Tópicos | 18° JGE

Intimidade definiu uma das grandes apresentações do Janeiro de Grandes Espetáculos - Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco -  deste fim de semana. Logo no sábado (21), no Teatro Capiba, Sesc Casa Amarela, um show intimista e acústico fez o público refém da harmoniosa voz de Geraldo Maia. Sua apresentação, intitulada “Geraldo Canta Chico”, arrancou além de muitos aplausos, alguns sorrisos do público. 

O Intérprete cantou acompanhado a Vinícius Sarmento, também violonista da banda Seu Chico, que tocou com seu violão de sete cordas, os clássicos de Chico Buarque como Geni e o Zepelin, Rosa-dos-ventos e Fortaleza. Fado Tropical arrebatou empolgantes aplausos e Partido Alto fez da plateia um coral que repetia os versos buarquianos “Diz que deu, diz que Deus / Diz que Deus dará”.

Segundo Geraldo, ele sempre interpretou Chico e boa parte desse repertório é o mesmo do tocado em sua adolescência. “Esse show tem certo sentido de retrospectiva e de me religar ao começo de minha história como músico. Hoje, sou um homem que passou por experiências, agora o perfil é outro. Tocar no Janeiro de Grandes Espetáculos é uma vitrine, pois a cada o ano o festival se consolida. Me sinto muito bem em fazer parte desse elenco”, afirma o cantor, satisfeito com seu trabalho.

“Esse repertório de Chico e esse show com o Vinicius, queria que fosse desse jeito, mais intimista. E foi além do esperado, pode ser traiçoeiro, mas é só encontrar o lugar certo de fazê-lo. Hoje tudo contribuiu. O público e a acústica”, afirmou Geraldo. A escolha do teatro foi adequada, proporcionou um clima próximo e envolvente aos espectadores. E mesmo com a baixa iluminação, as várias personagens que Geraldo interpretou - características das narrativas melódicas de Chico Buarque - estiveram sempre em evidência. Mesmo na penumbra, todos estavam atentos a sua face.

O jovem Vinícius, no auge dos seus 20 anos de idade - músico desde os oito -, esteve em um holofote durante a apresentação. Não foi apenas a luz que o evidenciou. Sua habilidade e destreza com as cordas, expressões faciais que transmitiram toda a entrega e a paixão em forma de música também o colocaram em visibilidade. "Toco com Geraldo há dois anos e Chico toco desde cedo, sou fã número um, compro disco... Tocar, dar minha contribuição, isso é maravilhoso", afirma Sarmento. O show seguiu suavemente: voz e cordas entrelaçadas acusticamente, onde cada um tinha seu espaço e, ainda assim, um completava o outro.

A psicóloga Maria Amélia, 66, saiu encantada com o show. “Geraldo é harmonioso, ele tem uma voz linda e canta com muita vontade. Eu já havia assistido ele antes e por saber o quão ele é bom, tive que repetir a dose”, afirmou. O público pediu bis e recebeu de brinde duas músicas, ambas ovacionadas com alegria. Os espectadores saíram contemplados do teatro, e os músicos entusiasmados. 

Romeus e Julietas existem às pencas nos teatros Brasil a fora. Mas a montagem de R&J de Shakespeare - Juventude Interrompida, apresentada nas noites dos dias 17 e 18 (terça e quarta), no Teatro Santa Isabel, no Recife, inteiramente ousada fez a diferença. A peça foi um dos destaques dessa semana no 18º Janeiro de Grandes Espetáculos - Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco.

Por sinal, ousadia não faltou ao dramaturgo norte-americano Joe Calarco, ao escrever em 1997 sua versão para a história de amor mais interpretada de todos os tempos. "Juventude Interrompida" reinventou a maneira de se fazer a tradicional peça - contada a partir de uma escola católica conservadora, e encenada exclusivamente por homens. O diretor do espetáculo que os recifenses puderam conferir, João Fonseca, na sua adptação apostou no básico que toma proporções inestimáveis. 

O figurino de Ruy Cortez, por exemplo, é de uma praticidade e versatilidade desconcertante. A farda da escola dos personagens em cena - um terno vermelho de veludo forrado com cetim dourado - chega até a se tornar o avental da criada. Criada,essa, interpretada divina e caricaturamente por Pablo Sanábio. O ator humoriza as situações mais dramáticas e dá leveza ao andamento da peça.

Falando em ficar a vontade, é hora de ressaltar os protagonistas Romeu e Julieta, interpretados por João Gabriel Vasconcellos e Rodrigo Pandolfo. Em cena, ambos se olham, se enlaçam e se beijam com a sintonia apaixonada da Jovem Capuleto com seu amado Montéquio. O público, parecia sequer pestanejar.

Destaque para o ator coadjuvante Felipe Lima, que encarnou múltiplos personagens, e  assim como seus colegas de palco também brilhou no palco.

Cenário - O cenografista Nello Marrese formulou uma sala de aula com seus quadros verdes e carteiras, que se travestiu a ser igreja, a ser baile, a ser casa. Tudo muito bem distribuído. Os objetos também chamaram atenção - réguas se transformaram em espadas e folhas de papel se tornaram portas e até buquê.

No rastro da trilha - A trilha deu um tom de peculiaridade à montagem. Os rapazes descontraíram com "Rapunzel" de Daniela Mercury,  e emocionaram com "Somewhere" do clássico West Side Story e "Love is in the air", de John Paul Young -  escolhas acertadas de João Bittencourt e André Aquino.

O resultado final é de um espetáculo cheio de paixão, como era de se esperar em se tratando de Romeu & Julieta. Mas com o diferencial da atuação dos atores entregues totalmente a vida de seus personagens. Desde os recatados e rebeldes estudantes aos personagens épicos shakesperianos, que fizeram a platéia se supreender  e ovacionar a arte representada, mesmo que já soubessem o clássico final do histórico romance

Por Olivia de Souza

Dando continuidade à programação do 18º Janeiro de Grandes Espetáculos, nove apresentações, gratuitas e pagas, serão realizadas em diversos pontos do Recife durante o fim de semana. Nesta sexta-feira (13), a Cia. Teatro Líquido, de Porto Alegre (RS), realizará a segunda apresentação de seu “9 mentiras sobre a verdade”, às 19h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Com excelente recepção por parte do público em seu primeiro dia de apresentação, e com duração de 1h, a peça é um monólogo de Vanise Carreiro, sob direção de Gilson Chagas. Os ingressos custam R$ 10 (preço único).

A partir das 21h, o Teatro Hermilo Borba Filho sediará apresentação única dos grupos pernambucanos Peleja e Dante Cia. de Teatro, com “Cordões e Sob a Pele”. Já no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, os cariocas do Brainstorming Entretenimento levarão o “Tango, Bolero e Cha Cha Cha”, também às 21h. O grupo realizará mais duas apresentações, uma no domingo (15), no mesmo horário, e a outra no sábado, a partir das 21h30. Os ingressos custam R$ 10 a R$ 20.

No sábado acontecem duas apresentações. “Urubu Cor de Rosa”, com realização do Grupe Scenas, de Olinda, acontece no Teatro Marco Camarotti, a partir das 16h. “Amor, Acide et Noix”, produzido pelo grupo canadense Daniel Léveillé Danse, começa às 21h, no Teatro de Santa Isabel. O grupo se apresenta de novo no domingo (15), às 19h. No mesmo dia, “Nem Sempre Lila”, do Grupo Quadro de Cena, de Olinda, realiza apresentação única no Teatro Marco Camarotti, às 16h.

PRAÇA DO ARSENAL – A partir desta sexta-feira (13), a Praça do Arsenal, localizada no Bairro do Recife, dará início às suas apresentações, todas gratuitas. Considerado um dos maiores intérpretes do Rei do Baião, o cantor Ed Carlos apresenta o seu show “100 Anos de Gonzagão”, às 20h. No sábado (14) acontece o “Projeto Alegres Bandos – Encontro de Blocos”, uma verdadeira homenagem aos blocos líricos carnavalescos. A partir das 20h a trupe do Veio Mangaba, interpretado pelo ator Walmir Chagas, entra em cena com o espetáculo “No Tablado do Veio Mangaba”, dirigido por ele em parceria com Romildo Moreira.

No domingo (15), a partir das 16h30, a Cia. Brincantes de Circo dá as caras com “Quatro”, um espetáculo de circo, teatro, dança, música e ginástica rítmica desportiva, que aborda os quatro ciclos comemorativos de Pernambuco: carnavalesco, junino, afro e natalino.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando