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Brasília - O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse hoje (4) que os países da América Latina devem trabalhar juntos para conseguir a "descolonização". Morales discursou durante o encerramento do Foro São Paulo, encontro que reúne os partidos de esquerda latino-americanos. "Se queremos mudar o mundo, temos que começar a mudar a gente e para mudar temos que nos descolonizar do fascismo, do racismo, do mercantilismo e do luxo. Juntos", disse.

Morales lembrou a colonização da América Latina pelos europeus e disse ainda que é preciso avançar nas políticas voltadas para os segmentos "historicamente abandonados" e que os países latino-americanos precisam também descolonizar a Europa da "anarquia do mercado de capital".

"Teremos que descolonizá-los, será outra tarefa que nós teremos", disse. Evo disse que os partidos de esquerda têm a responsabilidade de defender o que chamou de "processos de libertação" na Venezuela, na Nicarágua, na Argentina, no Brasil, no Uruguai, no Equador e na Bolívia. Ele também falou da necessidade de enfrentamento da corrupção e que ele mesmo, inicialmente, não queria fazer política, pois a política era vista como uma atividade de traficantes e pessoas corruptas. "Nossos povos estão cansados de abuso de poder e de autoridade. A política não pode ser para quem a trata como negócio ou em seu [próprio] beneficio. A política é a ciência de servir aos nossos povos", disse Morales.

Morales criticou o sistema capitalista e as políticas neoliberais e falou sobre a situação da Bolívia antes de sua chegada à Presidência. "Tivemos que recuperar os nossos recursos naturais que estavam nas mãos de poucos e retorná-los para o povo. Antes [de nacionalizar os recursos] a gente tinha que pegar empréstimo no Banco Mundial. Depois da nacionalização não foi mais preciso", disse. "Não é possível que nos países da América Latina quem governe sejam os banqueiros e empresários", completou.

No sábado, Morales se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a assessoria do ex-presidente, durante a reunião, que durou uma hora e trinta minutos, foram discutidos temas como a situação política e econômica da América do Sul e a integração do continente. "Principalmente sobre a necessidade de uma integração que não só amplie as trocas comerciais, como aumente o intercâmbio político, cultural e universitário na região", diz a nota. Outro tema debatido pelos dois foi o fortalecimento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a ampliação do Mercosul.

Em mensagem por vídeo aos participantes no evento, a presidenta Dilma Rousseff  disse que os governos de esquerda do continente "não se refugiam em um nacionalismo estreito" e buscam a integração regional. A presidenta falou ainda dos protestos que desde junho têm tomado as ruas do país.

O 19º Foro de São Paulo reuniu cerca de 100 partidos de esquerda da América Latina. Neste domingo, os participantes aprovaram uma resolução de apoio à presidenta Dilma Rousseff e aos movimentos que convocaram os protestos que sacudiram o país em junho. "Avançou e pode avançar mais, foi a reivindicação das manifestações no Brasil, cujas vozes determinam um relançamento das lutas sociais no país", diz a resolução.

O documento afirma que "os próprios partidos de esquerda no governo (no Brasil) e os movimentos sociais" sustentam que os protestos por melhores serviços públicos e transparência na política "comprovam os avanços democráticos conquistados pelo povo brasileiro". O próximo encontro será realizado na Bolívia.




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