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Pesquisadores brasileiros identificaram uma ameba e nomearam ela em homenagem à obra O Senhor dos Aneis, do escritor J.R.R. Tolkien. A tecameba, por apresentar uma carapaça com um formato similar ao do chapéu do mago Gandalf, recebeu o nome científico de Arcella gandalfi. 

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Biocências da Universidade de São Paulo (IB-USP), com o Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Atualmente, existem entre 30 a 45 linhagens de amebas e as tecamebas são as que, ao longo de sua evolução, desenvolveram a habilidade de construir carapaças para se abrigarem. 

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Para o coordenador do projeto, Daniel J.G. Lahr, a descoberta foi rara. "É muito raro encontrar uma espécie nova de ameba porque são organismos muio pequenos, pouco estudados e há pouquíssimos taxonomistas desse grupo no Brasil", explicou.

De acordo com a Fapesp, já há alguns anos o pesquisador recebia uma série de relatos da existência dessa espécie de microorganismo de água doce em diferentes locais do país, como Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Amapá e Rio de Janeiro. O número de espécimes coletadas das amebas, entretanto, era muito baixo, dificultando a análise em laboratório para certificar que se tratava de nova espécie.

Em 2015, a bióloga Jordana de Carvalho e Féres, que atua na identificação taxonômica e análise populacional de organismos zooplanctônicos (aquáticos que não têm capacidade fotossintética e possuem baixa locomoção), procurou Lahr porque havia encontrado a ameba em duas amostras coletadas no Amapá e no Rio de Janeiro, sendo que a última continha 180 espécimes.

As análises seguintes revelaram que a Arcella gandalfia apresenta uma forma de funil que nunca havia sido relatada em nenhuma espécie pertencente ao gênero Arcella. Segundo a FAPESP, o microorganismo apresenta uma cor que varia do amarelo claro ao marrom e tem diâmetro de 81 micrômetros e 71 micrômetros de altura.

Como a Arcella gandalfi está retrista aparentemente à América do Sul e ela possui características morfológicas singulares, pode vir a ser considerada uma nova espécie emblemática, que é reconhecida como particular e própria de uma região específica. 

"A identificação de uma nova espécie de microorganismo no Hemisfério Sul, como é o caso dessa ameba, é uma evidência muito forte de que sua distribuição geográfica seja restrita à região porque no Hemisfério norte os ambientes foram mais profundamente estudados", complementou Lahr. A maior parte das amebas do gênero Arcella tem menos da metade da gandalfi e, geralmente, tem formato de disco. A nova espécie de ameba foi descrita em um artigo publicado na revista Acta Protozoologica. 

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