Tópicos | Nova MPB

Durante a infância, os músicos José, João e Francisco costumavam passar as férias juntos na casa da família em Salvador (BA), e foi no seio familiar que o trio cultivou os laços fraternos e, como não poderia deixar de ser, musicais. Herdeiros do DNA criativo de ninguém menos que Gilberto Gil, os três logo despontaram para a arte de fazer som e, agora, figuram como uma das maiores promessas da música brasileira da atualidade sob o nome de Gilsons. O grupo apresenta seu trabalho, pela primeira vez no Recife, nesta quinta (12), no palco do Teatro Guararapes. 

João, Francisco e José Gil - netos e filho de Gilberto Gil, respectivamente -, tornaram-se Gilsons, oficialmente, em 2018; mas já tocavam juntos desde 2014, na banda Sinara. A formação no modo trio se deu para que José pudesse cumprir uma apresentação autoral e agradou tanto o público que acabou tornando-se um projeto. Além da boa aceitação dos fãs, o grupo logo teve, também, a benção da família. 

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Não poderia ser diferente. Além de carregarem a genética musical do clã Gil e as referências de seus artistas, sobretudo do patriarca, o trio foi batizado pela mãe de Fran, a cantora Preta Gil, e lançou seu primeiro álbum, 'Pra Gente Acordar', neste ano de 2022, pelo selo de Flora Gil, mãe de José e esposa de Seu Gilberto. Tudo em casa.

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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Fran Gil falou sobre a importância dos laços e referências familiares, frisando não haver qualquer tipo de pressão em ostentar tal sobrenome. "A gente leva isso desde cedo com muita tranquilidade, muito respeito e gratidão, porque é uma família que estimula, incentiva a individualidade de cada um, então isso naturalmente foi o que possibilitou que a gente seguisse. Nosso grupo nasceu de forma despretensiosa, a gente faz música de forma despretensiosa e é uma base muito importante pra gente,  ter tanta referência já dentro de casa".

Bebendo nessa fonte rica de musicalidade e criatividade, os Gilsons vêm trilhando seu caminho. Mais do que referência, sua linhagem é o que lhes garante segurança e liberdade para serem eles mesmos e construírem suas próprias histórias. "Seu Gilberto tá aí, o legado dele fala por si só, a gente é a continuidade e eu acho que isso não se mistura. O legado dele pertence ao que ele construiu, é uma obra muito grande e a gente vem depois,  construindo nosso próprio legado, nossa própria música e história. Acho que isso é o mais bacana", diz o músico. 

No trio, todos cantam, tocam e compõem. A sonoridade do grupo traz os ritmos da Bahia misturados a beats eletrônicos e toques jazzísticos. Algo que a crítica especializada tem chamado de Nova MPB. Francisco aprova o termo: "Acho que isso se relaciona com o fato do nosso som ter raízes muito claras. Uma força da música afro baiana - o afoxé, o ijexá, o samba reggae -, que se mistura com nossa sonoridade moderna, as programações, as ambiências, os graves.. A gente encontra isso nessa turma toda que acaba entrando nesse lugar: a Duda Beat, Baiana System, Luedji Luna. É a base da MPB que a gente escutou a vida toda bebendo de tudo que a gente tem hoje na música e na cultura".

Fran (centro), falou ao LeiaJá sobre família, música e o retorno aos palcos. Foto: Reprodução/Instagram

Sobrevivendo à pandemia

Os Gilsons, assim como tantos outros artistas, foram pegos de surpresa pela pandemia do coronavírus que impossibilitou a realização de shows e turnês. No caso do grupo, o golpe parece ter sido um pouco mais duro. Eles estavam estreando, com o primeiro EP, 'Várias Queixas', recém-lançado (final de 2019), e com uma agenda cheia de apresentações programadas, mas tiveram que colocar todos os projetos em pausa. 

Porém, ao contrário do título do primeiro trabalho, o trio não se queixou nem se abateu. Ao invés disso, continuaram produzindo como podiam sem deixar se lado seu tom solar e a visão otimista da vida. "Acredito que na escuridão sempre há luz. Existe uma dualidade constante na vida, às vezes, as músicas mais lindas surgem dos momentos mais tristes e vice e versa. Existe essa força na arte. A gente trancado em casa, a gente queria falar sobre estar fora, estar na vida, a gente quer falar de liberdade. Então quando a gente fala ‘pra gente acordar e dançar sem medo de ser, sem medo de amar’, é sobre tudo isso".

Vale ressaltar, no entanto, que tal otimismo não deixa de lado uma consciência a respeito das dificuldades da vida, sobretudo no que diz respeito ao atual momento do país. Pelo contrário, essa parece ser a mola propulsora do trio. "Hoje, essa política com a base no medo, na opressão, no conservadorismo(...)  A gente quer falar sobre ser livre, poder amar quem quer que seja, ser quem quer que seja, isso é a base. Então quanto mais oprimem, quanto mais quiserem calar a gente, mais a gente vai querer falar e vai acreditar nesse mundo que a gente enxerga. A gente acredita nesse novo amanhã que a gente canta", afirma Fran.

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Retomada

É nesse misto de otimismo e valentia que os Gilsons retomam os planos paralisados pela pandemia em 2020. De volta aos palcos, o grupo tem encontrado fãs afiados, com todas as músicas na ponta da língua, provando que a paralisação não os impediu de crescer no cenário musical nacional.

Fran parece derreter-se ao explicar as sensações que o grupo vem experimentando nessa retomada. "Num primeiro momento (de pandemia), a gente ficou assustado, cheio de show, tudo cancelado, a gente tava preocupado se essa progressão em termo de alcance de público ia continuar e ela continuou, e aumentou. A gente chegou até num lugar inesperado de tanta gente escutando e espalhando o nosso som, a gente ficou muito ansioso por esse retorno e tem sido mágico. A gente tem vivido momentos cartáticos em termo de público, é uma quantidade de shows quentes que a gente ainda não tinha feito. Tem sido maravilhoso".

Serviço

Gilsons

Quinta (12) - 22h

Teatro Guararapes

A partir de R$ 70 - à venda pelo site Ticket360

A cantora Tiê vem ao Recife, no próximo domingo (2), para apresentar seu novo disco, Esmeraldas. Abrindo a noite, o público vai poder conferir a apresentação do projeto solo de André Whoong, guitarrista e parceiro de composição de Tiê, que mostra seu álbum 1985 e também da multinstrumentista Naná Rizinni, com repertório do disco La Na Nana. Os shows serão no Estelita, às 19h.

Tiê tem sido considerada uma das grandes novidades da nova música popular brasileira. A cantora iniciou sua carreira em 2009 e já tem três discos lançados. Sua última música de trabalho, A Noite, está na trilha sonora da novela I love Paraisópolis como tema do casal protagonista, Marizete (interpretada por Bruna Marquezine) e Benjamin (Mauricio Destri). 

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O disco Esmeraldas tem produção de Adriano Cintra e participações especiais como a de André Whoong, da artista visual Rita Wainer, o letrista David Byrne (Talking Heads), Guilherme Arantes e ainda Jesse Harris (conhecido pela autoria da faixa Dont´know why, cantada por Norah Jones). 


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Serviço

Tiê

Domingo (2) | 19h

Estelita (Rua Saturnino de Brito, 385 - Cabanga)

R$ 40 (1º lote) e R$ 50 (2º lote)

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