Tópicos | Ibtihaj Muhammad

O grupo Mattel apresentou nesta segunda-feira (13) sua primeira Barbie com hijab, em homenagem à esgrimista Ibtihaj Muhammad, que em 2016 se tornou a primeira atleta americana a participar de Jogos Olímpicos com a cabeça coberta por um véu.

A boneca, que veste uniforme idêntico ao da esportista, estará à venda pela internet a partir de 2018, explicou à AFP uma porta-voz da companhia.

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"Estamos muito contentes em homenagear Ibtihaj Muhammad com uma boneca Barbie única! Ibtihaj inspira mulheres e meninas de todas as partes a romperem barreiras", explicou a Mattel nas redes sociais, ao lado de uma foto da esgrimista segurando uma réplica.

Muhammad, de 31 anos, assegurou que se trata de "um sonho de infância que virou realidade".

"Sinto-me orgulhosa de saber que meninas em todas as partes do mundo agora podem brincar com uma Barbie que decide usar um hijab!", escreveu em sua conta no Twitter.

Não é a primeira vez que a Mattel, que enfrenta problemas econômicos, homenageia uma esportista olímpica americana.

Em 2016, a empresa apresentou uma boneca inspirada na ginasta Gabrielle Douglas, que faturou dois ouros em Londres-2012, ao vencer o concurso individual e por equipes.

A chegada da Barbie com hijab coincide com as especulações de que a empresa Hasbro (Monopoly) tenta comprar a Mattel, segundo o jornal The Wall Street Journal.

A esgrimista Ibtihaj Muhammad quer ajudar a combater o fanatismo quando se tornar a primeira esportista americana a competir nos Jogos Olímpicos usando um véu muçulmano. A atleta, uma articulada afro-americana e muçulmana de 30 anos, saltou para a fama em janeiro, após conquistar vaga na equipe olímpica dos Estados Unidos no Mundial da Grécia.

A participação de Muhammad nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 chega em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, marcada pela retórica contra o Islã, enquanto ameaças e o vandalismo contra mesquitas alcançaram um recorde histórico no ano passado.

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É um clima muito familiar para Muhammad, que enfrentou a discriminação desde a infância porque a combinação de sua cor de pele e o véu que usava com frequência atraía olhares inquisidores e insultos.

De fato, parte da atração pela esgrima foi porque o esporte permitia que Muhammad se integrasse mais ou menos sem problemas. "Testei diferentes esportes quando era jovem e minha mãe e eu passamos um dia de carro perto de um colégio e vimos um grupo praticando esgrima", lembrou. "Minha mãe viu que usavam calças largas e camisetas de manga comprida e, não sabia que esporte era, mas quis que eu tentasse porque se ajustava às minhas crenças religiosas", afirmou.

Muhammad não estava muito convencida a princípio, mas persistiu quando se deu conta de que o esporte podia ser um passaporte para uma educação melhor. "As dez melhores escolas do país tinham programas de esgrima, sendo assim a vi como uma porta de entrada e por isso insisti", disse Muhammad, que acabou se formando em relações internacionais e estudos africanos na respeitada Universidade de Duke em 2007.

Mudando atitudes

Muhammad tem a esperança de que seu périplo olímpico ajude um pouco a mudar as atitudes vistas na campanha eleitoral dos Estados Unidos. "É um ambiente político difícil o que estamos vivendo, não é fácil", disse Muhammad. "Os muçulmanos estão sendo examinados com lupa e espero mudar a imagem que as pessoas têm das muçulmanas", acrescentou.

"Sei", continuou, "que as muçulmanas são muito diversas, especialmente aqui nos Estados Unidos. Viemos em diferentes formas, cores e tamanhos, de origens diferentes, e somos membros produtivos da sociedade. Quero que as pessoas o vejam".

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, tem sido acusado de fomentar o sentimento antimuçulmano, e chegou a defender que se proíba a entrada no país dos fiéis desta religião. Diplomaticamente, Muhammad se negou a especular como seria a vida dos muçulmanos se Trump for eleito presidente dos Estados Unidos em novembro.

De qualquer forma, insistiu, ela quer ajudar a melhorar as coisas com um bom desempenho no Rio. "Lembro que quando criança, me dizia que não pertencia a este esporte por causa da minha cor de pele, porque era muçulmana. Assim, se puder ser um motivo de mudança para outras minorias, me sentiria afortunada".

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