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Se quiser um aparelho capaz de transformar seu chato uniforme de trabalho numa descolada roupa de festa, ou num dispositivo que ajude você a encontrar novos amigos, basta chamar Marcelo Coelho. Pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Coelho trabalha na pesquisa de ponta sobre dispositivos portáteis que podem ser mais inteligentes que a pessoa que os veste.

Uma das áreas mais promissoras é a de vestimentas que integram computadores e que praticamente podem pensar sozinhas. "Dá para programar para que sua camisa mude de cor ou de estampa", disse.

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"Talvez você esteja hoje do trabalho e queira sua camisa de um jeito, mas à noite você vai para uma festa e quer usar algo diferente", explica. Outra criação é um vestido com uma bainha que pode subir ou abaixar ou um vestido com flores que se abrem e fecham suavemente.

Coelho, de 35 anos, foi um dos palestrantes da conferencia MIT 2015 EmTech desta quarta-feira (18) no Rio de Janeiro, onde até esta quinta líderes do mundo inteiro em matéria de novas tecnologias falarão sobre suas perspectivas para o futuro. A mensagem é que invenções de ficção científica estão a caminho em áreas tão diversas quanto os drones ou a medicina.

Mas para o brasileiro Coelho, a alegria vem de aplicar os mistérios do laboratório a situações cotidianas. Pensando nesse cenário do escritório para a festa, Coelho desenvolveu um dispositivo que serviria para encontrar pessoas com quem há o interesse de conversar, flertar ou até evitar.

Com a forma de um relógio de pulso normal, o pequeno computador está programado com dados pessoais - informação do Facebook ou algo mais personalizado - e depois se comunica com outros dispositivos na mesma área. 

"Você vai a um evento e pode comparar seu relógio com o de outra pessoa", explicou. "Se você não tem nada em comum com um desconhecido no evento, vai aparecer uma luz vermelha, e se você tiver, será uma luz verde", ressalta.

Robôs são coisa do passado

Para onde tudo isso vai? Para Skylar Tibbits, outro pesquisador do MIT, direto para o faça você mesmo. Mas não no sentido de batalhar com um manual de instruções rodeado de peças e chaves de fenda para montar a cama que está dentro da caixa. Tibbits quer dizer no sentido de que a cama, ou o que quer que seja, se monte sozinha.

Esta é a ideia da impressão em 4D, especialidade de Tibbits. Se impressoras 3D podem produzir objetos tridimensionais com apenas um toque de botão, 4D significa que podem depois transformar-se ou organizar-se de maneiras úteis.

Diferentemente dos robôs, estes materiais não são computadorizados e não necessitam de energia elétrica. Reagem a forças simples como pressão ou calor ou água e mudam, mas não são pensados por cientistas para que mudem de forma de uma maneira pré-determinada.

Por exemplo, um sapato ou um pneu molhado podem mudar para ter melhor adesão, e voltar ao normal quando secarem. E o laboratório de faça você mesmo de Tibbits no MIT estuda se esta tecnologia pode ser aplicada a objetos muito maiores, inclusive na construção. 

"São materiais que se comportam como robôs, mas não precisam de robôs", disse numa transmissão por vídeo. "Eventualmente propomos que os materiais possam se montar sozinhos do zero", complemeta.

Se isso não parece suficientemente perturbador, considere o que Coelho garante que é a próxima fronteira. Não será a tecnologia vestível, mas chips e dispositivos com Wi-Fi embutidos no corpo humano. "A tecnologia migrará lentamente para a pele e depois para abaixo da pele, não vai mais se separar das pessoas", previu. "Estou trabalhando em algumas coisas nessa área das quais não posso falar muito", alegou.

E com cada nova revolução chegam novos riscos de que a tecnologia caia nas mãos erradas, como criminosos ou governos autoritários. "Com qualquer tecnologia, pode ser uma distopia total ou algo alucinante e empoderador", disse. 

Referindo-se aos pesquisadores do Manhattan Project, que inventaram as armas nucleares usadas pelos Estados Unidos contra o Japão em 1945, Coelho alertou que cientistas nas fronteiras de troca precisam ter uma profunda consciência. "Foram necessárias as pessoas mais inteligentes do mundo para criar uma máquina que pudesse eliminar o planeta", refletiu.

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