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Uma pequena capa de invisibilidade foi inventada por cientistas norte-americanos que estão chegando cada vez mais perto de uma versão real do que até era agora um elemento de ficção científica - anunciaram os pesquisadores nesta quinta-feira.

A capa, apresentada na revista Science, é microscópica no tamanho, mas poderia aumentar de tamanho no futuro - segundo físicos do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e a Universidade da Califórnia em Berkeley.

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O aparato funciona com a manipulação da luminosidade, mudando como os raios de luz incidem sobre um objeto para que ele não possa ser detectado pelo olho.

"Esta é a primeira vez que um objeto 3D de forma arbitrária foi mascarado da luz visível", afirmou o principal autor do estudo, Xiang Zhang, diretor do Laboratório de Ciências dos Matériais de Berkeley.

"Nossa capa ultra-fina parece um casaco. É fácil de desenhar e implementar, e é potencialmente escalável para esconder objetos macroscópicos.

Usando pequenas fibras de ouro conhecidas como nanoantenas, os pesquisadores fizeram uma capa de 80 nanômetros de espessura e pode envolver um objeto tridimensional do tamanho de algumas células biológicas.

"A superfície da capa foi construída para redirecionar as ondas de luz de forma que o objeto ficou invisível para detecção ótica quando a capa é ativada", disse o estudo.

No entanto, a pequena capa ainda tem grandes limitações.

Por exemplo, os padrões das nanoantenas devem ser projetados precisamente para coincidir com as saliências da superfície do objeto que está por baixo, o que significa que o objeto não pode mexer - caso contrário, perde a camada invisível.

Nem as características a serem escondidas podem ser muito grandes ou pontudas em comparação ao comprimento das ondas luminosas, porque as sombras não conseguem ser apagadas - explica Zeno Gaburro, físico da Universidade de Trento, na Itália.

"O lado que está escuro não vê a luz, então não tem jeito de corrigir (a sombra) usando essa técnica", afirma Gaburro em artigo complementar publicado na Science.

Mas Zhang está confiante de que a tecnologia possa ser eventualmente feita numa escala maior. "Não vejo obstáculos", disse.

A invisibilidade pode ser, ainda, coisa da ficção, como nos filmes de Harry Potter, mas cientistas do Japão criaram uma forma de deixar camundongos quase totalmente transparentes. Usando um método que remove quase completamente a cor dos tecidos - com o inconveniente de que matou as cobaias no processo -, cientistas disseram ter conseguido examinar órgãos do indivíduo ou, inclusive, corpos inteiros sem ter que cortá-los, criando uma visão mais ampla de problemas com os quais trabalham.

As técnicas darão aos cientistas um "novo entendimento da estrutura tridimensional de órgãos e como certos genes são expressos em vários tecidos", disse Kazuki Tainaka, o principal autor de um estudo publicado na revista americana Cell.

"Ficamos muito surpresos ao ver que o corpo inteiro de um filhote e de um adulto pudesse ficar quase transparente", afirmou em um comunicado, divulgado pelo instituto japonês de pesquisas RIKEN e seus colaboradores.

O trabalho, que também envolveu a Universidade de Tíoqui e a Agência de Ciência e Tecnologia do Japão, se concentra em um composto chamado heme (ou hemo), o constituinte que dá ao sangue a cor vermelha e é encontrado na maioria dos tecidos do corpo.

O processo envolve o bombeamento de uma solução salina no coração do camundongo, retirando o sangue do sistema circulatório, o que provoca a morte do animal.

Em seguida, é introduzido um reagente, que atua para separar o heme da hemoglobina, que permanece nos órgãos do animal.

Para completar o processo, o ratinho morto é esfolado e empapado com o reagente por até duas semanas.

Um feixe de luz de laser, que pode ser emitido para penetrar até um nível específico, cria uma imagem completa do corpo, assim como uma impressora em 3D cria objetos físicos em camadas.

"Até agora, os microscópios nos permitiam observar as coisas em detalhes mínimos, mas isto também nos privou do contexto do que estávamos olhando", disse Tainaka à AFP.

O novo método, que não pode ser aplicado a coisas vivas, "nos dará detalhes, enquanto vai nos habilitar a obter o quadro mais amplo", afirmou.

Hiroki Ueda, que chefiou a equipe de pesquisas, destacou no comunicado que o método "poderia ser usado para estudar como embriões se desenvolvem ou como o câncer e as doenças autoimunes se desenvolvem em nível celular.

Espera-se que o método leve "a uma compreensão mais profunda destas doenças e, talvez, a novas estratégias terapêuticas".

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