Tópicos | Francisco de Paula Victor

O papa Francisco autorizou, na sexta-feira, 5, a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto de beatificação

do padre Francisco de Paula Victor, mineiro da cidade de Campanha, onde nasceu em 12 de abril de 1827. Ele era um jovem sapateiro quando se matriculou no Seminário de Mariana e, durante seus estudos, sofreu discriminação dos colegas, por ser negro e filho de escravos.

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Dedicou a vida aos pobres, ficou conhecido em sua região por sua caridade e morreu com fama de santidade em 23 de setembro de 1905. Nos três dias em que durou o velório, seu corpo exalava suave perfume, conforme relatos de testemunhas da época. O papa reconheceu a autenticidade de um milagre atribuído ao padre Victor, a cura inexplicável de um morador da cidade, analisada por uma junta médica do Vaticano e por uma comissão de teólogos. A beatificação, que dá aos beatos um culto restrito, é o último passo para a canonização, de culto universal.

Padre Victor, cuja beatificação será celebrada provavelmente em Três Pontas, será o segundo santo da Diocese de Campanha.

Em maio de 2013, Nhá Chica (Francisca de Paula de Jesus) foi proclamada beata em Baependi, onde viveu e está sepultada. Também negra e filha de mãe escrava, ela nasceu em 1808 em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João Del Rey. Morreu em 1895. O Brasil tem seis santos e 79 beatos reconhecidos pela Igreja.

O único santo de nacionalidade brasileira é Frei Antônio Galvão, nascido em Guaratinguetá. Padre José de Anchieta, canonizado em abril de 2014, era espanhol das Ilhas Canárias. Os outros quatro são Madre Paulina, italiana que emigrou aos nove anos para Santa Catarina, e três missionários jesuítas - o paraguaio Roque González e os espanhóis Afonso Rodriguez e João de Castilhos, martirizados no século 17 nas Reduções, atualmente território do Rio Grande do Sul.

Um dos próximos beatos brasileiros deverá ser o padre Francisco de Paula Victor, negro e descendente de escravos como Nhá Chica, beatificada na tarde deste sábado em Baependi, onde viveu mais de 70 anos. Mineiro de Três Pontas, padre Victor nasceu em 1827 e morreu em 1905. Seu processo de beatificação começou junto com o de Nhá Chica, em 1992. O Vaticano já reconheceu suas virtudes heroicas, o que lhe valeu o título de venerável.

"Falta agora a aprovação de um milagre", disse o postulador da causa, o advogado italiano Paolo Vilotta, que chegou de manhã a Caxambu, cidade a seis quilômetros de Baependi, em companhia do cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que veio de Roma para presidir a cerimônia de beatificação.

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O bispo d. Diamantino Prata de Carvalho, da Diocese de Campanha, a qual pertencem as cidades de Baependi e de Três Pontas, está entusiasmado com a possibilidade de poder contar em breve com dois santos na região. "É muito bom para o Sul de Minas e para todo o Brasil", comentou em Caxambu, após ter desembarcado com o cardeal Amato em Caxambu.

Sobre as expectativas de políticos e comerciantes que preveem um crescimento do turismo nas cidades do Circuito das Águas, que inclui também São Lourenço, Campanha, Cambuquira e Lambari, d. Diamantino admite que a situação vai melhorar. "Aliás, o progresso já começou, basta ver como as estradas foram recuperadas", brincou.

Baependi deverá entrar, com a Beata Nhá Chica, no roteiro religioso de Aparecida e Guaratinguetá, cidades respectivamente do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e de Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, que ficam a 140 quilômetros de distância. "Não se pode comparar com Aparecida, nem queremos isso, mas com certeza Nhá Chica vai atrair muitos devotos", disse d. Diamantino.

O entusiasmo é geral. As ruas de Baependi, de cerca de 19 mil habitantes, foram enfeitadas de amarelo e branco, as cores da Santa Santa Sé, com bandeirolas, faixas e cartazes espalhadas por toda parte. Milhares de devotos chegaram de outras cidades de Minas e de Estados vizinhos em caravanas. O centro de Baependi foi fechado, com acesso apenas para veículos cadastrados. Os visitantes foram aconselhados a utilizar transporte coletivo.

A Igreja preparou os fiéis para a beatificação com uma vigília de orações de Baependi, depois de uma procissão, na véspera à noite, pelas ruas centrais. Foi uma procissão solene na qual d. Diamantino levou o Santíssimo Sacramento (a hóstia consagrada), desde o Santuário de Nhá Chica até a matriz. Uma banda de música executou dobrados durante a cerimônia, enquanto os fieis cantavam hinos religiosos e rezavam.

D.Diamantino disse que a missa de beatificação começaria pontualmente às 15 horas. Embora seja uma celebração demorada, com previsão de duas horas e meia a três horas, o rito de beatificação é simples e rápido. Ele é realizado logo no início da cerimônia, entre o Kyrie e o Gloria, quando o bispo diocesano lê uma biografia resumida do candidato e pede ao celebrante que o declare beato. O cardeal Amato foi designado para presidir a cerimônia em Baependi.

Até o pontificado de João Paulo II, as beatificações eram feitas pelo papa, geralmente em Roma. O papa continua fazendo as canonizações. O beato é, na realidade considerado santo, com a diferença de que tem direito a uma veneração restrita a lugares onde viveu ou a comunidades religiosas a que pertenceu. Os santos canonizados podem ser cultuados universalmente pelos católicos.

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