Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) aponta que a mão de obra foi o principal item dos custos de produção de citros no Estado de São Paulo na safra 2011/2012, com 22% das despesas nos pomares. Se forem considerados somente os desembolsos e forem excluídos os custos financeiros, despesas gerais e depreciações, a proporção da mão de obra sobe para 38% dos gastos totais.
Segundo a pesquisadora Margarete Boteon, do Cepea/Esalq, a colheita manual é o que mais onera o citricultor. Dados apontam que, em 2001, o produtor tinha que vender à indústria 22 caixas de laranja para pagar um salário mínimo. Em 2011, essa relação subiu para 47 caixas. Segundo a pesquisadora, o peso da mão de obra sobre o custo de produção da laranja deve crescer, já que as projeções para o salário mínimo apontam valores de R$ 667,75 para 2013, R$ 729,20 para 2014 e R$ 803,93 para 2015, ou 30% superior ao deste ano.
##RECOMENDA##Ainda segundo a pesquisadora, paralelamente ao encarecimento da mão de obra, o setor produtivo enfrenta também a escassez de trabalhadores, sobretudo devido à competição com a construção civil. Enquanto isso, a colheita mecânica da fruta ainda é lenta nos pomares.
O levantamento aponta ainda o impacto do aumento do uso de defensivos, principalmente de inseticidas para o controle do greening (HLB) e de doenças como a pinta-preta. Para a safra 2012/2013 - com a restrição ao uso do fungicida carbendazim após os Estados Unidos proibirem a entrada de suco da fruta tratada com o produto -, o custo de produção deve crescer diante da necessidade do uso de fungicidas com ingredientes ativos mais caros.
Os dados apontam ainda que riscos da citricultura e os seus custos em alta podem fazer com que o produtor considere a opção de diversificar suas atividades ou até migrar integralmente para a cana-de-açúcar em boa parte dos polos citrícolas de São Paulo. Segundo Margarete, em 2008/2009 o arrendamento da cana valia em torno de R$ 500,00/hectare nas regiões citrícolas e atingiu R$ 1.200,00/hectare, em média, em 2011/2012.
"Isso significa que, no mínimo, a laranja deve proporcionar lucro líquido (receita bruta menos custo total - despesas e depreciações) acima do arrendamento da cana para tornar a atividade sustentável", informou a pesquisadora.
Na safra 2011/2012, uma tonelada de cana-de-açúcar equivaleu a 5,8 caixas de laranja (de 40,8 quilos) comercializadas com a indústria. Esse é o maior patamar de valorização da cana em relação à laranja nos últimos 11 anos. Em 2001/2002, uma tonelada de cana valia 3,6 caixas de laranja.