Em tempos de Copa do Mundo de futebol, as ruas de todo Brasil são decoradas com as cores da bandeira para demonstrar incentivo aos jogadores que vestem a camisa pentacampeã do mundo. Vizinhos se unem para fazer desenhos, confeccionar bandeirolas, colorir o asfalto e as calçadas de seus bairros. A tradição, que marca o período pré-Copa, continua firme a cada quatro anos.
Porém, no que depender das artistas Clara Leff, Sarah Lörenk e Afolego, este costume vai ser ampliado durante a disputa de outra Copa do Mundo: a de futebol feminino. As grafiteiras aproveitaram para homenagear, nos muros da Zona Norte de São Paulo, as atletas que estão no mundial da França. Na parede que também recebe o trabalho do grafiteiro Digão, o Comprido desenhou Phillipe Coutinho e Gabriel Jesus, as grafiteiras ilustrastraram imagens alusivas às jogadoras que representam o Brasil na Copa.
##RECOMENDA##Atuando no grafite há pouco mais de três anos, a artista Clara Leff já tem trabalhos fora do Brasil e mostra seu traço ao homenagear as atletas do futebol feminino. "Me chamaram para pintar este painel e propus que fosse com mais duas artistas de traços completamente diferentes dos meus. Acho importante fazer essa união de mulheres para homenagear outras mulheres", conta ela, que uniu artistas, agências de publicidade e uma fabricante de tintas não só para exaltar o espaço das mulheres no futebol como também na vida cotidiana de seu segmento. "O movimento hip-hop em geral é muito machista então para mulheres fica ainda mais difícil. Cada dia que percebo que estou conseguindo conquistar esse 'espacinho' é uma sensação maravilhosa, mas é sempre uma luta diária, de muita força", complementa.
Convidada por Clara para compor o time que ilustrou o painel em homenagem ao futebol feminino do Brasil, a artista e educadora de arte Afolego avalia a importância do espaço aberto para dar mais visibilidade às esportistas. "A ideia é que esse mural incentive a todos para que pintem as ruas e torçam pela nossa seleção feminina, como sempre é feito na copa masculina", comenta. "Mantenho meu discurso alinhado ao movimento feminista. Vivemos numa sociedade patriarcal, e eu fico imensamente feliz quando as pessoas se identificam com meu trabalho", complementa.
O painel ilustrado pelas grafiteiras está exposto na Rua Jerônimo Souto Maior, 346, Vila Brasilândia, São Paulo – SP.