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A segunda noite do Cine PE 2012 teve uma homenagem ao ator Ney Latorraca, primeiro a receber a homenagem do 16° ano do festival.

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Na noite, quem marcou presença também foi a equipe do longa "Paraíso Artificias", que esteve liderada pelo diretor Marcos Prado e os atores Lívia de Bueno e Lucas Bianchi.

Em seu segundo dia, o Cine PE - Festival do Audiovisual engrenou. Um público visivelmente maior do que o que compareceu nesta quinta (26) veio conferir, principalmente, o longa metragem Paraísos Artificiais, dirigido por Marcos Prado e estrelado por Nathalia Dill, Livia de Bueno e Luca Bianchi. A sexta (27), marcou a homenagem artística ao ator Ney latorraca, que recebeu o prêmio Calunga e foi ovacionado pela plateia.

Ney recebeu o prêmio do crítico de cinema Rubens Ewald Filho, amigo do ator há 50 anos, como fez questão de frisar. A presença de Ewald foi uma surpresa para o homenageado. O crítico afirmou que "Ney me ensinou a importância do humor", e o ator fez graça, dominando o público: "Estou muito carente e preciso de muitos aplausos", disse ao começar seu discurso, sendo imediatamente atendido. Ney lembrou de vários diretores com quem trabalhou e fez questão de citar Paulo César Saraceni, falecido recentemente. Confira o depoimento exclusivo que Ney Latorraca deu ao LeiaJá sobre a homenagem que recebe neste Cine PE:  

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Os outros dois homenageados por esta edição do festival - Fernando Meirelles e Cacá Diegues - também marcaram presença no Teatro Guararapes nesta sexta. Meirelles, que já tinha participado com o longa Domésticas, em 2001, afirmou à reportagem do LeiaJá que "A estrela aqui não são os filmes, atores ou diretores, é o público. Nenhum outro lugar tem essa receptividade quente como Pernambuco". O diretor e produtor também falou da importância dos festivais e do seu filme Cidade de Deus, sucesso absoluto em 2002: "Depois de Cidade de Deus o público se acostumou a ver cinema brasileiro", ponderou.

A programação de filmes começou com a mostra competitiva de curtas, que exibiu o primeiro filme pernambucano da 16ª edição do Cine PE, o documentário Zuleno, dirigido por Felipe Peres Calheiros. Com uma fórmula simples, o documentário investe em muitos planos fechados e basicamente deixa seu personagem principal - o artista plástico Zuleno Pessoa, falecido em 2008 - falar à vontade. Obras do artista passam pela tela ilustrando seu legado, que talvez possa ser ilustrado por uma de suas frases no filme: "Eu pinto com a luz. Meu pintor predileto é o sol". O documentário, filmado pouco tempo antes da morte de Zuleno, tem momentos tocantes, em que o pintor se emociona, e foi muito aplaudido ao fim da exibição.

O segundo curta, Isso não é o fim, se passa em São Paulo e foca em um homem solitário que aluga um banheiro na Rua Augusta a R$ 1. O filme é um mergulho no mundo da noite paulistana e seus elementos naturais: sexo, drogas, prostituição, preconceito. É um filme forte, de poucos e curtos diálogos, que se não fez o público aplaudir e fazer muito barulho, foi o que criou mais burburinho na plateia quando acabou. Quadros, o último curta do dia, é um filme alegórico, quase psicológico, do encontro entre um artista plástico e uma mulher criada pela sua imaginação e própria obra. Cheio de simbolismos, parece ter agradado o público presente no Teatro guararapes.

Famoso por ser o festival de cinema com o maior e mais animado público do Brasil, o Cine PE tem espectadores fieis, comprovando a função de formação de público inerente aos festivais. As estudantes de publicidade Mariana Antonino e Caroline Dreyer vêm todos os anos apreciar os filmes exibidos na programação do festival. "Quero ver Di Melo - O Imorrível no telão do Cine PE", afirma Caroline, antecipando o documentário que será exibido no domingo (29). Já Mariana resgata da sua memória um filme de outra edição que marcou: Recife Frio, de Kléber Mendonça Filho.

Paraísos Artificiais
Muito aguardado, o longa Paraísos Artificiais tem uma relação íntima com Pernambuco. Um momento central na sua trama, um festival de música eletrônica, foi filmado na Praia do paiva, litoral sul do Estado, com mil e quinhentos figurantes, entre eles alguns artistas locais. Paraísos se passa em três tempos: o presente, o encontro ocorrido entre o casal protagonista em Amsterdã quatro anos antes e a citada festa rave, dois anos antes deste encontro.

Ao contrário do que pode sugerir pela presença da música eletrônica, raves e boates, o ritmo do filme é lento. Envolto em um banho de hedonismo, a trama central é na verdade uma história de amor, com as dificuldades que as histórias de amor precisam ter para virarem filme. "A festa é só um subtexto para a história principal", explica o diretor Marcos Prado, complementando que o filme trata "Das escolhas que fazemos e determinam nossos caminhos".

Paraísos Artificiais é um filme de contrastes. A realidade frenética de festas aditivadas por drogas sintéticas é contraposta pela relação de Érika e Nando, que é lenta, suave. Talvez haja um exagero no uso da sensualidade e de cenas de sexo, que a atriz Lívia de Bueno afirma "Não serem tão difíceis de fazer. É muito mais difícil assistir depois". Intenso, o longa exigiu uma preparação cuidadosa do elenco, feita por Fátima Toledo e elogiada por Lívia e por Luca Bianchi, que interpreta Nando. "Eu tive três preparações para as três diferentes fases do personagem no filme", conta o ator, que foi só elogios aos figurantes que filmaram a festa rave na praia do Paiva: "O pessoal do Recife é maravilhosos. Realmente parecia que a gente estava num festival de música eletrônica".

Uma cena marcante de Paraísos é a morte de Lara, interpretada por Lívia. "Eu sofri muito para fazer essa cena e fiquei aliviada quando terminei", relembra a atriz, que comemora: "Essa personagem foi um presente". Se não é exatamente uma crítica ao mundo "aditivado" de raves e boates, o filme serve pelo menos como um contraponto à felicidade artificial e sintética que impera em parte do circuito da música eletrônica, chamando para uma realidade permeada por perdas, erros e, porque não, tristeza.

Nesta quinta (26), começou a décima sexta edição do Cine PE Festival do Audiovisual. As atividades começaram cedo, às 9h, com as primeiras aulas das oficinas de direção, roteiro, e trilha sonora ministrada por Jorge Bodanzky, José Roberto Torero e David Tygel, respectivamente. Às 15h, o Festival deu início à mostra Um olhar para Moçambique, que acontece na Universidade Católica de Pernambuco.  

A partir das 20h, no Teatro Guararapes, Centro de Convenções de Pernambuco, deu-se início à programação principal do Cine PE: as mostras competitivas de curtas e longas metragens. Quem veio ao evento viu a mostra "Angeli vê o cinema nacional", instalada no foyer do teatro, onde ainda ficam o Espaço Gourmet e stands variados. Como de praxe, o público também teve a oportunidade de encontrar atores, diretores, técnicos circulando, incluindo um dos homenageados do Festival este ano, o ator Ney Latorraca. "É um dos momentos mais felizes da minha vida receber essa homenagem, estou excitado igual uma criança", afirmou Ney para o LeiaJá. 

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A mostra competitiva se iniciou um pouco depois das 21h com o curta "Depois da queda", dirigido por Bruno Bini. O filme usa o recurso de tramas e personagens que se cruzam, com uma edição que pode confundir um espectador menos atento, por não ser cronológica nem linear. Um bom curta com momentos cômicos e outros emocionantes, como a cena final em que um pai coloca seu bebê - que está em uma incubadora após a morte da mãe, então ainda grávida - para ouvir a voz gravada da esposa que perdeu. A produção foi aplaudida com entusiasmo ao fim da exibição.

Segundo curta da noite, "O descarte" é uma animação narrada pelo personagem principal, que investe no suspense e na violência, utilizando-se de alguns clichês cinematográficos, como o "grupo misterioso" que guia as ações do personagem central e a descoberta de que ele foi usado em uma trama na qual caiu de paraquedas. "Qual queijo você quer" encerrou o primeiro dia da mostra de curtas e trouxe uma linguagem mais simples, com apenas duas locações (a sala e a cozinha de um apartamento). Toda a ação do filme se resume no diálogo de um casal de idosos em que ela está em crise por tudo o que não fez na vida, enquanto ele apenas quer mais queijo. De maneira simples e tocante, "Qual queijo" se resolve bem sem estripulias estéticas. 

Dando início à mostra competitiva de longas metragens, "À beira do caminho", dirigido por Breno Silveira, foi exibido ao público pela primeira vez. Um problema no áudio durante toda a exibição atrapalhou um pouco a estreia, mas a história dramática, que não foge ao final feliz, parece ter conquistado o público. "À beira do caminho" tem como presença marcante as músicas de Roberto Carlos, que interagem o tempo todo com os personagens, até conduzindo a cena. 

Um caminhoneiro solitário (João Miguel) dá carona a uma criança (Vinícius Nascimento) que perdeu a mãe e procura o pai, que a abandonou quando ela estava grávida. Depois de tentar deixá-lo em delegacias e postos da polícia, e até mesmo abandoná-lo em Petrolina, sertão pernambucano, acaba aceitando sua presença e se dá a missão de ajudá-lo a encontrar o pai. O encontro com o pequeno Duda e a história do abandono pelo pai faz o caminhoneiro João enfrentar seu próprio passado, quando também abandonou a filha. A história do solitário atormentado pelo passado, ríspido e intempestivo que encontra a possibilidade de candura no convívio "indesejado" com uma criança não é exatamente nova, mas é bem contada e funciona. Um recurso simples e direto, as frases de parachoque de caminhão aparecem regularmente no filme, sempre complementando e dialogando com a história vivida pelos personagens. 

Uma grande qualidade do longa está certamente na boa atuação do elenco, com destaque para João Miguel, Dira Paes e o pequeno Vinícius, que tinha apenas 11 anos quando filmou. Ele conta ter sido escolhido entre mais de 800 crianças e, inspirado pela história do filme, ensina: "Nunca é tarde para se tentar", disse à reportagem do Leiajá. "O Vinícius é um presente para o filme", afirma o diretor Breno Silveira, que na apresentação do filme havia dito que "À beira do caminho" é "sobre um homem aprendendo a amar". 

No fim da exibição, o organizador do Cine PE apreceu no palco e se desculpou publicamente pelo problema no áudio do longa, e avisou que haverá outra sessão a ser marcada "Com as condições de som que o filme merece".

O Cine PE Festival do Audiovisual chega a sua 16ª edição. Este ano, o evento que acontece entre os dias 26 de abril e 02 de maio, faz homenagem a três influentes nomes da produção audiovisual brasileira. Os cineastas Fernando Meirelles e Cacá Diegues e o ator Ney Latorraca serão reverenciados em um dos festivais mais importantes do cinema brasileiro. A festa acontece em Olinda, mais precisamente no Teatro Guararapes, onde 2,4 mil lugares acomodam os espectadores.

Os Homenageados

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Cidade de Deus (2002) é o nome da produção que concedeu a Meirelles uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor, em 2004. Além desta, o paulista dirigiu produções internacionais como Ensaio sobre a cegueira (Blindness, 2008) e O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener, 2005), esta última o concedeu indicações ao BAFTA e ao Globo de Ouro.

Cacá Diegues é o diretor que revela a mulher nas telonas. Joanna Francesa (1973), Xica da Silva (1976) e Tieta do Agreste (1996) são personagens que Cacá deu vida nas telas de cinema. Além do feminino, o cineasta tem muito a mostrar na temática social: Cinco Vezes Favela (1961),  5x Favela, Agora por Nós Mesmos (2010) e Nenhum Motivo Explica a Guerra (2006) refletem a face positiva na realidade das favelas cariocas.

Ney é ator desde menino. Aos seis anos de idade interpretou pela primeira vez. Desde aquela primeira radionovela em que o garoto se fez ator, já se passaram diversas telenovelas e espetáculos no teatro, no cinema também tem destaque. Entre os filmes, O Beijo no Asfalto (de Bruno Barreto, 1981) e Irma Vap – O Retorno (de Carla Camurati, 2006). Este último consiste na adaptação de uma peça de teatro – sucesso de bilheteria, diga-se de passagem - para a telona.

Mostras competitivas

Longas - Sete longas-metragens competem na mostra. Produções de apenas três estados do Brasil com diretores consagrados nacionalmente serão exibidas e avaliadas pela comissão julgadora e júri popular. À beira do Caminho (RJ, de Breno Silveira); Boca (SP, de Flávio Frederico); Corda Bamba, História de uma Menina Equilibrista (RJ, de Eduardo Goldenstein); Paraísos Artificiais (Marcos Prado) são ficções que competem com a pernambucana Na Quadrada das Águas Perdidas (de Wagner Miranda e Marcos Carvalho) e com os documentários Jorge Mautner - O Filho do Holocausto (RJ, Pedro Bial e Heitor D’Alincourt) e Estradeiros (de Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro), também de Pernambuco.

Curtas – Ao contrário dos longas, os curta-metragens abrangem produções audiovisuais de boa parte do país - ao todo nove estados (além do Distrito Federal) participam. Pernambuco traz quatro filmes para a competição: Dia estrelado (de Nara Normande); Kaosnavial (de Marcelo Pedroso e Afonso Oliveira); Garotas da Moda (de Tuca Siqueira) e Zuleno (de Felipe Peres Calheiros).

São Paulo traz também quatro representantes. Seguido do Paraná, com três. Cada um dos seguintes estados exibe um curta: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Bahia, Alagoas e Paraíba, assim como o Distrito Federal.  

Confira relação completa, listada em ordem alfabética:

A fábrica (PR), ficção, 15’. Direção: Aly Muritiba
As folhas (PB), ficção, 14’. Direção: Deleon Souto
Até a vista (RS), ficção, 18’. Direção: Jorge Furtado
Cesar! (SP), ficção, 15’. Direção: Gustavo Suzuki
Depois da queda (MT), ficção, 17’. Direção: Bruno Bini
Dia estrelado (PE), animação, 17’. Direção: Nara Normande
Di Melo - O imorrível (SP), documentário, 24’. Direção: Alan Oliveira e Rubens Pássaro
Garotas da moda (PE), documentário, 20’. Direção: Tuca Siqueira
Isso não é o Fim (BA), ficção, 15’30”. Direção: João Gabriel
Kaosnavial (PE), ficção, 20’. Direção: Afonso Oliveira e Marcelo Pedroso
KM 58 (AL), ficção, 20’. Direção: Rafhael Barbosa
L (SP), ficção, 21’. Direção: Thais Fujinaga
Na sua companhia (SP), ficção, 21’. Direção: Marcelo Batista Caetano
O descarte (PR), animação, 15’. Direção: Carlon Hardt e Lucas Fernandes
Quadros (PR), ficção, 16’. Direção: Sara Bonfim
Qual queijo você quer? (SC), ficção, 11’15”. Direção: Cíntia Domit Bittar
Sonhando passarinhos (DF), ficção, 12’. Direção: Bruna Carolli
Zuleno (PE), documentário, 20’. Direção: Felipe Peres Calheiros

Prata da casa – As produções pernambucanas ganham mais espaço este ano. O cinema do Teatro Guararapes irá exibir oito curtas-metragens selecionados para a quinta edição da Mostra Pernambuco. A Festa de Isaac (de Ianah Maia); Zé Monteiro - O Homem que Venceu as 5 Mortes (de Wilson Freire); Canção para Minha Irmã (de Pedro Severien); Koster (de Carla Francine e Germana Pereira); Fora da Lei: A Lenda de Jakie Taylor (de Victor Dreyer); Elisa (de Alice Gouveia); Corpo Presente (de Marcelo Pedroso) e Poeta Urbano (de Antônio Carrilho).

 

Em exibição

Além do circuito competitivo do festival com as produções que concorrem ao Troféu Calunga 2011 (longas, curtas-metragens e Mostra PE). Integram a programação: Mostra intinerante com Deus é Brasileiro (RJ, de Cacá Diegues) e Mostra Paralela - às 17h dos dias 28 e 29 de abril e 1º de maio - com Xica da Silva (RJ, de Cacá Diegues), O Beijo no Asfalto (RJ, de Bruno Barreto) e Xingu (RJ, de Cao Hamburguer).

Para as crianças, a Mostrinha Infantil reserva gratuitamente Gui, Estopa e a Natureza (SP, de Mariana Caltabiano) e Pequenas Histórias (de Helvécio Ratton), nos dias 27 e 30 de abril, às 9h. No encerramento do CINE PE, exibição especial do documentário pernambucano Sons da Esperança, de Zelito Viana, ainda inédito.

Serviço

CINE PE Festival do Audiovisual

Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco, Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda)

26 de abril à 02 de maio

R$ 8 e R$ 4 (meia entrada)

Maiores informações na página oficial do CINE PE

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