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Construído em 1867 em estilo neoclássico, o prédio que abrigava a Casa de Detenção do Recife hoje é um dos principais pontos turísticos do Estado. Com recém-completados 37 anos, a Casa da Cultura mantém viva a proposta de preservação e manutenção da história e das manifestações culturais de Pernambuco. O local, que funciona de domingo a domingo, chega a receber até 3 mil pessoas por dia e conta com uma programação cultural extensa e que perdura todo o ano.

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Conhecido como um dos principais centros de revenda de artesanatos, a Casa da Cultura oferece uma gama de variedades extensa, de cordéis a joias com pedras preciosas. Encontra-se de tudo no espaço, segundo Maria José Félix Moutinho, gestora da Casa da Cultura, "É o equipamento cultural mais importante do estado". Ela destaca que "Além de ser um centro de compras, é, principalmente, um centro cultural". 

Maria José, que assumiu o cargo há quase um ano, mostra sua paixão pela Casa e conta um pouco sobre a trajetória do espaço: "Você passa de um equipamento repressor, que era a Casa de Detenção do Recife, para um instrumento libertador que é a Casa da Cultura de Pernambuco, que desde 1989 se chama oficialmente de Casa da Cultura Luiz Gonzaga. Aqui ela divulga e preserva a cultura do estado, as manifestações culturais de Pernambuco".

E são as manifestações culturais populares que tomam conta do centro. Xaxado, frevo, maracatu, bonecos, teatro, todas essas formas de expressão encontram no antigo presídio. Um palco encantam turistas e passantes, que não perdem a oportunidade de conferir uma apresentação. Submetida a uma reforma que ocorre a passos lentos - devido um acordo entre a administração e os lojistas, que prevê o funcionamento do local enquanto as melhorias são executadas - a Casa da Cultura Luiz Gonzaga foca nas escolas para manter viva a paixão pelo artesanato e pela multiculturalidade que tanto marca Pernambuco.

"As escolas são muito importantes. Tanto para os lojistas como também para a preservação da cultura. Os meninos chegam, compram, viram clientes, voltam com seus pais e mantém um ciclo. Nós mantemos, inclusive, uma programação especial para esse pessoal", garante Maria José. E por falar em lojistas, o senhor Florisvaldo Régis Loureiro fez questão de mostrar que possui 38 anos de casa, exibindo seu registro datado em 10 de julho de 1975. "A Casa é importante para todo mundo. Ela serve para divulgar o que é nosso", diz o comerciante e artesão. 

Em seu box, que fica na ala Oeste, ele vende gravuras, quadros e peças em cerâmicas feitas por sua família. O artesão faz parte dos 110 empreendedores individuais que utilizam o equipamento para vender seus trabalhos ou revender obras de terceiros. Régis afirma que os primeiros anos na casa foram maravilhosos, mas hoje os lojistas sofrem com a falta de divulgação do espaço na mídia.

"No começo era uma beleza, mas agora tem artesanato em todos os cantos. Fica difícil vender, complicou um pouco. Precisa melhorar a divulgação daqui, melhorar a imagem, muito mesmo. O lojista não consegue vender para fazer propaganda, a gente não tem dinheiro suficiente para pagar publicidade, sabe?", reclama o comerciante. Mas, apesar dos problemas, a Casa da Cultura ainda é um dos pontos preferidos de turistas e moradores da cidade. Adielson Alves e Tereza Lima trouxeram alguns amigos e familiares para conhecer o local.

"Eu gosto de trazer pessoas de fora para mostrar a cultura pernambucana", diz Alves. Apesar de acreditar que o espaço precisa de melhorias, Adielson diz preferir a Casa da Cultura a outros espaços turísticos que também vendem artesanatos, como o Mercado de São José e o Centro do Artesanato de Pernambuco. "A estrutura aqui é melhor", diz ele. Tereza afirma concordar, porém afirma sentir falta de duas coisas: "precisa de música para animar mais o pessoal e de climatização, aqui dentro é muito quente!".

Apesar do calor, a Casa não fica vazia por muito tempo. "Às vezes a casa está vazia e do nada surgem as pessoas e aqui vira um formigueiro!", conta a gestora Maria José. Ela revela que a administração não vai deixar de oferecer cursos para o público e, de olho na Copa do Mundo de 2014, também vai levar cursos de inglês para os lojistas. "Nós queremos que o equipamento sirva como um espaço de formação para jovens e desempregados e vamos implementar cursos de idiomas, moda, sustentabilidade e outros na programação anual daqui".

Outra novidade preparada é um levantamento dos presos que passaram pela antiga Casa de Detenção. "Estamos fazendo o mapeamento dos presos políticos que por aqui passaram. É uma necessidade da casa, de preservar a sua história", diz Moutinho. O projeto consiste em, depois de feito o levantamento, relatar um breve histórico das vítimas da repressão do governo militar em placas colocadas ao lado das celas.

Idealizada por Francisco Brennand, a Casa da Cultura Luiz Gonzaga está prestes a comemorar quatro décadas de existência e pretende manter viva sua história, que se funde com a história de Recife e de Pernambuco. "A Casa da Cultura tem seu espaço, ela é histórica, tem sua participação efetiva na história do estado e faz parte do roteiro dos visitantes que aqui chegam", relata sua gestora. "Nós temos produtos de todo o estado e de outros como Piauí e o Ceará também", completa.

Com inegável importância e presença no cenário artesanal da região, a Casa da Cultura continua sendo um ponto de referência para aqueles que desejam se aproximar da cultura nordestina. Nela além de encontrar um pedaço da história pernambucana, também se pode sentir de perto a multiculturalidade que faz de Pernambuco um dos principais pontos de difusão cultural no país.

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