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A Sotheby's vai leiloar, nesta segunda-feira (30), em Paris, uma rara edição de "Em busca do tempo perdido", acompanhada de um tesouro para os bibliófilos: cartas nas quais Marcel Proust revela ser seu melhor assessor de imprensa.

O livro, avaliado entre 400 mil e 600 mil euros, é um dos cinco exemplares numerados de "Em busca do tempo perdido" e está impresso no papel que alguns consideram mais belo do mundo, o "washi" japonês.

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Três desses raros e valorizados livros estão guardados com seu proprietário, enquanto um quarto desapareceu durante a Segunda Guerra Mundial e nunca mais foi encontrado.

O livro que a Sotheby's vai vender na segunda-feira não era visto em público desde 1942, durante um leilão em Druot. Originalmente, Proust lhe deu de presente a Louis Brun, um dos diretores da casa Grasset, em agradecimento por seu apoio, como lembra o escritor em sua dedicatória.

Louis Brun, um grande bibliófilo, encadernou uma série de documentos manuscritos por Marcel Proust no fim do volume.

- Qualquer veículo serve -

Os oito documentos, ao todo, mostram um Marcel Proust até então desconhecido. Para promover seu livro, o escritor propõe a seus amigos da imprensa parisiense que publiquem em seus respectivos periódicos críticas elogiosas do romance.

Para o escritor, qualquer veículo serve. Assim, oferece dinheiro aos jornais e chega a escrever, ele mesmo, os artigos que espera que sejam publicados.

Ao mesmo tempo, Proust toma cuidado para não ser descoberto e insiste que os artigos que escreve sejam anônimos.

Em uma carta, explica a Louis Brun que tem que dizer: "é o editor que redigiu isto e, se no jornal consultarem o manuscrito, é melhor que não seja a minha letra".

Assim, pede para enviar aos diários uma versão datilografada de seus escritos, para que ninguém possa reconhecer a caligrafia. Ele também sugere que as faturas sejam enviadas a Grasset, garantindo que, no final, pagará "integralmente".

Sobre seu livro, Proust escreve que "Em busca do tempo perdido" é "uma pequena obra de arte". Ele se refere a si mesmo em terceira pessoa: "O que Proust vê, sente, é de uma originalidade total".

A crítica aduladora, não assinada, foi publicada na primeira página do Journal del Debats em abril de 1914. Ela custou ao escritor 660 francos - o equivalente a 2 mil euros atuais.

Uma nota curta publicada na capa do jornal francês Le Figaro em 18 de abril daquele ano custou a ele 300 francos (mil euros). Em uma carta a Brun, Proust se queixa com amargura que o veículo apagou o adjetivo "distinto", que atribuíra a si mesmo.

Jean-Yves Tadié, grande especialista em Proust, explica que o escritor "entendeu, antes de todos, a importância da comunicação, da publicidade e das relações com a imprensa".

Uma agenda inédita de Marcel Proust sobre a gênese do primeiro volume de seu gigantesco romance "Em Busca do Tempo Perdido", que completa 100 anos, foi adquirida pela Biblioteca Nacional da França (BNF) com a ajuda de um mecenas.

"Não se conhecia nenhuma outra agenda deste tipo pertencente a Marcel Proust", destacou a BNF.

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Esta agenda manuscrita, que até então havia escapado das investigações "proustianas", representa uma peça que faltava no quebra-cabeças da criação do início do famoso romance.

A densidade das anotações de Proust faz desta agenda uma peça única, já que inclui todo o universo do episódio de Combray em "No caminho de Swann", o primeiro volume da obra.

A agenda contém listas de termos de arquitetura, cozinha e botânica.

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