Oito anos depois do devastador tsunami que matou 230 mil pessoas, os atores britânicos Ewan McGregor e Naomi Watts estrelam o filme que reconta a tragédia pelos olhos de uma família de turistas que vivenciou o horror da onda gigantesca.
Mas Juan Antonio Bayona, o diretor espanhol de "The Impossible", insiste que o filme - que começa com uma espetacular recriação do assustador paredão de água que atingiu um resort à beira-mar - está longe de ser o típico "filme-catástrofe". "Ainda que o filme conte a história de uma forma muito direta, as conclusões a que chega são muito complexas, mais complexas que as de costume com filmes de desastres", disse Bayona à AFP.
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O terremoto seguido de tsunami no dia 26 de dezembro de 2004 matou cerca de 230 mil pessoas por todo o oceano Índico, incluindo um grande número de turistas que estavam em resorts na Tailândia e em outras nações do Sudeste Asiático.
O filme será lançado nos Estados Unidos no dia 21 de dezembro e em outros países ao longo dos próximos meses. Ele já foi exibido em vários festivais de cinema, incluindo o de Los Angeles.
No filme financiado pela Espanha, baseado na história real de uma família espanhola e filmado no sul do país, McGregor e Watts interpretam um casal de férias com seus filhos na Tailândia, separados quando o tsunami atingiu a região. "Havia algo imediatamente simbólico na história desta família, que chamou a minha atenção quando ouvi sobre isso pela primeira vez", disse Bayona após a divulgação de seu longa-metragem no dia 4 de novembro no Festival do American Film Institute, em Hollywood.
Após a chegada do tsunami, que separou a família, a mãe - gravemente ferida - ficou com seu filho mais velho, enquanto o pai, interpretado por McGregor, conseguiu salvar os dois filhos mais novos. O filme retrata a luta pela sobrevivência em meio ao caos causado pela onda, de hotéis devastados e de um hospital superlotado.
Ele começa com a família aproveitando férias luxuosas em praias espetaculares - antes da chegada do paredão de água. "Quando estávamos à procura de financiamento, a primeira coisa que nos disseram foi que, se fôssemos fazer o filme, teríamos que ver a própria catástrofe", disse Bayona. "Em um filme como este sobre o tsunami, você tem que ver o monstro cara a cara, e mergulhar sua câmera dentro dele para fazer com que os cinéfilos realmente sintam como era estar lá".
O jovem diretor se focou intensamente sobre o que os personagens estavam pensando e sentindo - principalmente o filho mais velho, interpretado por Tom Holland - com técnicas incluindo close-ups impiedosos e música onipresente. "O filme começa com um susto, em um estilo mais documental, e, à medida que progride, assume um tom mais melodramático... Queremos que as pessoas que assistem sintam as emoções tão intensamente quanto os próprios personagens", afirmou Bayona.
O filme também levanta questões sobre "voltar ao normal... como você volta para a realidade cotidiana depois de experimentar algo assim?", acrescentou. Mas o diretor não quis ser didático. "Não há nenhuma mensagem, porque eles não receberam uma mensagem. Nós não quisemos ser condescendentes. Nós os seguimos o mais perto que pudemos", explicou.
Bayona se tornou famoso com o sucesso inesperado de seu filme de terror de 2007 "O Orfanato". O lançamento de seu novo filme nos Estados Unidos em dezembro irá qualificá-lo, na hora certa, para o próximo prêmio Oscar de fevereiro.