O ex-ministro José Dirceu disse ontem que chegou o momento de fazer um "julgamento do julgamento" do mensalão e convocou a militância a multiplicar pelo País os atos de apoio a ele e aos demais petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal. "Esse ato de hoje é uma demonstração da nossa força. Nós temos que reproduzir esse ato em todo o País", afirmou Dirceu, ao participar, em Osasco, na Grande São Paulo, de uma plenária do mandato do deputado João Paulo Cunha (PT), também condenado no processo.
"É preciso que não se confundam a nossa tranquilidade, a nossa segurança, a nossa capacidade de resistir e de enfrentar, se for preciso, até mesmo a prisão, com fraqueza. Nós não aceitamos o que aconteceu, somos vítimas de um julgamento injusto", disse o ex-ministro, condenado a 10 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de corrupção e formação de quadrilha.
##RECOMENDA##Aproximadamente mil militantes petistas lotaram um auditório na região central de Osasco, transformando a plenária em um ato de desagravo. Outro réu condenado pelo Supremo, o ex-presidente do PT José Genoino, também participou da reunião. O trio voltou a afirmar que nunca houve um esquema de compra de votos no Congresso durante o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como entendido pela maioria dos ministros do Supremo, e reiterou inocência.
Dirceu disse que iria recorrer a todos os instrumentos jurídicos cabíveis, inclusive a cortes internacionais.
O discurso de Genoino também foi nesse sentido. "O coração da gente está machucado, mas a cabeça está fria, erguida e tranquila, pois eu tenho a certeza da minha inocência", afirmou o ex-presidente do PT. Em um discurso emocionado, João Paulo comparou a sua condenação no julgamento à injustiça cometida quando Jesus Cristo foi crucificado. "É de cortar o meu coração ser acusado de corrupto, porque desde pequeno eu fiz uma opção de que a riqueza e a busca pela fortuna não moveriam a minha vida." Essa foi a primeira vez que o deputado se manifestou após ser condenado pelo STF. O tamanho da sua pena, no entanto, ainda não foi definido pelos ministros do Supremo. Isso deve acontecer nas sessões no decorrer da próxima semana.
A participação de Dirceu na plenária de João Paulo faz parte de uma agenda de viagens pelo Brasil para mobilizar bases petistas e movimentos sociais em sua defesa. Ainda à espera de que o PT se mobilize mais firmemente em seu favor, o ex-ministro quer recorrer a sindicatos e ao Movimento dos Sem Terra (MST), entre outros. O objetivo é defender, se necessário, independentemente do comando partidário, sua inocência no processo e denunciar o que considera o caráter político da sua condenação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.