Tópicos | Abicalçados

Nem mesmo a valorização de 2,7% do dólar frente o real em julho foi capaz de evitar mais uma queda nas exportações brasileiras de calçados. No mês passado foram embarcados 8,24 milhões de pares que proporcionaram receita de US$ 86,36 milhões, 6,3% menos do que em julho de 2013. No acumulado de janeiro a julho, se comparado a igual período do ano passado, a queda foi de 3,1%, sendo embarcados 71,9 milhões de pares por US$ 608,72 milhões.

Os Estados Unidos continuam como principal comprador e entre janeiro e julho somaram US$ 107,14 milhões em compras do Brasil, resultado 3,6% superior ao mesmo período de 2013. Já a Argentina, mesmo em queda brusca nos negócios, mantém-se como segundo mercado do sapato brasileiro. Nos sete meses do ano comprou US$ 44 milhões, 35% a menos do que igual período do ano passado.

##RECOMENDA##

Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), diz que a situação poderia ter sido ainda pior no que se refere ao mercado externo, mas isso não ocorreu graças aos norte-americanos, que no mês passado compraram 8,5% a mais que em julho de 2013.

Para ele, o Brasil está sem condições de competir no exterior. "Mesmo com a valorização gradual do dólar sobre o real não conseguimos melhorar os resultados", afirma. Klein diz que o setor ainda está abalado pela perda da Argentina, o seu segundo principal mercado. E não foram apenas os argentinos que passaram a negociar menos, pois a França - terceiro consumidor do calçado brasileiro, reduziu as compras em 11% de janeiro a julho deste ano.

Entre os Estados exportadores de calçados, o Rio Grande do Sul lidera tendo embarcado, entre janeiro e julho deste ano, 9,8 milhões de pares por US$ 222,93 milhões - queda de 2,7% ante o mesmo período de 2013. O segundo maior exportador é o Ceará, seguido por São Paulo, que viu suas receitas caírem 11% em julho.

Se as exportações caíram, com as importações não foi diferente, sendo registrada queda de 25% em julho. "O resultado reflete a queda no consumo, o endividamento cada vez maior dos brasileiros e uma inflação em alta", explica Klein.

Ele diz que não houve recuperação alguma depois da Copa do Mundo e a expectativa para o futuro não é boa. "A eleição é um fenômeno atípico que, da mesma forma, produzirá efeito negativo nas vendas do varejo. Infelizmente, a previsão é de que 2014 seja um ano complicado para a indústria calçadista do início ao fim".

As exportações brasileiras de calçados no ano passado geraram US$ 1,095 bilhão a balança comercial do país. Foram embarcados no período 122,9 milhões de pares de sapatos, um volume 8,5% maior do que 2012 quando foram vendidos 113,27 milhões de pares. Apesar da elevação no montante exportado, em valores o desempenho do setor em 2013 praticamente repetiu o ano anterior, com o incremente de apenas 0,2%, ante os US$ 1,092 bilhão de 2012. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), durante a realização da Couromoda, em São Paulo.

De acordo com o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, a expectativa para 2014 é conseguir recuperar a competitividade do setor, principalmente no mercado externo. "Depois de amargar fortes perdas nas exportações nos últimos anos, 2014 dá sinais de que as exportações devem recuperar paulatinamente as perdas", afirmou.

##RECOMENDA##

A associação divulgou ainda que apenas em dezembro as vendas externas já mostraram uma certa recuperação. No mês passado, o setor embarcou 12,8 milhões de pares de sapatos, movimentando US$ 108,4 milhões. O resultado representa um acréscimo de 11,3% em volume e de 10,3% em valores em relação a dezembro de 2012.

No acumulado do ano passado, o Brasil importou 39 milhões de pares, ou US$ 572 milhões, uma alta de 9,8% em volume e de 12,5% em valores ante 2012. Apesar da elevação das importações no ano, em dezembro de 2013, as compras do exterior registraram queda de 2,7% em volume e de 18,4% em dólares, ante o mesmo mês do ano anterior. No último mês do ano passado, entraram no País dois milhões de pares de sapatos, gerando US$ 28,4 milhões.

Para Klein, o dólar "num patamar mais realista" ajudou a reduzir as importações. "Acredito que com um câmbio em torno de R$ 2,45 e R$ 2,50 estaremos em uma zona, para a indústria de calçados, bastante adequada e confortável", afirmou.

Balança

De acordo com os dados da Abicalçados, a balança comercial brasileira do setor fechou 2013 em queda, como vem ocorrendo desde 2010. No ano passado, o saldo ficou em US$ 522,9 milhões, 10,5% menos do que o ano anterior. Para Klein, o desempenho é "preocupante". "É necessário que o governo, além de desonerar o setor produtivo de forma contínua, acione mecanismos de defesa comercial contra importações predatórias", afirmou, referindo-se aos produtos chineses.

Para 2014, de acordo com o executivo, a expectativa é que o consumo interno se mantenha estável. "Se conseguirmos repetir a performance de 2013 já terá sido um ganho", disse. "As empresas já percebem esse fato e estão redirecionando o seu plano de negócios para o exterior."

2014

A Abicalçados ainda não tem projeções de crescimento nas exportações para 2014, mas acredita que poderá recuperar parte das perdas de quase US$ 700 milhões dos últimos quatro anos. "Por uma feliz casualidade, nós sempre observamos esses movimentos cíclicos, quando o mercado internacional está difícil, o mercado doméstico em alta. E quando o mercado brasileiro está em baixa nos favorece mercado internacional mais promissor", afirma.

Para Klein, além do dólar mais atrativo ao exportador, a competitividade brasileira passa necessariamente por ajustes na carga tributária e na regulamentação trabalhista. Segundo ele, somente por conta da desoneração de encargos previdenciários e do estabelecimento do programa Reintegra (que previa a devolução de impostos de até 3% ao exportador), medidas tomadas pelo governo em 2012, foi possível manter as exportações em 2013 no mesmo patamar do ano anterior. "Infelizmente houve um recuo e o Reintegra não foi confirmado para 2014", lamentou o dirigente.

De acordo com Klein, o setor trabalha com a pauta permanente de pedir auxílio nas questões de desoneração e na modernização trabalhista. "Quem sabe se com preços atrativos conseguimos retomar aos patamares de exportação de US$ 2 bilhões que tínhamos em 2007."

O Brasil tem 2,229 milhões de pares vendidos para Argentina mas que estão barrados por conta das medidas restritivas impostas pelo país vizinhos aos produtos brasileiros, disse nesta quinta-feira o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. "Todos esses pares foram vendidos, mas estão na fronteira ou estocados", afirmou.

"A Argentina é um mercado altamente promissor. São os principais compradores do Brasil de calçados e outros produtos. Se não fossem as restrições às quais estamos sujeitos, poderíamos vender 25 milhões de pares para a Argentina ao ano. Há uma série de restrições impostas pelo país que fere as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio). Isso é ilegal", avaliou o executivo.

##RECOMENDA##

De acordo com Klein, a associação tem levado ao governo as reivindicações do setor, mas questões diplomáticas impedem uma tomada de decisão mais efetiva. "Estamos indo a Brasília toda semana para levar os pedidos dos empresários", contou.

O executivo revelou que, na semana passada, em reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, ficou claro que o governo pretende endurecer o discurso nas negociações previstas para o dia 12, quando os dois países se reunirão para buscar alguma alternativa de normalização. "Parece que finalmente o governo entendeu que empresas brasileiras, acreditando no acordo entre os dois países, fizeram investimentos e acordos com empresas argentinas e agora não conseguem embarcar seus produtos", finalizou.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando