Tópicos | profissão de coveiro

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No dia de Finados, celebrado em 2 de Novembro, muitos vão aos cemitérios espalhados pelo Brasil com intuito de levar flores em homenagem aos falecidos. Mas, para manter os jazigos limpos e bem cuidados, há profissionais que ficam responsáveis, especialmente, para zelar pelo espaço e ajudar em momentos, normalmente, tristes, como os do enterro.

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Embora a profissão de coveiro possa parecer sinônimo de tristeza, esta não coincide com os sorrisos estampados no rosto de Genildo José dos Santos (esq.), de 60 anos, e de Raul da Silva (dir.), de 53. Eles trabalham no Cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife há 16 e 26 anos, respectivamente.

“Ninguém dá valor ao que fazemos porque nosso papel é enterrar as pessoas. Já fomos xingados, chamados de ladrão e tudo, pois dizem que chegamos a roubar depois algo de valor que tenha sido colocado com o falecido. Mas o que a gente leva todo dia é o prazer de trabalhar, como em qualquer outra profissão, sempre com sorriso aberto em meio às tristezas das pessoas”, conta Genildo.

O coveiro ainda relata diversas situações que ele intitula como engraçadas no decorrer da profissão. “Vejo muita coisa por aqui, como por exemplo, briga de mulher com outra mulher por causa do homem que morreu. Elas choram, mas estão loucas atrás da pensão, do dinheiro do cara e eu só faço rir com isso”, lembra.

Histórias

Para Raul, as histórias que escutavam no início da profissão eram assustadoras. “Muitas vezes era para espantar mesmo a gente, pra ver se quem entrava aqui (no cemitério) não era medroso. Eu confesso que fiquei meio receoso, mas depois vi que era tudo besteira”, afirma.

Ainda há quem acredite que entrar em casa com roupas vindas do local podem trazer azar. Segundo os coveiros, em todo esse tempo de trabalho, eles sempre trocaram de roupa em Santo Amaro, chegaram em casa e nunca aconteceu nada demais. “São crendices populares que o pessoal acaba acreditando, não é?”, conta Genildo José. Ele confessa que tem medo apenas de uma coisa. "Tem uma rua aqui do cemitério que sempre que passo por ela, me arrepio. Não gosto mesmo, mas não sei o que é", relata.

O túmulo da Menina Sem Nome é o mais visitado de Santo Amaro, segundo os coveiros. Bonecas, brinquedos e orações são deixadas diariamente no jazigo. “Essa menina foi encontrada morta na Praia do Pina, na Zona Sul do Recife, em maio de 1970 e enterrada como indigente. Muitas pessoas vêm aqui para fazer promessas e depois agradecem as causas alcançadas. Tem até música que o pessoal canta para ela. É engraçado”, explica Raul.

O trabalho

Diariamente, o trabalho de dez coveiros em todo o território do cemitério se inicia às 6h da manhã e termina às 18h no regime de 12 horas por 36 de folga. Segundo os funcionários do local, a média de enterros por dia é de 25 pessoas. Quando não estão enterrando, os coveiros limpam o cemitério.

"Nós queríamos apenas que todo esse trabalho árduo que a gente faz fosse reconhecido pelas pessoas. Não somos tristes ou infelizes por trabalharmos aqui, apenas exercemos nossa profissão como qualquer outra e somos felizes, sim, fazendo isso. É um trabalho muito humano e corajoso", finaliza Raul.

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