Tópicos | mistura à gasolina

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira (3) que o aumento da mistura do etanol anidro à gasolina de 25% para 27,5% só não foi autorizado pelo governo por pressão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Segundo ele, na reunião para discutir o assunto, nesta semana, da qual participaram as duas entidades e o governo, a Anfavea informou que não havia uma definição técnica sobre o impacto do aumento da mistura em carros importados e sinalizou que 27,5% de etanol na gasolina poderia prejudicar bicos injetores e bombas de combustíveis nesses veículos.

"A Anfavea foi contra o aumento da mistura, por essa questão do impacto em carro importado e ameaçou responsabilizar o governo caso houvesse a necessidade de recall (futuro) nos veículos", disse Padua. O executivo explicou que a entidade deve fazer testes em 11 veículos importados até o final de janeiro e que uma nova reunião para discutir o aumento da mistura está programada para dia 2 de fevereiro de 2015. "Dentro do processo natural, aumento de mistura só deve ocorrer em 1º de março", disse, salientando que a Unica defende o aumento imediato do porcentual do anidro à gasolina.

##RECOMENDA##

Procurada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a Anfavea informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o presidente da entidade, Luiz Moan, deve se manifestar sobre esse assunto nesta quinta-feira, 4, durante divulgação dos dados mensais do desempenho do setor automotivo, que deve ocorrer em São Paulo.

Cide

Outro pleito do setor de etanol para aumentar a competitividade do etanol, o retorno da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, ocorrerá, segundo Padua, "não por conta das vantagens do etanol, mas porque o Tesouro está falido e precisa tributar", disse. Para o diretor da Unica, o governo ainda estaria inseguro em retomar a cobrança da Cide, de até R$ 0,28 por litro da gasolina, por conta da queda do preço do petróleo.

"O governo pode até ter insegurança em aumentar preço da gasolina na bomba, mas não tem alternativa a não ser acontecer esse aumento. Desde outubro do ano passado o Ministério da Fazenda sinaliza que precisa melhorar a arrecadação", disse. Padua afirmou ainda que certamente os R$ 0,28 por litro de gasolina não serão aplicados de uma vez só e que o retorno da Cide deve mesmo ser gradual.

O anúncio do aumento da mistura de etanol anidro na gasolina ficou para o início de fevereiro. De acordo com o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea) solicitou mais análises sobre o impacto do porcentual de 27,5% de mistura em carros importados. "Para dar conforto, para não ter nenhum problema, vamos continuar com os testes de durabilidade em janeiro", afirmou ele ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, acrescentando que esse porcentual não causou nenhum problema aos veículos nacionais. Rocha participou na tarde desta terça-feira, 2, de reunião com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ao lado de outros representantes do setor sucroenergético, automobilístico, além do governo.

Havia a expectativa de que o anúncio pudesse ser feito ainda nesta terça-feira (2) ou por volta do dia 12, quando ocorre nova reunião da Mesa Tripartite, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e que reúne integrantes do governo, de distribuidores de combustíveis e da cadeia produtiva de açúcar e álcool. Conforme Rocha, esse anúncio deverá ocorrer no dia 2 de fevereiro, em novo encontro com Mercadante.

##RECOMENDA##

Na reunião de hoje estavam presentes também a presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Elizabeth Farina; o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, hoje no Conselho da Unica; o presidente da Anfavea, Luiz Moan; o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges; o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do MME, Ricardo Dornelles; entre outros.

O setor sucroenergético garantiu que há produto suficiente para atender ao incremento de demanda com a nova mistura, hoje em 25%. Em 15 de novembro os estoques de anidro somavam 4,4 bilhões de litros no Centro-Sul, principal região produtora do País, 25% mais na comparação com igual data do ano passado, segundo a Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar). Já os estoques de hidratado atingiam 5,7 bilhões de litros (+35%). "Do ponto de vista do abastecimento, estamos seguros, não há nenhum problema", afirmou Rocha, que acredita que a implementação da mistura de 27,5% ocorrerá logo após a reunião de 2 de fevereiro.

As discussões sobre o aumento da mistura começaram em janeiro, quando o setor levou a sugestão ao governo. O assunto foi incluído na Medida Provisória 647, aprovada pelo Congresso em setembro e sancionada pela presidente Dilma Rousseff no mesmo mês. Pela MP, a banda de mistura, que era de 18% a 25%, passou para 18% a 27,5%. A efetivação do novo porcentual depende, no entanto, de autorização do Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool (Cima), que acompanhou os testes feitos em veículos pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) neste segundo semestre.

Procurada pela reportagem, a Anfavea informou que não havia nenhum porta-voz disponível para entrevistas.

Cide

Indagado pelo Broadcast, o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético comentou que na reunião desta terça-feira não foi discutida a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando