Um consenso estimulado pelo Palácio das Princesas nos últimos meses tem aparecido com maior frequência nas análises e colunas políticas que se debruçam sobre as perspectivas eleitorais deste ano, e a relação de 2012 com a disputa presidencial do ano da Copa no Brasil.
No figurino de encomenda para o governador Eduardo Campos, o PT se separaria, de acordo com essa tese, em duas únicas facções: uma ligada ao chefe da quadrilha do mensalão, José Dirceu, e outra comandada pelo ex-presidente Lula. Eduardo seria o alvo preferencial de Dirceu, que temeria a ascensão do PSB nas eleições municipais, mas contaria com a sólida amizade de Lula, invulnerável até mesmo a eventuais contendas partidárias.
Ora, por melhor que seja a relação entre o ex-presidente e o governador, é difícil imaginar que nenhuma rusga tenha ficado da tumultuada escolha do candidato a prefeito do Recife. E dividir o PT entre o bem e o mal é desconhecer a forte ligação que sempre uniu e continua a unir José Dirceu e Lula – não foi por acaso que este último declarou, na semana passada, que “tinha mais o que fazer” do que acompanhar o julgamento do mensalão no STF. Afinal, Lula sabe muito bem que ele e seu governo também estão sendo julgados, junto com o amigo Dirceu e outros 37 acusados.
A inserção de Eduardo Campos numa pesquisa eleitoral para presidência, como a divulgada pela CNT, ajuda nessa tese, que o PSB quer insuflar, de uma pré-candidatura que seria temida pelos petistas. Mas é cedo demais para afirmar que o partido no poder encontrou no governador de Pernambuco o grande adversário de 2014.
Se o carisma de Eduardo é inegável em terras açucareiras, é difícil transportar o mesmo desempenho, com tanta antecedência, para o plano nacional. Sua taxa de rejeição é baixa como seria a de qualquer neófito colocado numa pesquisa federal. A eleição de Geraldo Júlio é importante para Eduardo, mas a derrota no Recife pode ter várias traduções para o PT, e a principal delas seria a perda de um território conquistado há 12 anos.
O verdadeiro medo do PT é ser alijado do poder, e por isso o efeito eleitoral do mensalão é a principal preocupação do partido no momento. Com todo respeito ao governador de Pernambuco, imaginar qualquer conspiração prematura para retirá-lo de uma eventual corrida presidencial só poder ser brincadeira de bajuladores e aúlicos de plantão.
Como existem, aliás, em qualquer Palácio.
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