Tópicos | Naruhito

O imperador japonês Naruhito afirmou que sua esposa, a imperatriz Masako, ainda tem "altos e baixos" em sua luta pela recuperação de uma longa doença induzida pelo estresse relacionado a seus deveres reais.

A saúde de Masako, que mostrou estar suficientemente bem para participar em todas as cerimônias quando Naruhito fez o juramento como imperador no ano passado, é um tema permanente de debate no Japão.

Os japoneses acreditavam em uma recuperação total, pois a imperatriz esteve presente na série de eventos públicos de 2019, mas Naruhito advertiu que Masako "ainda está no caminho da recuperação".

"Sua condição tem altos e baixos e sua fadiga tende a prolongar-se depois de um grande evento ou quando os eventos acontecem um depois do outro", afirmou à imprensa em uma entrevista coletiva por ocasião de seu aniversário de 60 anos.

"Quero que ela nunca fique muito exausta, e sim que continue trabalhando no que pode fazer", disse, ao descrever a esposa como "uma boa conselheira em assuntos privados e oficiais".

Masako, que estudou em Harvard e Oxford, deixou de lado uma promissora carreira diplomática para casar com Naruhito e entrar na família real em 1993.

Em 2004, o palácio imperial revelou que ela estava recebendo tratamento para um distúrbio de ajustamento induzido pelo estresse, o que a obrigou a ausentar-se de alguns compromissos reais.

A única filha do casal, Aiko, de 18 anos, estudará Literatura Japonesa a partir de abril na Universidade Gakushuin, onde estudou o próprio Naruhito.

Aiko não pode suceder o pai, já que apenas um herdeiro masculino pode ascender ao Trono do Crisântemo.

O irmão mais novo de Naruhito, Akishino, é o primeiro na linha de sucessão ao trono, seguido por seu filho Hisahito, de 13 anos.

Aiko perderia seu status real se casasse com um plebeu. Isto representa o risco de uma crise de sucessão se Hisahito não tiver um filho, mas o imperador se absteve de comentar sobre a regra de exclusividade para os homens.

Ele disse que conversaria sobre a questão com Akishino, mas não citou detalhes,

Um evento público para celebrar seu primeiro aniversário como imperador foi cancelado após o aumento dos temores sobre a propagação do novo coronavírus no Japão.

"Espero que a propagação de infecções pare o mais rápido possível", disse, antes de afirmar que reza pela recuperação dos pacientes e agradecer aos médicos e enfermeiros.

O imperador Naruhito do Japão proclamou nesta terça-feira sua entronização durante uma suntuosa cerimônia no palácio imperial de Tóquio, na presença de 2.000 convidados, incluindo chefes de Estado e representantes de 180 países.

"Depois de ter herdado anteriormente o trono com base na Constituição e na lei da Casa Imperial (...) ao país e ao mundo proclamo minha entronização", declarou Naruhito, ao lado da imperatriz Masako, ambos vestidos com trajes tradicionais reservados para o ritual.

Naruhito, 59 anos, se tornou o 126º imperador do Japão no dia 1º de maio, um dia após a abdicação de seu pai, Akihito, 85 anos, que passou três décadas no trono de Crisântemo, algo inédito nesta dinastia em mais de dois séculos.

A entronização é um longo processo, mas um dos seus momentos mais solenes é a autoproclamação.

"Prometo aqui que sempre rezarei pela felicidade do povo japonês e pela paz mundial", acrescentou. Também se comprometeu a permanecer "ao lado da população para cumprir (suas) obrigações de símbolo da nação e da unidade do povo do Japão".

Ao som de tambores e gongos, a cerimônia aconteceu na "Sala dos Pinheiros" do palácio imperial, na presença da família imperial.

Depois, o imperador e a imperatriz apareceram de pé, imóveis, sob os toldos de seus respectivos tronos, enquanto oficiais, chamados "jiju", retiravam as cortinas violetas destas impressionantes estruturas de madeira, colocadas em duas plataformas separadas.

Após a breve declaração lida pelo imperador, o primeiro-ministro Shinzo Abe apresentou as felicitações em nome da população.

Diante do imperador, Abe proclamou três vezes, com os braços erguidos, "Banzai!" (literalmente "10.000 anos", em outras palavras "longa vida ao imperador!").

Vários tiros de canhão foram ouvidos do lado de fora, antes que as cortinas se fechassem diante do imperador e da imperatriz, o que representou o fim da cerimônia solene.

Um primeiro ritual aconteceu durante a manhã, a portas fechadas, marcado por rituais xintoístas. Naruhito, com uma túnica branca de mangas largas e gorro negro, "informou" seus antepassados imperiais sobre a entronização.

Apesar da forte chuva em Tóquio, um grupo de curiosos se aproximou do palácio imperial para tentar acompanhar a cerimônia.

- Desfile adiado -

Entre os convidados estrangeiros estavam chefes de Estado como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e representantes de famílias reais como o rei da Espanha, Felipe VI, e o príncipe Charles da Inglaterra.

Donald Trump, que foi o primeiro governante estrangeiro a se reunir com o novo imperador em maio, enviou como representante a secretária de Transportes, Elaine Chao.

Um banquete imperial para 400 convidados estava previsto para noite. Na quarta-feira será organizada uma cerimônia do chá, com a presença dos agora imperadores eméritos Akihito e Michiko.

Shinzo Abe organizará um jantar na quarta-feira para os convidados estrangeiros.

O desfile do casal imperial pelas ruas de Tóquio, uma rara oportunidade para que o público possa ver e saudar os imperadores, foi adiado para 10 de novembro.

Mais de 100.000 japoneses acompanharam o desfile em 1990 para celebrar a entronização do imperador Akihito.

O governo decidiu adiar o desfile após a passagem do tufão Hagibs pelo país, há 10 dias, que deixou 80 mortos e milhares de desabrigados.

A entronização do novo imperador também será uma oportunidade para que o governo anuncie uma anistia para 550.000 cidadãos que foram multados por violações do código de trânsito ou delitos crimes menores.

Naruhito tem a delicada tarefa de consolidar o legado de seu pai, que conseguiu se aproximar do povo japonês sem deixar de lado milenares tradições imperiais.

Akihito anunciou em 2016 a intenção de abdicar em favor do filho mais velho, alegando que a deterioração de sua saúde impedia que desempenhasse de "corpo e alma" suas funções com símbolo do Estado.

Uma lei excepcional - válida apenas para ele - foi aprovada com o objetivo de permitir a transmissão do trono em vida, depois de 30 anos da era de Heisei ("paz em todos os lados").

O Japão deu um passo legal para a primeira abdicação de um imperador nos últimos 200 anos, com a aprovação pelo governo de um projeto de lei especial que será válido apenas para o atual monarca, Akihito.

O texto será enviado a uma comissão do Parlamento para debate e muitos acreditam que receberá uma aprovação rápida no plenário da Câmara.

Akihito, que sucedeu o pai Hirohito, deu a entender no ano passado o desejo de abdicar. O soberano, de 83 anos, teme que a idade o impeça no futuro exercer de forma plena o papel de "símbolo da nação".

O príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, sugeriu em fevereiro que está disposto a assumir as funções de seu pai. Mas a lei que rege a Casa Imperial não permite ao imperador do Japão abandonar o trono em vida.

A abdicação não é esperada antes do fim de 2018, segundo a imprensa japonesa. Se tudo acontecer como está previsto, Akihito cederia ao filho o trono de Crisântemo no início de 2019.

Os elementos do projeto de lei divulgados pelo porta-voz do governo indicam que "a abdicação deve acontecer em uma data fixada por decreto, em um prazo não superior a três anos após sua promulgação".

Um calendário muito acelerado dificultaria parte da administração e os fabricantes de agendas e calendários. O Japão não obedece apenas o calendário ocidental, mas também - para os documentos administrativos e profissionais - em anos da era imperial.

A era de Akihito, iniciada em janeiro de 1989 imediatamente após a morte de seu pai Hirohito, é a era Heisei ("Consolidação da paz"), que está em seu 29º ano. A de seu sucessor terá outro nome, que deverá ser definido com a certeza de que não existe precedente idêntico ou sinônimo no Japão nem em outro país, um trabalho gigantesco, segundo os especialistas.

A lei menciona a denominação de Akihito e de sua esposa Michiko após a abdicação. De acordo com a imprensa, os dois serão designados em japonês com expressões equivalentes a "imperador aposentado" e "imperatriz aposentada".

O projeto de lei, no entanto, não menciona o fato de que o embaixador deu a entender em agosto do ano passado a intenção de renunciar ao trono em vida, pois a Constituição proíbe ao monarca pronunciar palavras que conduzam a uma ação política.

A forma como ele manifestou inquietações a respeito de suas capacidades para assumir o papel foi interpretada como uma vontade de ser despojado de suas tarefas pesadas: assinar milhares de documentos, assistir a dezenas de eventos e fazer muitas viagens por ano

Ao mesmo tempo, o imperador deu a entender que o sistema de regência, existente na lei atual que administra a Casa imperial, não é útil para ele porque manteria o título de soberano sem poder cumprir as funções. Consciente de sua importância para os cidadãos, ele defende que o imperador exerça ou não o título por completo.

Depois que Akihito expressou suas inquietações ano passado, o primeiro-ministro Shinzo Abe afirmou que levava "as palavras a sério e desejava um debate sereno" sobre a delicada questão.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando