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JOÃO PESSOA (PB) - Terceira cidade mais antiga do Brasil, João Pessoa tem em suas ruas a história contada em prédios tombados pelo Patrimônio Histórico e que datam os primeiros anos de existência da cidade. A capital paraibana nasceu com o nome de Nossa Senhora das Neves, em homenagem à padroeira comemorada no dia 05 de agosto. A devoção à santa se perpetuou e dá nome à principal festa - também aniversário da cidade que nunca foi vila, nem povoado.

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“João Pessoa já nasceu cidade, porque se desmembrou da capitania de Itamaracá”, explica Hector Anibal Oliva, chefe de Divisão de Formatação dos Produtos Turísticos da Prefeitura Municipal de João Pessoa e guia turístico há 20 anos. Após várias guerras envolvendo índios, portugueses e holandeses, a capital paraibana passou também por vários nomes.

Primeiro teve o acréscimo de “Filipeia”, passando a se chamar Filipeia de Nossa Senhora das Neves, para depois mudar para Frederikstadt, nome dado por colonizadores holandezes, sendo rebatizada de Parahyba do Norte, atual Paraíba, pelos portugueses. Esse último ficou até a década de 1930, quando o então político paraibano de reconhecimento nacional, João Pessoa, foi assassinado.

De acordo com o historiador Lúcio Lima, João Pessoa foi morto por questões pessoais envolvendo o adversário político, João Dantas. “Na época, há suspeitas que foram publicadas, a mando de João Pessoa, cartas íntimas de João Dantas e sua amante, a poeta Anayde Beíriz, como foi retratado no filme ‘Paraíba Mulher Macho’”, revela.

João Pessoa também negou apoio à candidatura de Prestes e formou chapa com Getúlio Vargas para, como vice, concorrer à presidência do Brasil, mas foi retirado da disputa com dois tiros à queima-roupa durante uma reunião na confeitaria Glória, no Centro do Recife.

“Naquela época, eles queriam acabar com a Política Café com leite, onde só governava o Brasil os estados de Minas Gerais e São Paulo, ou seja, o Sudeste”, contou Oliva, acrescentando que o paraibano estava pronto para ser vice de Getúlio Vargas, trazendo o controle para o Nordeste.

Na década de 20, o pacto conhecido como Café Com Leite - que consistia no revezamento da Presidência da República entre Minas e São Paulo -, foi quebrado pelo então presidente paulista Washington Luís, que indicou outro paulista, Júlio Prestes, à presidência, quebrando o acordo com Minas.

Foi a partir desse fato que nasceu a história, não só da capital, mas também do Estado que carrega em sua bandeira o vermelho, que simboliza o sangue derramado por João Pessoa, o preto, pelo luto de sua morte, e o nome nego, pela negativa do político em se unir a Júlio Prestes.

Economia

Em 428 anos, muitas mudanças aconteceram, principalmente na economia. No começo, houve disputa pela terra por ser rica em produção de algodão, sisal e cana de açúcar. No entanto, esta cultura se perdeu e hoje a população vive em torno do turismo, do comércio e do setor industrial.

“Atualmente, temos títulos que nos orgulham, não só na cidade, mas no Estado como um todo. A terceira cidade mais antiga do país, onde o sol nasce primeiro, ponto mais oriental das Américas, segunda cidade mais arborizada do planeta e com grandes festas”, detalhou Oliva, ao lembrar que o Estado da Paraíba tem o mesmo dia de fundação de João Pessoa.

“Estamos quase a mesma distância da África do Sul que de Manaus, por exemplo”, explica o guia. O ponto mais oriental está, em linha reta pelo mar, a 5.970 km do continente africano, cerca de 100 km a mais que para a capital do Amazonas por terra. “Estes atrativos chamam a atenção dos turistas”, garantiu.

Prédios tombados

Outra atrativo da terceira cidade mais antiga do país são os prédios que caracterizam, principalmente, o centro histórico da capital paraibana. Além de igrejas, a cidade conta com construções utilizadas hoje para abrigar setores públicos e ainda locais voltados para visitação, a exemplo da Casa da Pólvora, onde eram guardados armamentos e que servia de ponto de observação contra possíveis invasões por estar localizado no alto da ladeira de São Francisco, primeira rua da cidade.

A Basílica de Nossa Senhora das Neves foi construída em 1585, mas perdeu o valor histórico ao ser completamente reformada em 1997. É a terceira mais antiga do Brasil e foi inaugurada junto com a emancipação da cidade. Três anos depois começou a ser construída a Igreja de São Francisco, que só terminou após 200 anos, devido às guerras da época.

São, ao todo, 23 bens tombados, localizados principalmente no Centro Histórico, na chamada cidade baixa. Tudo, de acordo com Hector, passará por restaurações ainda em 2013 e os recursos da ordem de R$ 500 milhões já estão assegurados.

Em clima interiorano

Para o prefeito Luciano Cartaxo (PT), mesmo crescendo, João Pessoa não perdeu sua característica acolhedora. “É uma cidade que começou às margens do Rio Sanhauá, migrou para o litoral, mas não perdeu esse encantamento do Centro Histórico. Uma cidade que vem crescendo, com 760 mil habitantes, mas que não perdeu essa característica interiorana e diferenciada das demais capitais brasileiras, do Nordeste também”, revela.

Ainda de acordo com Cartaxo, a capital tem todas as condições de crescer cada vez mais, mas sem deixar de lado a preservação do patrimônio, além da sustentabilidade, o que resultará na melhoria da qualidade de vida dos pessoenses.

 

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