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Com mais de duas décadas de história, a nação do Maracatu Encanto do Dendê está juntando forças para voltar para ‘a rua’. Após uma parada de seis anos, por problemas financeiros e estruturais, o Dendê mudou de direção, de casa, e agora busca apoio dos apaixonados por esta tradição pernambucana para reviver seus momentos de glória. Nesta sexta (28), a nação apresenta uma live, em seu canal do YouTube, para apresentar o novo momento e levantar fundos a fim de regularizar sua documentação. 

Fundada em 1998, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, por Edmilson Lima do Nascimento, o Mestre Missinho, o Encanto do Dendê se apresentou nos principais eventos do Carnaval do Recife, como a Noite dos Tambores Silenciosos e a abertura oficial do evento, quando ainda era realizada por Naná Vasconcelos; além de também se apresentar na cidade vizinha, Olinda. Além disso, a nação desenvolvia projetos sociais em sua comunidade, promovendo oficinas de percussão, costura e confecção de instrumentos. Em seus tempos áureos, o Encanto do Dendê chegou a contar com 130 integrantes, entre batuque e corte.

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No entanto, com o passar do tempo, manter a nação passou a ser tarefa muito difícil para o Mestre Missinho. Com pouco apoio do poder público, dificuldade em levantar recursos e problemas de saúde, o fundador do Dendê acabou abandonando as atividades. Após converter-se à religião evangélica, Missinho começou a vender instrumentos e fantasias da nação, e tudo indicava que essa trajetória havia, de fato, chegado ao fim. Porém, no início de 2020, uma visita despretensiosa à casa de Missinho mudaria o curso dessa história. 

Na época à frente da Nação Aurora Africana, o mestre de apito Danillo Mendes, encontrou-se com Missinho para uma visita cordial. Na ocasião, o fundador do Dendê sugeriu ao mestre que se juntasse a um de seus sobrinhos, Adílio Santos, para assumir a nação. Os dois toparam o desafio e caíram “de cabeça” no projeto de retomada do Encanto; o primeiro à frente do batuque e o segundo, assumindo a presidência da agremiação. 

O mestre de apito Danillo Mendes assumiu o batuque da Nação Encanto do Dendê. Foto: Reprodução/Instagram

Danillo e Adílio receberam o Dendê com quase nada: apenas poucos instrumentos - um gonguê feito de cilindro de oxigênio e dois caixas sem pele - um estandarte e um documento completamente desatualizado, a “escritura”. Meses mais tarde, o mestre de apito acabou se desvinculando do Aurora Africana e decidiu dedicar-se exclusivamente à ‘nova’ nação. “Sou muito grato à minha escola, minha formação foi no Aurora Africana. Tudo que passei lá dentro serviu pra criar a minha forma de ver maracatu. Vem muito dessa escola para o Encanto do Dendê”, disse Danillo em entrevista ao LeiaJá. Com o mestre vieram alguns batuqueiros de sua antiga ‘casa’ e outros simpatizantes que decidiram somar na reconstrução desse maracatu.  

Nova fase

O desafio do Encanto do Dendê, agora, é colocar toda sua documentação em dia para poder participar de editais de auxílio financeiro e, futuramente, voltar a participar dos eventos oficiais de Carnaval no Recife e Olinda. A nação já conseguiu apoio de amigos e outros grupos, como Pitoco de Aiyrá, da Nação Estrela Brilhante do Recife, Jamesson Florentino, da Nação Baque Forte, e do grupo Tambores de Olokun. Com essa ajuda inicial, e dinheiro investido do próprio bolso, o mestre e Adílio começaram a confeccionar novos instrumentos e outros materiais necessários para a retomada da nação. Tudo tem sido feito e guardado na oficina de marcenaria de Danillo, localizada em Jaboatão, Região Metropolitana do Recife.

Para reforçar o retorno do Dendê, nesta sexta (28), a nação apresenta uma live, em seu canal oficial do YouTube, com seus batuqueiros e alguns convidados. Durante a apresentação, o público poderá contribuir com qualquer valor através de doações feitas pelo PIX. O apurado será empregado na regularização dos documentos da agremiação. 

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O objetivo do mestre Danillo, e demais componentes que embarcaram nesse ‘sonho’, é, tão logo seja possível, reviver os momentos de glória do Dendê na rua, lugar onde o maracatu vive toda sua plenitude. “Eu quero ver o Encanto na rua, tocando o baque virado dele e só dar sequência pra que a agremiação nunca deixe de existir. Que tudo isso (a pandemia) passe, que nenhuma pessoa mais conhecida da gente vá embora por causa desse vírus e que no próximo Carnaval a gente esteja na rua, na avenida tocando e  se divertindo. O propósito não é disputar nada com ninguém, é só batucar e botar a baiana pra rodar a saia”, finaliza o mestre. 

Serviço

Live da Nação Encanto do Dendê

Sexta (28) - 20h

Youtube e Facebook

PIX: 060.893.684-74



 

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