Tópicos | cargos acumulados

O ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, compareceu à Comissão de Ética Pública da Presidência da República para explicar a sua decisão de permanecer no cargo de vice-governador de São Paulo, acumulando as duas funções. Afif entregou ao conselheiro da comissão, Mauro de Azevedo Menezes, cópia do parecer da divulgado na noite de terça-feira (21), pela Advocacia-Geral da União (AGU), favorável ao acúmulo de cargos.

"Eu trouxe o parecer da AGU, que ajuda a esclarecer os pontos polêmicos de um fato novo, que é a assunção de um vice-governador ao cargo de ministro, para trazer o conforto da legalidade desta posição", justificou Afif, em entrevista, após reunião com o conselheiro Mauro Menezes. De acordo com o ministro, seguindo a orientação da AGU, quando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, viajar, no início de junho, ele (Afif) poderá renunciar ao cargo ou tirar licença por tempo determinado.

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Depois de dizer que, em junho, estará "pronto para auxiliar o meu Estado, cumprindo a tarefa para a qual fui eleito", Afif acrescentou agora que poderá renunciar para evitar problemas, o que levará a presidente Dilma Rousseff a ter de assinar um novo ato nomeando-o novamente ministro. "Aqui a Advocacia fala de licença, mas eu posso perfeitamente renunciar temporariamente para não gerar nenhum tipo de dúvida", afirmou.

Afif voltou a dizer que não se sente constrangido de servir, ao mesmo tempo, ao PSDB, como vice-governador e ao governo Dilma, como ministro, alegando que está trabalhando por uma causa, a defesa das micro e pequenas empresas. "Não sinto (constrangimento) porque é sobre o tema, que é a micro e pequena empresa, que é universal. Portanto, tanto o governador, como a presidência, estão juntos neste tema. Por isso eu fui escolhido", disse.

Questionado se apoiará o PSDB de Aécio Neves ou o PT, com Dilma Rousseff, em 2014, ele desconversou: "Continuo como ministro, porque não sou candidato". Diante da insistência se ficava com PT ou PSDB, Afif respondeu: "A tendência do meu partido, quem responde, é o presidente do meu partido. Eu, como ministro, não faço política partidária. Como ministro, faço política em favor da micro e pequena empresa".

Apesar de ter sido cobrado, na segunda-feira, 20, pela Comissão de Ética, sobre a entrega da Declaração Confidencial de Informações (DCI), Afif Domingos disse que ainda não entregou os documentos e que estava ouvindo as explicações do órgão. O prazo, na verdade, venceu no dia 19 de maio, dez dias após a sua posse.

Comissão de Ética

O conselheiro Mauro de Azevedo Menezes, que representava a Comissão de Ética na reunião com Afif, elogiou o gesto de prestígio do ministro ao colegiado, mas não quis adiantar a posição dos integrantes, alegando que o tema só será discutido na reunião do dia 17 de junho. "A comissão vai examinar a documentação preliminar trazida pelo ministro, que consiste num parecer da Advocacia-Geral da União", comentou Menezes. Ele acrescentou que "a comissão agora, com base na documentação trazida pelo ministro e nas informações complementares que foram pedidas, examinará se abrirá ou não um procedimento por considerar haver indícios de irregularidade". E emendou: "Por ora, ainda não podemos antecipar um juízo, porque é um juízo feito colegiadamente pela comissão".

Questionado se considerava aético servir ao PSDB e ao PT, ao mesmo tempo, Mauro Menezes lembrou que existe o juízo jurídico, feito até pela AGU, "que é um juízo distinto, de natureza jurídica". Mas, ressaltou que "o juízo político cabe às forças políticas, à correlação de forças sociais que tem a liberdade de se pronunciar sobre os passos de cada um das figuras que ocupam ministérios em nosso País".

Segundo Menezes, "haverá um exame formal" e , na próxima reunião, a totalidade dessa documentação será analisada e fará "um juízo formal comparando e confrontando a legislação ética com as explicações e os elementos trazidos pelo ministro".

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