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O ministro Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defendeu nesta quinta-feira (22) o projeto de lei do Registro Civil Nacional (RCN). A proposta vem sendo criticada por associações de cartórios e outras entidades, que enviaram pareceres à comissão especial na Câmara questionando a inconstitucionalidade da lei.

O projeto, apresentado ao Congresso pelo Executivo em coautoria com o TSE, prevê unificar os dados do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil a partir do cadastro biométrico realizado pela Justiça Eleitoral, incluindo outras informações biográficas ou biométricas em outras bases de dados da Justiça.

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"Esse projeto está sendo encaminhado pela Justiça. Estamos absolutamente seguros da constitucionalidade dele", afirma Toffoli. "Sei de pareceres contrários à medida e que foram enviados à comissão, mas esta é uma avaliação de alguns professores; mas não é a de seis eminentes ministros do TSE." O deputado Júlio Lopes (PP-RJ), relator do projeto, questiona a segurança do sistema.

Para ele, o gasto público é desnecessário, já que o Cadastro de Pessoa Física (CPF) já garante as necessidades de identificação no Brasil. "O gasto previsto para emissão de novas identidades, de R$ 2 bilhões, não condiz com o momento de crise em que vive o País", afirma.

Além disso, o deputado diz que o RCN fere a privacidade. "Entidades importantes como associações de bancos, sindicatos das polícias federais e tribunais de justiça, além de renomados juristas se põem frontalmente contra o projeto", contesta.

Toffoli rebate destacando a eficiência do registro biométrico para assegurar a identificação dos brasileiros no processo eleitoral. Ele lembrou casos nas últimas eleições em que brasileiros apresentaram mais de um CPF para poder votar em zonas eleitorais diferentes, e foram identificados e punidos por crime de falsidade graças ao banco de dados da Justiça Eleitoral.

Segundo Toffoli, não faz sentido que o registro biométrico seja usado somente a cada dois anos. "Se vossas excelências aprovarem esse projeto, já acabaria com todo tipo de fraude", argumenta. Segundo ele, desde o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, todos os governos vêm tentando, sem sucesso, unificar a identificação dos brasileiros.

O custo do TSE por eleitor, quando o sistema for universal, será de 18 centavos por eleitor, segundo o ministro. A previsão é que isso aconteça em 2020. "O País já está fazendo esse investimento a baixíssimo custo, e todo esse esforço não pode ser desperdiçado", argumentou.

Toffoli também defendeu que a aprovação do projeto é questão de segurança pública. "O mundo inteiro está discutindo a identificação nacional depois do 11 de setembro. Em alguns países, nem documento em papel existe mais."

A presidente Dilma Rousseff anunciou a criação nesta quinta-feira do Registro Civil Nacional (RCN), com o objetivo de "simplificar" e "desburocratizar" a vida dos cidadãos que passarão a ter uma carteira de identidade única. Esta é a segunda vez que o governo petista lança o mesmo projeto. Em 30 de dezembro de 2010, dois dias antes de deixar o Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez semelhante cerimônia, no Ministério da Justiça, apresentando o Registro de Identidade Civil (Ric), com o modelo da nova carteira de identidade dos brasileiros, com chips contendo todos os dados como CPF, RG, titulo de eleitor e o Programa de Integração Social (PIS).

"A criação do Registro Civil Nacional garantirá a cada cidadão brasileiro um único número de identificação, ao qual estarão associados todos os outros documentos. Quem não sonha sair de casa carregando apenas um documento, em vez de ser obrigado a andar com vários deles?", afirmou a presidente, em discurso, após assinar o envio de projeto com a proposta ao Congresso.

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"Nós nos propusemos a ajustar processos e procedimentos para que cada cidadão seja tratado como único que é, abolindo os vários números que hoje o representam", prosseguiu a presidente, repetindo o teor do discurso do então ministro da Justiça. Luiz Paulo Barreto, que ocupava o posto à época, em sua fala, ressaltou que este "é um documento que resgata a cidadania, traz praticidade e segurança ao cidadão no dia a dia".

Também naquela época, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, estava presente à cerimônia, já que o órgão ajudou a União a desenvolver o modelo. Hoje, além de Lewandowski, o atual titular da Justiça Eleitoral, José Dias Toffoli.

Em dezembro de 2010, foram veiculadas campanhas publicitárias em rede nacional de rádio e TV falando da nova identidade. O projeto piloto seria lançado em Brasília, Salvador, Hidrolândia (GO), Nísia Floresta (RN), Rio Sono (TO), no Rio de Janeiro e na Ilha de Itamaracá (PE). Pelo menos 125 mil pessoas receberiam o RIC nessa primeira etapa, podendo chegar a dois milhões. Segundo o Ministério da Justiça investimento no primeiro ano alcançaria cerca de R$ 90 milhões.

Só que nada saiu do papel. Em abril de 2012, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que um "problema de execução" prejudicou a emissão das carteiras. Na cerimônia desta quinta-feira, um informativo da Secretaria da Micro e Pequena Empresa esclarecia que o objetivo da medida é que 200 milhões de brasileiros sejam registrados nos próximos três anos. De acordo com a proposta, os cidadãos brasileiros ou naturalizados serão identificados por suas impressões digitais e faciais. Os dados serão compartilhados entre órgãos da administração pública da União, Estados, Distrito Federal e municípios.

"O Estado tem o dever de ser mais eficiente, adotando todos os recursos tecnológicos para atender bem ao cidadão", afirmou a presidente, em discurso, no Planalto, depois de anunciar que o projeto de lei que cria o Registro Civil Nacional será encaminhado ao Congresso. "Vamos somar recursos humanos e financeiros para finalmente viabilizar a criação de um único número de registro", ao explicar que a implementação e a gestão do processo será feito por um comitê de representantes dos dois poderes, de forma igualitária, para racionalizar o uso de recursos públicos.

"Isso vai permitir serviços mais céleres e eficientes", comentou. "O Congresso Nacional certamente analisará essa proposta de sugestão e nos apoiará no desafio de inaugurar uma nova etapa na relação do Estado com os brasileiros e brasileiras, relação que, sobretudo, será bem mais simples", disse a presidente.

O registro único será feito numa parceria entre o Executivo e o Judiciário, que já fez a coleta de dados biométricos de cidadãos em diversas cidades - dos 142 milhões de eleitores brasileiros, 24,5 milhões já foram registrados.

 

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