Tópicos | Caminhada dos Terreiros de PE

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Um encontro marcado por celebrações, pedido de respeito e paz foi o clima da 9ª Caminhada dos Terreiros de Pernambuco que aconteceu nesta quarta-feira (4), com concentração no Marco Zero do Recife. Cerca de mil pessoas, entre crianças e idosos, percorreram o trajeto até o Pátio do Carmo.  

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Cláudio Pinho Achogum, organizador do evento, explica que neste ano o público contou com dois trios elétricos entoando músicas religiosas do Candomblé e mais duas freviocas que conduziam os idosos. Pinho ressalta a importância do encontro para a religião Afro. “A Caminhada tem toda importância simbólica, além da tradição por ser a primeira religião do Brasil. O encontro reascende a nossa luta, assim como a de Zumbi”, pontua. 

O organizador explicou que a Caminhada acontece todos os anos no dia 4 de novembro e conta que o diferencial da festa em Pernambuco é o viés puramente religioso. “No nosso evento não são permitidas bebidas, cigarro e todos os cantos são sagrados e entoados para os orixás, nkisi e vodu”, ressalta.

A auxiliar de serviços gerais, Cristiane da Conceição, já faz parte da religião há 13 anos e sempre frequenta a Caminhada. “Nós esperamos todos os anos por esta festa porque ela simboliza o valor que damos à religião. Aqui nós também louvamos aos deuses e àqueles que partiram para outro mundo”, conta. 

Para Michele Miguel, a caminhada é uma afirmação à religião e à cultura, além do respeito ao Candomblé. Ela conta que participa há cinco anos, mas seu terreiro está presente há mais tempo e que junto a ela seu marido e filho também participam. 

As crianças Nathaly e Victor são irmãos e já participaram de duas caminhadas. “Cansa um pouquinho, mas essa é a parte que eu mais gosto”, diz a menina de sete anos que conta entender a importância do evento para a religião. Já seu irmão, de cinco anos, revela que também gosta da celebração final.

Na ocasião, o cantor e compositor pernambucano, Marrom Brasileiro, estava presente e falou com carinho sobre o encontro, além de ressaltar que este é um momento de fé. “Compreendemos que essa caminhada é um ato de fé e acima de tudo de resistência contra o preconceito e a intolerância religiosa e isso é fundamental nessa caminhada: fé e a luta religiosa dos povos de África”. 

Para Mameto Nadja, com nkisi em Iansã Kaiango, esse é um encontro para fortalecer as raízes e ir às ruas. É uma forma de ramar, ou seja, espalhar ramas do Candomblé para outras gerações e reafirmar a força da natureza porque todos os seres humanos são filhos dela. 

A Caminhada seguiu por ruas do Recife, passando pela sede do governo do estado, o Palácio do Campo das Princesas, e foi em direção ao Pátio do Carmo, na área central da cidade. O encerramento foi marcado pela celebração da Jurema Sagrada que, de acordo com o Candomblé, simboliza os pés para caminhar. De acordo com o organizador, essa celebração é tipicamente nordestina. 

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