A cruzada contra o plágio e a cópia de trabalhos da Internet tem movimentado intensamente professores, escolas e faculdades em todo o mundo. A Universidade de Oxford, na Inglaterra, obriga seus alunos a assinarem, na matrícula, um documento que permite que a universidade tome medidas drásticas, como a expulsão, se o aluno for pego plagiando em algum trabalho.
Em todo o mundo encontramos intensas manifestações de docentes e especialistas em educação, repudiando o plágio em trabalhos acadêmicos e incentivando o uso de medidas punitivas severas contra o estudante plagiador. Softwares especializados em identificar textos plagiados foram criados em diversos países e um Congresso Mundial sobre o tema é realizado a cada dois anos – o “Plagiarism Conference”, que este ano será na Universidade de Northtumbria em Londres.
No Brasil já existe até um site na Internet “em defesa da integridade acadêmica”- o Plágio.Net, que chega até a emitir um “certificado antiplágio” e listar as medidas necessárias para evitá-lo.
Compreender a questão da responsabilidade e da ética (ou falta de) envolvida no plágio é consenso de todos os educadores. Orientar melhor os estudantes para esta questão também. O que não é consenso é a compreensão das causas do problema.
Transferir integralmente para o estudante a responsabilidade sobre o plágio é um erro que vem sendo cometido sistematicamente por educadores de todo o mundo, incapazes que são de compreender a mudança que a tecnologia da informação trouxe para a relação ensino/aprendizagem.
Em momento algum podemos deixar de considerar o erro cometido pelo estudante ao copiar um trabalho e assinar como seu, nem tampouco eximi-lo da responsabilidade de tal ato. O que pretendo mostrar é que o professor também é co-responsável pelo plágio de seu aluno e merece igualmente ser responsabilizado por tal ato.
Se um estudante recebe uma nota zero quando seu professor descobre que o trabalho que foi entregue por ele é copiado da Internet, este professor também merece uma nota zero por ter sido incapaz de formular uma proposta de trabalho que impedisse a copia literal.
Por exemplo: se um professor da disciplina de teoria geral da administração pede a seus alunos que escrevam um texto sobre o Taylorismo e, percebe que parte de seus alunos simplesmente copiaram o texto do primeiro site sobre o assunto que encontraram na Internet, este professor merece mais a nota zero do que os alunos que plagiaram. Ele merece zero porque poderia ter facilmente evitado o plágio e não o fez. Poderia ter pedido aos alunos que descrevessem os princípios Tayloristas utilizados na Farmácia do Zé, o na Padaria do Manoel, ou ainda qualquer outra contextualização que exigisse que o aluno compreendesse o significado do Taylorismo e tivesse que descrevê-lo, de forma aplicada, em um contexto real, praticamente impossível de ser copiado que qualquer lugar na Internet.
Se evitar o plágio por parte dos estudantes é tarefa fácil para o professor, porque então isso não acontece na prática e, ao contrário, vemos uma verdadeira guerra punitiva aos plagiadores?
A resposta a esta questão não é tão simples, mas ousaria dizer que a base do problema reside na falta de preparo dos docentes para uma nova realidade de ensino/aprendizagem que a tecnologia proporciona. O acesso universal à informação exige um novo tipo de professor. Exige alguém preparado para compartilhar, orientar, construir junto e até aprender com seus alunos. O magister dixit e a autoridade de cátedra será enterrada junto com a última geração de docentes que se formou antes do advento da Internet.
Além do despreparo dos docentes bem intencionados, que podem mudar se quiserem, há o problema dos docentes não tão bem intencionados (ainda que sejam minoria), que fazem da guerra contra o plágio uma plataforma pessoal de autopromoção.