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O senador boliviano Roger Pinto Molina foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, o ministro Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado neste domingo (25) de volta a Brasília pelo Ministério das Relações Exteriores, que abriu inquérito para investigar a entrada do senador boliviano no Brasil - aparentemente, feita sem conhecimento do Itamaraty.

De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Molina viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com placas consulares, e acompanhado não apenas de Sabóia, mas de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular - no caso, Saboia.

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Ao final de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, inclusive na fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá mas não tinha como levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília", contou Ferraço. Pinto Molina está desde a madrugada passada na casa do senador brasileiro e dará uma entrevista na CRE na próxima terça-feira.

Plano. Ferraço diz que Sabóia contou a ele que vinha conversando há algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que falou que a situação estava se tornando inadministrável, que Molina estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando. Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que se tivesse uma oportunidade ia resolver", explicou Ferraço. "Não sei se o governo acreditou".

O senador brasileiro disse que não conversou sobre os detalhes de planejamento da fuga de Molina e não pode garantir, mas acredita que a iniciativa foi do diplomata, em uma atitude "ousada e corajosa". Se tomou a decisão sem esperar a aprovação do Itamaraty, Sabóia possivelmente criou um problema para sua carreira diplomática e pode ser responsabilizado por criar um constrangimento para o governo brasileiro.

Na última quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Antonio Patriota afirmou que a libertação de Molina estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. Mas, no início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso, em que o presidente Evo Morales permitiria a saída de Molina em segurança, mas sem dar o salvo-conduto.

Hoje, diplomatas se recusaram a fazer qualquer comentário sobre o caso além das informações que constavam da nota divulgada pela manhã.

O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (25) que abrirá inquérito para apurar a chegada ao Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz há mais de um ano. Segundo nota do Itamaraty, o Ministério está reunindo informações sobre as circunstâncias em que se verificou a saída do senador boliviano da Embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional.

Molina desembarcou em Brasília na manhã deste domingo (25). Ele estaria acompanhado do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

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De acordo com o Itamaraty, o Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos. O ministério diz ainda que "tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis" em relação ao caso.

Opositor do presidente Evo Morales, Molina se diz perseguido por suas posições políticas e por ter acusado membros do governo de envolvimento com o narcotráfico. Pesam contra ele mais de 20 acusações de corrupção na Justiça, todas negadas pelo senador.

Em maio do ano passado, o senador entrou na Embaixada do Brasil em La Paz e pediu asilo político. Dez dias depois, o governo da presidente Dilma Rousseff anunciou a concessão de asilo, mas Bolívia se recusou a dar o salvo-conduto necessário para que ele viajasse para o Brasil. Desde então, Brasília e La Paz negociam de maneira discreta a libertação do senador.

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