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O boletim de previsão de riscos de eventos geo-hidrológicos emitido para a segunda-feira, 5, pelo Centro Nacional de Monitoração e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) destaca haver possibilidade "alta" de inundações, enxurradas e alagamentos na mesorregião metropolitana do Rio (incluindo Petrópolis) e no sul fluminense. O Estado foi atingido por chuvas intensas nos últimos dias, com deslizamentos e registros de 16 mortos, a maioria em Angra dos Reis e Paraty. A busca por desaparecidos continua.

"A previsão indica a continuidade de pancadas de chuva. Somado aos elevados acumulados preexistentes, o cenário de risco hidrológico nestas áreas tende a se agravar devido às características do relevo, córregos canalizados e alta vulnerabilidade da região", aponta. A classificação é a mesma para o litoral norte paulista e o Vale do Paraíba.

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Além disso, quase todo o território do Rio de Janeiro e parte do litoral norte de São Paulo estão com alerta de "perigo" até as 11 horas de segunda-feira, 4, no sistema de notificação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para "acumulado de chuva". "Chuva entre 30 a 60 mm/h ou 50 a 100 mm/dia. Risco de alagamentos, deslizamentos de encostas, transbordamentos de rios, em cidades com tais áreas de risco", aponta.

Os moradores dos morros do Recife agora possuem mais uma tecnologia contra o perigo dos deslizamentos. Desde a última segunda-feira (25), técnicos da Defesa Civil começaram a instalar os sensores geotécnicos, prismas que identificam os momentos que antecedem o deslizamento de barreiras.

Com o funcionamento do equipamento, será possível saber com antecedência a possibilidade de queda de barreira, fazendo, então, a evacuação dos moradores. Deverão ser implantados 100 equipamentos em um raio de 2,8 km.

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Para fazer a leitura dos prismas, será instalado o equipamento principal, a Estação Total Robotizada (ETR), nas dependências da Escola Estadual Lagoa Encantada, no Ibura, na Zona Sul do Recife. A estação emite um sinal infravermelho que é refletido nos 100 espelhos instalados nos morros e encostas. Através desses sinais, será possível captar pequenas movimentações de terras, abrangendo uma área circundada de encostas em 360 graus.

Esta será a primeira ETR do Nordeste. Segundo a Defesa Civil, os equipamentos são de alta tecnologia e já operam em Mauá e Santos, em São Paulo; Blumenau, em Santa Catarina; Petrópolis, Nova Friburgo e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Salvador-BA e Teresópolis (RJ) serão os próximos municípios a receber os sensores geotécnicos.

A seleção dos municípios vulneráveis a risco de deslizamentos para a instalação dos sensores é feita com base no histórico de desastres naturais e de seus impactos sociais e econômicos da região. De acordo com a Defesa Civil, a ordem de instalação foi dada pelo fator climático de cada região. Após a instalação dos sensores, acontece a etapa de configuração e ajustes técnicos dos equipamentos para que ocorra a transmissão de dados ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em São Paulo.

Recife já tem parceria com o Cemaden, com 20 pluviômetros automáticos instalados em locais próximos a áreas de risco de desastres naturais, além de 24 pluviômetros semiautomáticos do Projeto Pluviômetros nas Comunidades. Esses equipamentos podem medir, em milímetros, a quantidade de chuva precipitada, durante um determinado tempo e local.

Dentro do projeto de Monitoramento de Morros para Prevenção de Riscos e Deslizamentos do Cemaden, os municípios recebem a Estação Total Robotizada acompanhada de 100 prismas na primeira etapa e, na segunda etapa, um conjunto de equipamentos de monitoramento, composto por 15 plataformas de coleta de dados. Cada plataforma é integrada de um pluviômetro e seis sensores de umidade do solo, responsáveis por coletar dados sobre quantidade de chuvas acumuladas e de água no solo. 

Morte - No dia 17 de abril, uma barreira deslizou no Alto José Bonifácio, na Zona Norte do Recife, e um morador faleceu. Essa foi a primeira morte por deslizamento em 2016.

Projeções feitas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, mostram que o Sistema Cantareira pode recuperar o volume morto ainda neste ano. Caso chova dentro da média histórica nos próximos meses, aponta a simulação, o principal manancial paulista voltará a operar no azul (acima do nível zero) a partir de 22 de dezembro.

Neste cenário, segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal, excluindo as reservas profundas. Uma situação bem mais confortável que a registrada no mesmo período durante a crise hídrica: -10,3% em março deste ano, e 13,4% em 2014. No ano pré-crise (2013), o índice estava em 62,1% naquela data.

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O volume morto começou a ser usado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em maio de 2014 como uma saída do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para não decretar rodízio no abastecimento de água para a região metropolitana, onde 8,8 milhões de pessoas dependiam do Cantareira antes da crise. Em um ano, a operação que bombeia a reserva estocada abaixo do nível das comportas já havia consumido R$ 120 milhões, incluindo as obras físicas.

As projeções do Cemaden constam do relatório do dia 8. O órgão, que faz esse monitoramento desde maio de 2014, considerou em seus cálculos que o volume de água retirado do Cantareira para atender a Grande São Paulo e a região de Campinas seja de 17 mil litros por segundo neste mês (a média atual é de 14,8 mil l/s), 13,5 mil l/s em novembro, conforme determinação dos órgãos reguladores, e 17 mil l/s entre dezembro e março.

Segundo as simulações, feitas com base em dados diários de precipitação e evapotranspiração potencial da água no manancial, o Cantareira pode recuperar o volume morto ainda mais rápido, em 63 dias, caso chova 25% acima da média nos próximos meses, e em 53 dias, se a chuva superar o esperado em 50%. Neste último caso, o sistema chegaria ao final de março com 100% da capacidade, segundo o Cemaden.

Dados da Sabesp mostram que na última estação chuvosa, de outubro de 2014 a março deste ano, choveu no Cantareira 1.020 milímetros, 16,3% abaixo da média histórica (1.161 mm). Já na estação seca, de abril a setembro, o cenário melhorou e a precipitação acumulada na região foi apenas 2,1% abaixo do esperado, 389,3 mm, ante 397,5 mm de média. Neste mês, até a última sexta-feira, havia chovido 32,4% do esperado.

Mesmo se chover 25% abaixo do esperado nos próximos meses, mantida a exploração do sistema, com o racionamento de água feito na Grande São Paulo, o Cantareira pode recuperar o volume morto em 108 dias, ou seja, no dia 24 de janeiro, situação melhor do que a registrada na mesma data este ano. Caso as chuvas fiquem 50% abaixo da média, a primeira cota do volume morto deve durar 176 dias. Ou seja, no início de abril de 2016, o sistema voltaria a usar a segunda reserva, que foi recuperada em fevereiro deste ano.

Contraponto

Projeções do especialista em recursos hídricos Samuel Barrêto, gerente da ONG internacional The Nature Conservancy (TNC), mostram um cenário futuro para o Cantareira menos otimista do que os apresentados pelo Cemaden. Segundo ele, se chover dentro do esperado nos próximos meses, o sistema só deve atingir 40% da capacidade, considerado o nível de segurança do manancial, entre 2018 e 2020. "Essa projeção considera o padrão histórico de precipitação e o padrão atual de consumo de água. Por isso é importante o alerta para a população de que a crise não passou e as pessoas devem continuar mobilizadas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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