Ao discursar, ontem, no congresso estadual da Amupe, o senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, surpreendeu ao defender um pacto em favor do Estado, que una de um lado o PSB, que está no poder, e de outro todas as forças de oposição, como PT e PTB, que se uniram numa aliança para enfrentar o então candidato Paulo Câmara, eleito governador.
O pacto, segundo pregou, se dá em torno dos interesses maiores do Estado. Humberto acha que as obras que estão em andamento ou paradas no Estado, tocadas com recursos da União, devem ser o elo deste entendimento. “A ferrovia Transnordestina, a Transposição e o Arco Metropolitano são essenciais para Pernambuco e exigem de nós um esforço conjunto”, afirmou.
Humberto é um senador com força no Governo, tanto que foi reconduzido à liderança do seu partido no Senado com o aval expresso da presidente, com quem tem trânsito fácil, sendo um fervoroso defensor da sua gestão no Congresso, hoje enfrentando graves dificuldades do ponto de vista político.
Se o senador, que pela primeira vez apareceu num ato público ao lado de Paulo Câmara depois da acirrada campanha do ano passado, desmontando, portanto, o palanque, está tão aberto ao diálogo, da parte do governador, o mais interessado pela proposta, não deve faltar disposição para concretizar este pacto.
Que passa, necessariamente, pelo único político com assento na Esplanada dos Ministérios: Armando Monteiro Neto, piloto da pasta de Desenvolvimento Econômico. O pacto de Humberto chega, também, num momento em que o Governo está extremamente fragilizado e deve ter sido pregado porque tem visto aliados do governador endurecendo o discurso contra Dilma.
Como é o caso do secretário de Planejamento, Danilo Cabral, que abriu o seminário “Todos por Pernambuco”, sábado passado, em Arcoverde, com duras críticas ao Governo e a própria presidente Dilma. “Aqui, não tem gente que está se escondendo da crise, que enterrou a cabeça no chão e deixou de conversar com o povo. Ou você escuta o povo fazendo um governo aberto de forma organizada, abrindo canal de diálogo com transparência ou você escuta a voz do povo nas ruas, como a gente tem visto”, afirmou.
Danilo lembrou o que o Brasil vive um momento desafiador marcado pela falta de diálogo, de unidade e, sobretudo, de um estadista capaz de construir um consenso, fazendo referência ao ex-governador Eduardo Campos. Certamente, Humberto deve ter tomado conhecimento do seu desabado e tenta desarmar os espíritos.
REFORMA POLÍTICA– Integrante da Comissão de Reforma Política da Câmara dos Deputados, o pernambucano Tadeu Alencar (PSB) aprovou uma audiência pública em Pernambuco, já marcada para o dia 6 de abril, na Assembleia Legislativa, para discutir o projeto que está em discussão no Congresso. “O encontro serve também para colher sugestões para enriquecer a reforma”, disse Alencar.
Prorrogação de mandato – Candidato à reeleição, o presidente da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP), Biu Farias, encampou, ontem, a tese de prorrogação do mandato de prefeitos e vereadores, cujos mandatos vencem o ano que vem, para 2018, com o propósito de coincidir as eleições. “Somos amplamente favoráveis às eleições gerais”, pregou, em discurso na abertura do congresso da Amupe.
Violência em Serra– Com a morte de Gustavo Rafael, o Cocada, suspeito de matar o vereador Cícero Fernandes, em Serra Talhada, sobe para quatro o número de homicídios naquela cidade em menos de 10 dias. O governador já reforçou o policiamento, mas o que se diz por lá é que não vai adiantar nem evitar que novas vidas sejam ceifadas, porque se trata de um conflito entre famílias que parece sem fim.
FEM atrasado– O secretário de Planejamento, Danilo Cabral, explicou, ontem, que prefeitos que não tenham prestado contas do FEM 2 não terão direito ao FEM 3. Mas há casos complicados. A prefeita de Floresta, Rorró Maniçoba (PSB), alega que não prestou contas porque ainda aguarda o Governo liberar a última parcela do FEM 1.
Grito pelo rebanho– Falando em nome da Assembleia Legislativa, ontem, no congresso da Amupe, a deputada Raquel Lyra (PSB) lembrou-se do sofrimento dos pecuaristas e cobrou da União a retomada do programa do milho subsidiado da Conab, suspenso pela presidente Dilma. “Estamos enfrentando a maior seca dos últimos 50 anos e o Governo tem que fazer a sua parte para evitar a dizimação do rebanho”, afirmou.
CURTAS
PALESTRA– O presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, fez palestra, ontem, no seminário da Amupe, sobre estratégias relacionadas a reconstrução da confiança da população nas instituições. Já a economista Tânia Bacelar tratou sobre o cenário da economia nacional.
GASPARZINHO– Embora o congresso da Amupe tenha sido instalado no Centro de Convenções, em território de Olinda, o prefeito Renildo Calheiros (PMDB) não deu o ar da sua graça no evento. Por isso que a oposição só o chama de Gasparzinho.
Perguntar não ofende: Quem vai para o Ministério da Educação no lugar de Cid?