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Estrategistas falam o óbvio? Por várias vezes, alguém chegou para mim e disse: “Mas isto é óbvio”. Respondi de imediato: “Mas é óbvio agora, após o evento ter ocorrido e se consolidado”. Analisar os eventos após a ocorrência é tarefa fácil. Mas sugerir a ocorrência de eventos futuros é tarefa árdua. Portanto, algo é óbvio quando ele já ocorreu ou quando alguém mostra.

O óbvio precisa ser dito. E só descobrirmos que ele é óbvio quando alguém revela o óbvio. Nem sempre o óbvio é identificado. Ou vislumbrado. Apesar de o evento ser óbvio, nem todos prevêem ou identificam o óbvio.

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Fenômenos eleitorais são óbvios quando acontecem e, por consequência, são identificados. Ora, mas por que o analista não identificou ou prognosticou o fenômeno eleitoral óbvio antecipadamente? As pesquisas qualitativas e quantitativas quando bem feitas e adequadamente interpretadas possibilitam a identificação ou a previsão do óbvio.

Existe a hipótese óbvia. Por exemplo: Lula será candidato em 2014. Esta assertiva é uma hipótese óbvia, mas que poderá ser falseada. Os autores desta hipótese óbvia partem da premissa de que mutações nas escolhas dos indivíduos não ocorrem. E que o eleitor é passivo. No caso, ele não consegue construir um raciocínio mínimo sobre um candidato. O eleitor, em 2014, irá perguntar: se Dilma vai bem, qual é a razão de Lula voltar? Ou, se Dilma vai mal, a responsabilidade não é de Lula?

Os mentores da hipótese óbvia não têm capacidade preditiva e não desenvolve análise conjuntural. Para ele, o comportamento dos indivíduos e suas escolhas são estanques. No caso, não variam. Engano!

Existe outra hipótese óbvia na praça. Qual seja: João da Costa não tem condições de ser reeleito. Saliento, que toda hipótese óbvia carece de formulação adequada. Por que João da Costa não tem condições de ser reeleito? Os sujeitos que disseminam tal hipótese desconhece o poder da máquina pública e das estratégias de comunicação. Ambas influenciam fortemente na escolha do eleitor.

Em 2014, os formuladores da hipótese óbvia irão dizer: “Lula não é candidato, Adriano. Isto é óbvio”. Se João da Costa for reeleito (A oposição com dois candidatos tem condições de vencer a disputa), alguém vai me dizer: “Também, com a máquina na mão, que não é reeleito? Isto é óbvio”.

Os exemplos acima mostram que o óbvio surgiu após o fato. Proponho que os analistas e estrategistas consigam identificar e prognosticar o óbvio. Pois depois do fato ocorrido, ele passa a ser óbvio. E isto é óbvio!

Eleitores escolhem com base em benefícios de curto prazo. Deste modo, eleitores não consideram o que virá em longo prazo. Eleitores avaliam o presente, e a partir deste, vislumbra um futuro curto. No caso, a visão dos eleitores não considera o longo prazo. Mas o curto prazo e, no máximo, o médio prazo.

As assertivas mostradas acima devem ser consideradas como hipóteses. Ressalto, entretanto, que a literatura sobre comportamento eleitoral afirma que o bem-estar econômico possibilita a boa avaliação dos governantes. Por conseqüência, eles adquirem condições de ser reeleitos. Portanto, o bem-estar econômico explica fortemente a reeleição de presidentes.

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Se o bem-estar econômico explica fortemente a reeleição de presidentes, qual é a importância de outras variáveis? Por muito tempo, ideologia e preferência partidária foram variáveis utilizadas por politólogos para explicar a escolha do eleitor. Recentemente, variados cientistas políticos mostraram, através de trabalhos empíricos, o desuso destas variáveis.

Existe na literatura sobre comportamento eleitoral, a predominância das seguintes variáveis para explicar a escolha dos eleitores: bem-estar econômico, avaliação da administração, imagem e emoções. Reconheço a importância destas variáveis. E considero que elas estão interligadas.

Eleitores aprovam a gestão do presidente em razão do bem-estar econômico. Diante deste contexto, os estrategistas adquirem condições de construir estratégias de comunicação utilizando os determinantes imagem e emoções.

De que modo o candidato deve se dirigir aos eleitores e contagiá-los em razão do bem-estar econômico? Esta é a principal indagação do estrategista antes de construir as estratégias eleitorais.

Estratégias eleitorais precisam explorar a imagem dos candidatos. Se os eleitores estão felizes com a sua situação econômica, o competidor deve associar a sua imagem qualificativos como “preparo” e “competência”. No caso, “preparo para manter o bem-estar econômico dos brasileiros”; “Competência para enfrentar as conseqüências da crise econômica presente em outros países”.

Candidatos também precisam emocionar. Deste modo, pesquisas qualitativas e quantitativas identificam termos ou gestos que emocionam os eleitores. Com isto, o discurso do candidato conterá termos e gestos que emocionam os eleitores.

A predominância das variáveis bem-estar econômico, avaliação da administração, imagem e emoções nas explicações das escolhas do eleitor comprovam a minha hipótese sugerida no início deste artigo: eleitores fazem escolhas considerando o presente e o curto prazo. Portanto, não adianta, infelizmente, candidatos explorarem “fortemente” em suas estratégias um projeto para o país em longo prazo.

A crise política que quase entornou o caldo da governabilidade fez a presidente Dilma Rousseff adotar novo estilo. A partir de agora, sua estratégia de comunicação vai mudar. Habituada a cultivar a imagem de "gerentona", Dilma sairá mais do gabinete. A ideia é divulgar os programas da Esplanada em viagens e promover reuniões periódicas com os aliados no Congresso.

De olho no apoio da população para possíveis medidas duras que ainda terá de tomar, tanto na seara política como na econômica, ela já começou a agir para fisgar a classe média e conquistar os movimentos sociais.

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A reação foi preparada sob medida para afastar a impressão de que o governo está paralisado pela tormenta provocada por escândalos de corrupção e degola de quatro ministros em pouco mais de dois meses. Nesta semana, por exemplo, Dilma fará um giro por sete cidades, em quatro Estados (Pernambuco, Minas, Rio e Rio Grande do Sul), e participará de nove atividades.

No jantar com deputados e senadores do PMDB, oferecido pelo vice Michel Temer, na terça-feira passada, Dilma não só afagou os parlamentares como mostrou estar disposta a curar as feridas na coalizão. "Ninguém vai me intrigar com o PMDB", avisou, segundo parlamentares que participaram do convescote, no Palácio do Jaburu.

Diante da disputa de hegemonia pelo controle do governo, travada entre o PT e o PMDB - os dois maiores partidos da base aliada -, Dilma teve de assumir as rédeas da coordenação política do Planalto.

Por ordem da presidente, seus auxiliares tentam agora trazer o PR do senador Alfredo Nascimento - ministro defenestrado dos Transportes - de volta para a aliança governista.

Para o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), a receita para afastar a turbulência é boca fechada. Na tentativa de conter a rebelião do PP na Câmara, que pôs na linha de tiro o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP) - acusado de oferecer R$ 30 mil a deputados para ter de volta o controle da bancada -, Dornelles enquadrou o partido. "Crise política se resolve com silêncio, trabalho e pouca reunião", ordenou.

Palanques

O retorno aos palanques está previsto para amanhã, quando a presidente viaja para Cupira (PE), no agreste pernambucano. Lá, ela vai assinar ordem de serviço para a construção de duas barragens, além de um convênio para financiar moradias. Depois, irá para Garanhuns (PE), cidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde participará da aula inaugural do curso de Medicina da Universidade de Pernambuco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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