Tópicos | Rios da Gente

Com um trânsito intenso e cada vez mais caótico em virtude do crescimento da quantidade de veículos nas ruas, a capital pernambucana sofre com engarrafamentos e o amplo fluxo de carros e motos nas principais avenidas do Recife. Para melhorar essa realidade foi anunciado desde 2012, e iniciado em 2013, o “Programa Rios da Gente”. O projeto de navegabilidade prevê a construção de sete Estações Fluviais que irão funcionar no horário convencional dos ônibus: das 5h às 23h. No entanto, a iniciativa atrasada há mais de um ano, foi retomada neste segundo semestre e só deve ser entregue no final de 2016. 

Visto como inovador e principalmente como outra via para desafogar o trânsito, o “Rios da Gente” tem um investimento de R$ 94.193.682,38. Deste montante, segundo a Secretaria das Cidades de Pernambuco, R$ 1.989.930,09 é de contrapartida do Estado e já foi paga. O restante é por parte do Orçamento Geral da União (OGU), através do PAC MOB – Grandes Cidades. O valor já pago pelo Governo Federal até agora é de R$ 775.115,19. Paralelo aos recursos da obra, há ainda um contrato de dragagem de R$ 101.488.639,09, sendo R$ 25.617.036,98 contrapartida do Estado já pago e R$ 47.426.110,78 do Governo Federal.

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Apesar de ainda faltar parte dos recursos do valor da obra, a secretária Executiva de Articulação e Capacitação de Recursos da Secretaria das Cidades, Ana Suassuna, alegou não haver dificuldades com a liberação dos valores por parte do Governo Federal. No entanto, eles são repassados a cada fase avançada. “A infraestrutura que foi colocada: escadas, limpeza da obra, transformador de energia... - tudo isso vai sendo medido e vai sendo colocado para a fiscalização ir fazendo as liberações. Depois dessas medições você encaminha à Caixa Econômica Federal e ela faz a liberação ou não”, explicou.

Suassuna também detalhou os motivos do atraso da obra. “A gente teve que interromper porque houve uma lentidão na análise do projeto. Agora, a gente está numa perspectiva de fazer toda essa reprogramação de obra para dar um novo horizonte”, confirmou. A representante da Secretaria das Cidades ressaltou que o andamento também depende de questões burocráticas. “Há ainda uma licitação da concessão da linha fluvial. Toda questão ambiental tem uma forma de tratamento especial. Você tem toda a intervenção física, porque metade da obra é dentro d’água e metade fora, tem a novidade de se inserir esse modal de fluvial integrado aos ônibus e ao metrô no Sistema SEI e toda esta licitação tem que acontecer para coincidir com a conclusão das obras e a chegada dos barcos. Ele é um projeto muito especial e por isso, tem que ter cuidados especiais”, enalteceu. 

Fora o atraso e a licitação, Suassuna explanou que necessita de uma liberação da Marinha para construir uma das rotas. “A rota do eixo-norte ainda não temos a liberação por parte da Marinha (a rota inclui as Estações Correios e a do Tacaruna). Uma característica bem própria porque uma depende da outra”, expôs. 

Diante da crise econômica vivenciada no País e refletida nos Estados, um dos funcionários da obra que preferiu não se identificar, vê a retomada do projeto como positiva. "A gente espera que a partir de 1° de setembro a obra volte. Estamos pedindo a Deus que dê tudo certo", anseia. 

O segurança do Memorial de Medicina, que fica ao lado de uma das futuras Estações Fluviais, no bairro do Derby, Paulo Fernando Leal, de 61 anos, acredita que o empreendimento pode ser até uma opção de trabalho. “A Estação Fluvial vai ajudar. Posso até trabalhar com o barco. Eu acho que vai melhorar muito incluindo o estacionamento”, ressaltou. 

Para a ambulante e moradora do bairro de Apipucos, próximo a Estação Fluvial Parque Santana, Maria de Fátima, 52, o término da obra beneficiará a população local. “Deve ajudar muito a gente e era bom que terminasse logo”, deseja. 

De acordo com Ana Suassuna, das sete estações, a primeira retomada foi a do Parque Santana, em Apipucos, Zona Norte do Recife. A perspectiva é que a cada três meses uma nova estação volte a ser construída, de acordo com cronograma estabelecido. “A obra das Estações Fluviais, sinalização náutica e galpão de manutenção foi iniciada pela Estação Fluvial Santana. A próxima Estação será a BR-101 com previsão de início de obras para outubro de 2015, iniciando uma Estação Fluvial a cada três meses. O prazo para conclusão são 16 meses”, detalhou. 

Entre as sete Estações Fluviais que estão em atraso: BR-101, Torre, Derby, Recife, Estações Rota Norte (sendo uma nos Correios e outra próxima ao Tacaruna), a última, no bairro de Joana Bezerra, servirá de galpão para manutenção, abastecimento, limpeza e atracação dos barcos. 

Apesar de algumas questões burocráticas e do atraso, Suassuna vê o projeto de forma dinâmica e importante. “Este projeto mexe com toda a autoestima dos pernambucanos, principalmente, a população ribeirinha. São questões simbólica e ambiental. São ganhos maravilhosos que este projeto está trazendo para o povo de Pernambuco. Se a gente tem uma locomoção muito difícil como a Rui Barbosa e a Rosa e Silva, por exemplo, nós iremos ter o deslocamento seguro e regular, que hoje a população ainda não tem, com o ganho do modal de barco”, pontuou. 

Com um novo prazo de entrega, que conforme placa informativa fixada nas futuras estações seria de 240 dias, a obra apenas está prevista para 2016. “A gente tem uma expectativa de no final de 2016 a gente ter concluído isso, mas ainda não é uma certeza”, revelou Ana Suassuna.

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