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A Operação Agro-Fantasma, deflagrada nesta terça-feira, 24, pela Polícia Federal, teve como um dos alvos o diretor de política agrícola da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto. Filiado ao PT, Porto tem entre seus padrinhos políticos o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. A operação investigou suspeitas de desvios de recursos do programa Fome Zero.

De acordo com as investigações, as fraudes ocorriam dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que envolve a compra da produção da agricultura familiar e é um dos principais braços do Fome Zero. Iniciada em 2011, a operação apurou fraudes em 14 municípios paranaenses, algumas delas como a emissão de notas fiscais com quantidade superior de produtos em relação ao que efetivamente foi entregue.

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Porto é filiado ao PT gaúcho e sua permanência na Conab no governo Dilma Rousseff é atribuída a Carvalho. A assessoria do ministro afirma que não há "relação próxima" entre os dois e que Carvalho conhece Porto apenas por sua atuação na administração federal.

O diretor de política agrícola da Conab foi conduzido coercitivamente pela PF para prestar depoimento e indiciado. Diferente do que ocorreu com outros servidores, porém, não houve determinação judicial de seu afastamento do cargo.

Segundo a PF, foram cumpridos na operação 11 mandados de prisão preventiva, sete de suspensão cautelar de função, 37 de busca e apreensão e 37 de condução coercitiva para prestar depoimento. Os afastados são da cúpula da Companhia no Paraná, entre eles o superintendente Luiz Carlos Vissoci. Os crimes investigados são de apropriação indébita previdenciária, estelionato contra a Conab, quadrilha ou bando, falsidade ideológica, ocultação de documento, peculato doloso, peculato culposo, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, condescendência criminosa e violação de sigilo funcional.

Em nota, a Conab diz não ter acesso ao processo, protegido por segredo judicial. Confirma que Porto prestou depoimento, mas diz que ainda aguarda conhecimentos dos autos para se posicionar. Ressalta ainda que a companhia colabora com as investigações desde 2011 tendo fornecido informações e documentos à PF. Destaca ainda que por orientação da Controladoria-Geral da União tem realizado mudanças no programa alvo da operação.

O ministro de Agricultura, Antônio Andrade, disse nesta terça-feira, 24, que a ordem do governo é afastar do cargo qualquer suspeito de envolvimento em fraudes, como ocorreu hoje com o superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Paraná, Luis Carlos Vissoci, apontado por suposta participação em fraudes no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Eu estou aqui na Argentina e tive as informações sobre o caso. Vou ter uma audiência com o presidente da Conab na quinta-feira. Mas nós sugerimos o afastamento imediato dos suspeitos até que o caso seja apurado", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, antes de participar da reunião de abertura do Encontro de Ministros de Agricultura das Américas, que se realiza no município argentino de Campana, província de Buenos Aires, distante 60 quilômetros da capital federal.

"Se forem culpados ficarão fora; se forem inocentes, retornarão aos seus cargos", ressaltou o ministro sem entrar em detalhes sobre o caso, argumentando que não possui todas as informações. "Eu não tenho as informações precisas e acredito que nem o governo tem porque é uma investigação da Polícia Federal", afirmou. As suspeitas envolvem a compra de produtos da agricultura familiar, uma das ações do governo federal no Programa Fome Zero. "Nós vamos apurar tudo e vamos encaminhar as apurações. Esse é o pensamento nosso. Se tem suspeita, afasta, apura", concluiu.

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A Companhia Nacional de Abastecimento disse nesta terça-feira, 24, por meio de nota, que ainda não teve acesso ao processo que desencadeou a operação "Agro-Fantasma", da Polícia Federal, por correr "em segredo de justiça". Estão sendo investigadas irregularidades no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Agricultura Familiar, na modalidade de Compra Direta com Doação Simultânea, operacionalizado pela Conab. "Nesta terça-feira, sete funcionários da Superintendência no Paraná foram afastados de suas funções até a conclusão das investigações pela Polícia Federal. Enquanto isso, a presidência da Companhia nomeou o funcionário Erli de Padua Ribeiro como superintendente substituto da regional do Paraná, para acompanhar as investigações e tomar as providências administrativas cabíveis", diz a empresa no comunicado.

De acordo com a Conab, o diretor de Política Agrícola e Informações da companhia, área responsável pela operacionalização do PAA, prestou esclarecimentos na Polícia Federal e foi liberado, "mas ainda aguarda acesso ao processo para se posicionar". No comunicado, a empresa diz que está colaborando com as investigações da PF desde o princípio do processo, em 2011, fornecendo informações e documentos.

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"Com relação ao Programa de Aquisição de Alimentos, a Companhia informa: Desde 2012, por orientação da CGU, a Companhia tem implementado ações de aprimoramento dos procedimentos operacionais e de controle gerencial do programa, tais como padronização de rotinas procedimentais; implantação de procedimentos de acompanhamento e supervisão das operações; institucionalização de um Plano Nacional de Fiscalização."

Complementa que no sentido de qualificar o Acompanhamento da Execução do Programa de Aquisição de Alimentos, a Conab instituiu em 2013 um Plano Nacional de Fiscalização, por amostragem aleatória, das operações do PAA. "De janeiro a junho deste ano foram vistoriados 240 projetos em 20 estados, de cerca de 2 mil projetos em todo o País", diz.

"Em razão das denúncias que deram origem às investigações da PF, o Estado do Paraná foi considerado prioritário no Plano Nacional de Fiscalização. De 121 projetos no estado, 21 foram fiscalizados pelos técnicos da Conab, sendo 3 projetos considerados regulares, 11 com ressalva, 2 irregulares e 5 projetos que ainda não entraram em execução. Foram visitados 86 produtores, 85 entidades beneficiárias e 19 parceiros", encerra a nota.

A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta terça-feira, 11 mandados de prisão preventiva dentro da operação "Agro-Fantasma", que visa a combater um esquema de desvio de recursos públicos do Programa de Aquisição de Alimentos, repassados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a associações e cooperativas rurais como parte do Programa Fome Zero.

Além dos mandados de prisão preventiva, foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba/PR sete mandados de suspensão cautelar da função pública, 37 mandados de busca e apreensão e 37 mandados de condução coercitiva em 15 municípios do Paraná, em Bauru (SP) e em Três Lagoas (MS).

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Em nota, o Serviço de Comunicação Social da Polícia Federal no Estado do Paraná informa que funcionários que compõem a cúpula da Conab no Estado e fiscais ligados ao grupo estão sendo afastados, "em razão de fortes indícios de participação nos crimes".

A investigação, iniciada em 2011, foi realizada pela Polícia Federal na cidade de Guarapuava (PR), a partir da deflagração de outra operação, denominada Feira Livre, que investigou as fraudes em um dos municípios.

Conforme a PF, foram investigados 22 programas dos anos de 2009 a 2013, nos municípios paranaenses de Guarapuava, Foz do Jordão, Honório Serpa, Candói, Ponta Grossa, Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Inácio Martins, Fernandes Pinheiro, Itapejara D' Oeste, Goioxim, Pinhão e Querência do Norte. Segundo a nota, em todos os programas investigados foram encontradas evidências de desvio de recursos.

Até o momento, 58 pessoas foram indiciadas pelos crimes de apropriação indébita previdenciária, estelionato contra a Conab, quadrilha ou bando, falsidade ideológica, ocultação de documento, peculato e emprego irregular de verbas públicas, todos previstos no Código Penal.

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