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Os empresários envolvidos no financiamento de órgão de segurança da ditadura militar eram movidos pelo receio de que os grupos de esquerda conseguissem instalar no Brasil um regime comunista. Também tinham receio de ações armadas da esquerda que tinham como alvo dirigentes de empresas e de entidades patronais. É o que dizem militares e policiais que trabalharam no Destacamento de Operações de Informações (DOI), do 2.º Exército.

Eles citam como exemplo de ação contra os empresários o assassinato de Henning Albert Boilensen, o executivo da Ultragaz que foi metralhado nos Jardins, na zona sul de São Paulo, em 1971 por um comando formado por integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT). Boilensen era acusado pela guerrilha de acompanhar sessões de tortura no DOI - dos participantes da execução, apenas um guerrilheiro escapou vivo da repressão.

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Além do medo de ser assassinado, muitos empresários tinham receio de serem alvo de sequestros. Pelo menos um deles, Theobaldo De Nigris, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), esteve em uma lista preparada pela guerrilha como possível alvo de sequestro naquele ano ao lado do então comandante do 2.º Exército, general Humberto de Souza Mello. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado vão visitar o quartel do exército onde funcionou Departamento de Operações e Informações (DOI) do 1º Exército durante a ditadura militar, no Rio de Janeiro. Vetados, em agosto, de entrar no local, membros da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade do Rio estarão com os senadores. No local, ocorreram torturas e mortes de opositores do regime.

A visita dos parlamentares, marcada para 12 de setembro, foi negociada com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e com o comandante do Exército, Enzo Peri. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e João Capiberibe (PSB-AP), presidente da subcomissão da Memória, Verdade e Justiça da CDH, estiveram na reunião, na última terça-feira, 3, em que foi acertado o convite do general.

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Antes dessa autorização formal, a comissão já havia aprovado um requerimento para fazer uma diligência no local. Agora, a ida foi transformada em convite pela Defesa e aprovada nesta quinta-feira, 5, em requerimento durante reunião da CDH.

Barrados

Integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio foram impedidos de entrar no DOI pelo Comando Militar do Leste. A visita foi proibida sob o argumento de que a comissão não tem respaldo legal para fazer diligência em área administrada pelo governo federal. O presidente da comissão, Wadih Damous, disse na época que o Exército havia sido notificado sobre a visita, mas informou que não permitiria a entrada.

A intenção da comissão é pressionar para que o prédio seja tombado e se torne centro de memória sobre a tortura praticada durante o regime militar. Registros e testemunhos apontam que foi no antigo DOI que o ex-deputado Rubens Paiva foi preso, torturado e morto.

Segundo Capiberibe, o general demonstrou preocupação com a ida dos membros da Comissão da Verdade e tinha preferência pela ideia de uma comitiva integrada apenas por parlamentares. O senador, contudo, destacou a necessidade da presença da comissão e disse que pretende trabalhar para "o resgate e a preservação da memória do período ditatorial, que deve servir como instrumento de conscientização sobre a importância de democracia, para que fatos semelhantes não voltem a acontecer".

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