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Um holandês, que está sendo julgado por ter confinado seis de seus filhos em uma fazenda remota, teria espancado os menores para expulsar os "maus espíritos" - disseram os promotores durante uma primeira audiência nesta terça-feira (21).

As vítimas foram encontradas em uma fazenda na cidade de Ruinerwold em outubro passado.

O réu Gerrit Jan van D., de 67 anos, submetia os jovens a "castigos físicos muito graves, quando alegava que estavam possuídos" por algum espírito maligno.

Ele é acusado de ameaçar a liberdade de seus seis filhos, no período de 2007 a 2019, e de "socar, chutar e negar comida e bebida a eles". Também é suspeito de abusar sexualmente de dois de seus três filhos mais velhos.

Van D. não compareceu à audiência, realizada na cidade de Assen, por razões médicas.

Neste mesmo caso, Joseph B., um austríaco de 58 anos que morava na fazenda, também é acusado de atentar contra a liberdade das crianças. Ele esteve presente no tribunal.

"Sinto que é uma caça às bruxas", declarou Joseph B. no tribunal. "Tenho a consciência limpa. Não roubei a liberdade de ninguém", afirmou.

A família foi descoberta em outubro, depois que o filho mais velho, que ainda morava na fazenda, foi a um bar local em estado confuso. Ele chamou atenção, ao se mostrar preocupado com as condições de vida de sua família.

Depois disso, a polícia invadiu a fazenda e prendeu Gerrit Jan van D. e Joseph B.

Uma das crianças tinha os pés e mãos amarradas, enquanto outra foi forçada a passar o verão inteiro em uma casinha de cachorro, localizada na fazenda, na província de Drenthe (norte), explicaram o promotores.

"Todas as crianças falam de castigos físicos muito graves, quando o pai acreditava que havia um 'espírito maligno' nelas. Os maus-tratos aconteciam desde que eram muito jovens, a partir dos quatro, ou cinco anos", disseram os promotores durante a audiência.

Segundo os promotores, as seis crianças menores de nove anos "viviam em reclusão desde o nascimento e tinham que se manter tranquilos para que ninguém soubesse que elas existiam".

Não foram registradas e nunca foram à escola, acrescentaram.

Escolarizadas, as três crianças mais velhas foram proibidas de contar a qualquer pessoa a existência de seus irmãos e irmãs, disseram os promotores.

Citando os diários das crianças, os promotores relataram que todas falaram de sua "convicção de que ter contato com o mundo exterior as deixariam 'sujas' e que existem espíritos malignos que entram no corpo".

O pai dizia a elas quando eram possuídas por "espíritos malignos". Quando isso acontecia, "a criança era isolada, tinha que rezar, e os outros membros da família não tinham permissão para entrar em contato com ela, às vezes por meses", completaram os promotores.

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