportação por conta e ordem de terceiros", que hoje existe apenas para importadoras.

Por esse mecanismo, o pequeno e médio empresário interessado em exportar poderá contratar uma prestadora de serviços que irá conduzir e operar todo o processo de venda para o exterior, como procedimentos alfandegários. Atualmente, os exportadores que não contam com estrutura de comércio exterior costumam contratar tradings para intermediar a venda para o exterior.

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Como nesses casos ocorre uma revenda - a trading compra o produto do fabricante, que passa a não ter mais nenhuma interferência na operação -, muitas vezes a margem de lucro sobre essa operação acaba encarecendo a mercadoria brasileira no exterior. Com a exportação por conta e ordem, a empresa produtora participa da venda externa e, com isso, há expectativa de barateamento do produto.

A figura da terceirizada, no caso dessas novas operações de exportação, não é a de um mero despachante, segundo o governo, já que a intermediária será responsável por todas as atribuições do processo, e não por um pedaço dele.

Burocracia - Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a expectativa é que, além de estimular a inclusão de novas empresas exportadoras no comércio exterior, a medida beneficie aqueles que já exportam, mas têm estrutura reduzida e, portanto, mais dificuldade para lidar com a burocracia do processo.

O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), relator da medida provisória na comissão especial do Congresso, argumenta que a emenda pretende "igualar" o tratamento dado aos importadores. "A importação tinha benefícios e a nossa exportação não tinha", argumenta.

Um primeiro projeto de lei criando a figura da exportação por conta e ordem foi apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) no início deste ano. O texto foi parcialmente acolhido por Eunício em seu relatório. Em reuniões com a Fazenda, o projeto ganhou sinal verde do governo.

Prazo - Pela redação dada no relatório do senador cearense, a exportação da mercadoria deverá ocorrer no prazo de 30 dias, a partir da contratação da companhia que vai intermediar a transação. Caso esse prazo não seja observado, tanto a empresa produtora quanto a terceirizada ficam sujeitas a penalidades e ao recolhimento de tributos que, pela legislação, não incidem ou são imunes a operações de exportação.

O relatório da MP 634 foi apresentado na quinta-feira à comissão especial. Nele, Eunício incluiu a correção de 4,5% da tabela de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), um dos benefícios anunciados pela presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e televisão na véspera do Dia do Trabalho.

A expectativa dos integrantes do colegiado é de que o texto seja votado na terça-feira. Para não perder a validade, essa proposta - que também prorroga o prazo de fundos regionais de investimentos - precisa ser analisada pelos plenários da Câmara e do Senado até o início do mês de junho.

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