No final da tarde desta quarta-feira (4), o padre italiano Vito Miracapillo - que foi expulso do Brasil nos anos 1980 - foi recebido pelo governador do Estado, Eduardo Campos, no Palácio do Campo das Princesas, na área central do Recife. Na reunião, o gestor demonstrou esperança de que o padre volte a atuar no país, já que o religioso recebeu, em novembro do ano passado, o direito de renovar seu visto permanente aqui no Brasil.
“Queremos expressar, em nome do governo e do povo pernambucano, nossa felicidade pela decisão do governo brasileiro de resgatar o visto que o padre Vito já teve no país, e lhe dar as boas vindas para que ele possa continuar seu trabalho religioso ajudando as comunidades, as crianças e os trabalhadores”, salientou o governador, referindo-se à atuação expressiva que o sacerdote teve no município de Palmares, na mata sul do Estado.
##RECOMENDA##O padre, que desembarcou em Pernambuco ontem (3), confessou que ficou muito contente com a possibilidade de voltar a retomar seus trabalhos no país. “Sempre disse que nunca me afastei do Brasil, ainda sendo excluso. Ninguém conseguiu me separar daqui, devido à solidariedade das pessoas que iam me visitar na Itália e, também, por tudo aquilo que vivemos em comunidade. Aqui eu estou à vontade, estou em casa”, relatou emocionado.
O religioso ainda falou que manifesta a pretensão de voltar para a cidade de Palmares, onde cultiva um carinho especial pela população local. “É meu desejo retomar os trabalhos lá, agora claro que sendo padre tenho que depender da autorização dos bispos da Itália”. Segundo ele, o problema que aconteceu no passado foi referente ao regime militar e ele afirmou não guardar mágoas em relação ao assunto.
A expulsão - O padre Vito Miracapillo era pároco da Arquidiocese do município de Palmares quando foi expulso do país por ter se recusado a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da Independência, em outubro de 1980.
Na época, a justificativa de Miracapillo foi de que o povo sofrido da religião não tinha o que comemorar por que não era "independente". Foi então que, a pedido do deputado estadual Severino Cavalcanti (que atualmente é prefeito do município de João Alfredo, em Pernambuco), o religioso foi expulso do país. O sacerdote passou a visitar o Brasil em 1993, quando teve sua expulsão revogada e conseguiu o visto de turista. Agora, ele aguarda a decisão do governo do país para conseguir seu visto definitivo.