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O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, foi mais um porta-voz da instituição a fazer nesta quinta-feira (1°) uma forte defesa do programa de swaps cambiais que a instituição tem feito para tentar conter a volatilidade do dólar. Ele foi questionado a respeito da efetividade da atuação do BC por meio dessa ferramenta, considerando que houve aumento do endividamento das empresas no exterior no primeiro semestre, conforme informou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado hoje.

"O programa de swap é extremamente importante, porque oferta hedge cambial para a economia como um todo. Tem atingido empresas e investidores internacionais", disse. "O programa visa a proporcionar hedge para a economia em momentos de volatilidade, estresse, ajuste. O programa tem funcionado bem", defendeu.

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O diretor disse ainda que os swaps têm permitido reduzir o risco de descasamento de ativos tanto de empresas brasileiras quanto de investidores no Brasil. "O programa é bem-sucedido e oportuno e tem como lastro as reservas internacionais. Então, dá credibilidade às reservas", mencionou.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, salientou que os índices de inadimplência poderão sofrer "alguma pressão" no segundo semestre, a depender das condições econômicas, conforme sugerem os dados antecedentes sobre esse tema. Mesmo assim, de acordo com ele, o nível de calote deverá se situar em patamares historicamente confortáveis.

A manutenção da inadimplência atual em níveis razoáveis e índices baixos estão associados a algumas razões, conforme o diretor. Um deles é que os bancos vinham optando por conceder créditos mais seguros, como nos segmentos imobiliário e consignado. Assim, o volume de provisões está acima do total de inadimplência. Outra razão é que há um movimento de renegociações e de cessão para fora do sistema financeiro para créditos inadimplentes. Na sua avaliação, "o colchão é capaz de suportar aumento da inadimplência".

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Meirelles acrescentou que foi constatado um aumento do porcentual de endividamento de pessoa jurídica (PJ) no mercado externo no primeiro semestre deste ano, mas não em função de novas operações, e sim por causa da alta do dólar. O diretor enfatizou também que, geralmente, são grandes empresas que tomam recursos no exterior e que muitas vezes há uma proteção natural proveniente do próprio negócio principal da companhia. "Da dívida em moeda estrangeira, há um hedge natural ou financeiro", afirmou durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 01.

Poupança

O diretor de Fiscalização afirmou também haver evidências de que boa parte dos saques de poupança registrados desde o início do ano é proveniente de um grupo considerado como "novos investidores", que tinham escolhido a caderneta no passado como uma forma de aplicação em um momento de maior rentabilidade desta aplicação. Esse é um dos componentes que fazem parte do Índice de Liquidez Estrutural (ILE), que passou a ser publicado hoje no REF.

"Os saques recentes da poupança não mudam sua perspectiva de que se trata de um funding bastante estável", afirmou o diretor. "O depósito de poupança é estável tradicionalmente. Mesmo quando há migração, o depósito de poupança - mais a rentabilidade - tem estabilidade grande historicamente, mesmo em momentos de alta de juros. É muito estável", argumentou.

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, enfatizou nesta quinta-feira, 1º, que os bancos que atuam no Brasil têm base bastante sólida e de resistência, apesar de cenário adverso da economia. Ele citou o confortável nível de liquidez e desaceleração do ritmo do crescimento do crédito e das captações.

Durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado mais cedo pelo Banco Central, Anthero disse que esse cenário adverso levou à redução da demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores por parte das instituições financeiras.

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2º semestre

O REF prevê que os resultados da intermediação financeira dos bancos que atuam no Brasil devem ser "positivamente impactados" por ajustes nas margens de intermediação, favorecidos por maiores resultados com tesouraria e por ajustes nas taxas de concessão de crédito no segundo semestre deste ano.

"Os bancos devem seguir a tendência de busca por fontes alternativas de receita como seguros, meios de pagamento, cartões e serviços diversos, porém os ganhos adicionais de eficiência devem ser menores", citou o documento. Para o BC, o ambiente econômico deve continuar exercendo pressão sobre os indicadores de inadimplência, com impactos diretos nas despesas de provisão.

Dólar

A desvalorização do real ante o dólar pode suscitar preocupações quanto à capacidade de pagamento das empresas, mas uma avaliação mais detalhada aponta para riscos controlados numa perspectiva agregada do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Este quadro foi desenhado no REF.

"Observa-se que parte significativa da dívida vinculada a moeda estrangeira refere-se a empresas exportadoras, que possuem hedge natural relativo à sua atividade operacional, a companhias que utilizam o mercado de derivativos local para proteger suas exposições, a corporações que pertencem a um grupo econômico com sede no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte financeiro intragrupo, e, ainda, a firmas com ativos no exterior em montante relevante, que possam compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira", citou o documento.

O grupo de devedores que não possui proteção cambial relevante e conhecida é restrito, de acordo com o REF. A exposição em moeda estrangeira dessas empresas aumentou de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro de 2014 para 3,3% em junho de 2015, refletindo a desvalorização do real no período.

Para esse grupo de empresas não exportadoras, sem hedge financeiro identificado, sem suporte intragrupo e sem ativos no exterior, o impacto da variação cambial em suas dívidas pode resultar em fragilidade financeira, de acordo com o BC. Ainda que até o momento não tenha se traduzido em aumento de sua inadimplência no SFN, trata-se de situação "continuamente monitorada" pela instituição, trouxe o REF.

Captações externas

O diretor de Fiscalização do Banco Central analisou que as captações externas não mostraram níveis altos de estresses no primeiro semestre deste ano ao detalhar REF. Ele aproveitou o momento para enfatizar que esse cenário não só vale para a primeira metade do ano, mas que se estende até a atualidade. "Isso não é só sobre o primeiro semestre, mas até hoje", disse durante entrevista coletiva.

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