Tópicos | Anthero Meirelles

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, enfatizou nesta quinta-feira, 1º, que os bancos que atuam no Brasil têm base bastante sólida e de resistência, apesar de cenário adverso da economia. Ele citou o confortável nível de liquidez e desaceleração do ritmo do crescimento do crédito e das captações.

Durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado mais cedo pelo Banco Central, Anthero disse que esse cenário adverso levou à redução da demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores por parte das instituições financeiras.

##RECOMENDA##

2º semestre

O REF prevê que os resultados da intermediação financeira dos bancos que atuam no Brasil devem ser "positivamente impactados" por ajustes nas margens de intermediação, favorecidos por maiores resultados com tesouraria e por ajustes nas taxas de concessão de crédito no segundo semestre deste ano.

"Os bancos devem seguir a tendência de busca por fontes alternativas de receita como seguros, meios de pagamento, cartões e serviços diversos, porém os ganhos adicionais de eficiência devem ser menores", citou o documento. Para o BC, o ambiente econômico deve continuar exercendo pressão sobre os indicadores de inadimplência, com impactos diretos nas despesas de provisão.

Dólar

A desvalorização do real ante o dólar pode suscitar preocupações quanto à capacidade de pagamento das empresas, mas uma avaliação mais detalhada aponta para riscos controlados numa perspectiva agregada do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Este quadro foi desenhado no REF.

"Observa-se que parte significativa da dívida vinculada a moeda estrangeira refere-se a empresas exportadoras, que possuem hedge natural relativo à sua atividade operacional, a companhias que utilizam o mercado de derivativos local para proteger suas exposições, a corporações que pertencem a um grupo econômico com sede no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte financeiro intragrupo, e, ainda, a firmas com ativos no exterior em montante relevante, que possam compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira", citou o documento.

O grupo de devedores que não possui proteção cambial relevante e conhecida é restrito, de acordo com o REF. A exposição em moeda estrangeira dessas empresas aumentou de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro de 2014 para 3,3% em junho de 2015, refletindo a desvalorização do real no período.

Para esse grupo de empresas não exportadoras, sem hedge financeiro identificado, sem suporte intragrupo e sem ativos no exterior, o impacto da variação cambial em suas dívidas pode resultar em fragilidade financeira, de acordo com o BC. Ainda que até o momento não tenha se traduzido em aumento de sua inadimplência no SFN, trata-se de situação "continuamente monitorada" pela instituição, trouxe o REF.

Captações externas

O diretor de Fiscalização do Banco Central analisou que as captações externas não mostraram níveis altos de estresses no primeiro semestre deste ano ao detalhar REF. Ele aproveitou o momento para enfatizar que esse cenário não só vale para a primeira metade do ano, mas que se estende até a atualidade. "Isso não é só sobre o primeiro semestre, mas até hoje", disse durante entrevista coletiva.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, abriu o 4º Congresso Internacional de Gestão de Riscos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), nesta terça-feira, 30, discorrendo sobre a importância da implantação do acordo de Basileia 3. Segundo ele, o acordo foi uma resposta aos problemas causados pela crise financeira internacional de 2008, que, segundo ele, veio com severidade e amplitude global, com uma capacidade grande de destruição de riquezas.

"O que se verificou é que não foi uma crise apenas de aspectos regulatórios, mas também de supervisão. Portanto reforma de Basileia 3 não pode ser vista só como uma mudança regulatória", disse. Meirelles afirmou que a questão principal é que "não podemos economizar esforços para evitar repetição" da crise de 2008. Para ele, o mundo vive até hoje as consequências dessa crise, que foi a maior dos últimos 85 anos. Mas é possível, de acordo com o diretor do BC, mitigar os riscos e caminhar para uma área de maior transparência.

##RECOMENDA##

Ele ponderou que a grande lição da crise é que, para manter a estabilidade, é necessária a união dos vários atores do mercado financeiro. Meirelles destacou ainda que o acordo de Basileia 3 cria novas regras para tornar o sistema financeiro mais resiliente e para reduzir o risco sistêmico em caso de nova crise, além de amparar um crescimento sustentável da economia.

Brasil

Meirelles avaliou que todas as medidas que o acordo de Basileia 3 traz de novo para o sistema bancário não é novidade para o ambiente do Brasil. Isso porque, segundo ele, o País já atende a todos os requerimentos do acordo e até acima do mínimo exigido.

"Tudo que Basileia 3 traz de novo, não é tão novo para o ambiente do Brasil", afirmou durante palestra de abertura do 4º Congresso Internacional de Gestão de Riscos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na capital paulista. Ele disse que o sistema financeiro brasileiro é bastante sofisticado e que exige sistema de regulação a altura.

Ele disse que o sistema bancário brasileiro terá "muito pouca" dificuldade para se adaptar ao acordo de Basileia 3, não só do ponto de vista de capital, mas da filosofia do próprio acordo. Segundo ele, há no Brasil uma legislação que responsabiliza controladores e executivos para responder, em caso de danos, com seu próprio patrimônio.

Meirelles disse ainda que o sistema financeiro do País é bastante sólido e bem capitalizado, com histórico de requerimentos conservadores capazes de fazer a migração para o que propõe o acordo. "O Brasil, pelo que aprendeu de crises anteriores, tem situação favorável para fazer essa migração", declarou.

Governança

Segundo o diretor do BC, os principais esforços que o acordo de Basileia 3 vai requer das instituições financeiras são maior envolvimento da alta administração com a boa governança e planos de gestão de risco. "Esse é o pilar, o ponto de partida. Se tem isso, já tem metade do caminhado andado", afirmou.

Isso porque, de acordo com ele, em caso de liquidação de uma instituição, mesmo que ela não tenha importância sistêmica, há danos no ambiente em que ela atua e deterioração da imagem do sistema. "Mesmo que não haja um interação sistêmica com o sistema financeiro, sempre há algum dano e deterioração de imagem", reforçou. Segundo ele, outros esforços que o acordo vai requer das instituições são aprimoramento da gestão de capital e melhor gerenciamento de liquidez e da alocação de ativos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando