Tópicos | Evelyn Castro

Doses de groove e improviso regados a um bom humor tomaram conta do Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Olinda, neste sábado (5). O local foi palco do elogiado musical Tim Maia-Vale Tudo, que retornou a Pernambuco em duas sessões: uma às 17h30 e outra às 21h30. O espetáculo mostra a história do Síndico do Brasil com seus altos e baixos, passando pela sua adolescência até seus últimos dias de vida.

O musical é uma adaptação da biografia Vale Tudo- O Som e a Fúria de Tim Maia, escrita por Nelson Motta, que também assume a autoria do espetáculo. Dirigido por João Fonseca, a vida do cantor é contada e encenada por 11 atores, entre eles Danilo de Moura, que incorpora o estilo e o gingado de Tim Maia. Até 2012, quem vivia o músico era Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos. O ator deu adeus ao espetáculo para se dedicar à televisão.

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Antes mesmo de Tim Maia- Vale Tudo começar, o público já entrava no clima com as músicas do Síndico sendo tocadas no teatro. A primeira sessão não lotou o local, mas a ansiedade tomou conta de todos os presentes e parte da plateia pedia com palmas para que o espetáculo tivesse início. Até que a banda de apoio abriu o musical com os acordes de Não quero dinheiro. De cara, o público se deparou com Tim Maia em sua última fase de vida, com grande reconhecimento musical, mas também, sucessivas bebedeiras. 

Para iniciar a história, o musical parte do fim. Momentos antes de sua morte, Tim Maia vê toda sua vida diante de seus olhos. E assim o espetáculo começa transitando pela sua adolescência, na qual foi apelidado de Tião Marmiteiro, e segue com outras aventuras do músico. A história é narrada tanto em terceira pessoa como em primeira. Esse método aproxima mais os atores do público, fazendo com que haja mais interação entre eles. 

Com muito humor e improviso, os atores dão vida a artistas consagrados da música brasileira como Roberto e Erasmo Carlos, Jorge Benjor, Elis Regina, Edu Lobo e Chico Buarque. São várias trocas de cenário, através de adereços e acessórios que não atrapalham o andamento do espetáculo. A música de Tim guia toda a história com grandes sucessos passando desde Do leme ao pontal a Eu amo você, canção esta que fez parte de um dos melhores momentos do musical, no qual Tim se declara para sua amada Janete.

O ápice do espetáculo foi durante o período de Tim Maia em Nova York (EUA). Lá, o músico foi morar com uma família bem esquisita, mas que conquistou e arrancou boas risadas do público. Os personagens vividos pela atriz e cantora Evelyn Castro (finalista do Fama 4) ganharam o carisma da plateia, com seus improvisos passando pelo frevo até piadas relacionadas aos tubarões do Recife. Outro momento que conquistou a plateia foi no dueto de Tim Maia e Elis Regina. Danilo de Moura e a atriz Izabella Bicalho utilizam seus dons musicais para interpretarem um dos momentos mais importantes da música brasileira. 

Acompanhado da namorada, Paulo Fernando, de 21 anos, ficou encantado com o musical. Ele soube do espetáculo quando ainda era estrelado por Tiago Abravanel. “Estou emocionado com a peça”, conta Paulo que também destaca a produção do musical. “A capacidade de improvisação, a técnica, a voz, a química entre eles, tudo eu estou achando maravilhoso”, revela Paulo Fernando.

O espetáculo ainda aborda a fase da crença de Tim Maia pela ideologia Racional Superior. Nesse momento, o cenário e o figurino ficam todos brancos. Depois o musical entra na fase da Disco Music dos anos 1970 e segue até os momentos finais da vida do Síndico na década de 1990.

Em certos momentos da primeira sessão, os microfones de alguns atores apresentaram falhas técnicas que foram perceptíveis. Mas, isso não apagou o brilho dos artistas no palco e o problema rapidamente foi resolvido. Enfim, Tim Maia-Vale Tudo é uma verdadeira aula sobre a música brasileira e mantém viva a história desse grande artista.

 

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