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A noite desta terça (1º) marcou a exibição dos últimos filmes da mostra competitiva do Cine PE Festival do Audiovisual. Dois longas pernambucanos encerraram a programação do festival, que teve mais uma noite de problemas técnicos, desta vez durante a exibição dos curtas metragens.

Os portões foram abertos às 19h15, quando uma grande fila já estava formada no saguão do Centro de Convenções, que abriga o Teatro Guararapes, local de exibição dos filmes do festival. A programação da noite começou com a exibição do curta de animação pernambucano Dia Estrelado, feito com massa de modelar e utilizando a técnica de stop motion.

Apesar da técnica e do material usados, comumente associados a filmes infantis, Dia Estrelado tem uma temática séria. Sem diálogos, mostra uma situação de seca e penúria extremas, em que o sol castiga e o vento é marcante no cotidiano de seus personagens. Há alguns momentos engraçados e até tocantes, como a relação de um menino com uma flor em meio à falta d'água. Ele chega a regá-la com lágrimas, quando ela se abre em uma bonita cena.

O curta é muito bem acabado e foi resultado de um longo trabalho, como explicou a diretora Nara Normande: "Demoramos um bom tempo para fazer (o filme), foram quatro anos de trabalho", disse quando foi apresentar o filme.

Também com um tema pesado, A Fábrica conta a história de um preso que convence a mãe a levar um celular para ele no dia da visita. Um certo suspense se faz, dando a entender que o aparelho será usado para a prática de algum crime. De cenas fortes, o curta dirigido por Aly Muritiba termina com o preso falando com a filha pelo celular, o real motivo da arriscada empreitada: era aniversário dela, e ele não pode ir pois "estava trabalhando na fábrica".

O terceiro curta da noite e último da mostra competitiva do Cine PE 2012 foi Sonhando Passarinhos, do Distrito Federal. Dirigido por Bruna Carolli, o filme é um mergulho no universo infantil e se utiliza muito bem de recursos de animação para representar a imaginação da pequena personagem principal. Sonhando e Fábrica tiveram suas exibições interrompidas por problemas técnicos, infelizmente uma constante nesta edição do festival, o público chegou a aplaudir ironicamente e ouviu-se até algumas vaias, principalmente quando o problema aconteceu pela segunda vez na noite desta terça.

Mesmo com problemas, o público mostrou ter gostado dos três filmes, que fecharam com qualidade a mostra de curtas metragens do Cine PE. Após um intervalo, foram exibidos dois longas pernambucanos, últimos fimes da mostra competitiva que premia nesta quarta (2) os vencedores do Troféu Calunga em todas suas categorias.

Na quadrada das águas perdidas, de Wagner Miranda e Marcos Carvalho tem apenas um ator em cena, Matheus Nachtergaele. Apenas um ator humano, porque a presença de outros animais é marcante na película, especialmente um onipresente urubu, que permeia toda a obra avisando da proximidade com a morte no ambiente inóspito em que acontece a ação.

Sem diálogos, o filme estampa a luta pela sobrevivência nos confins do sertão nordestino. Uma qualidade do longa está na sonoplastia e na trilha sonora, que por vezes se confundem de forma orgânica. Um tanto repetitivo, Na quadrada é um filme que, talvez intencionalmente, demora a passar. Ao fim do primeiro longa, muita gente foi embora, ainda que faltasse mais um filme para encerrar a mostra.

O último filme da mostra competitiva do festival foi exibido, Estradeiros, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, documentário que trata de viajantes. Com jogos de câmera, montagens e sobreposições de imagens, o longa acompanha diferentes personagens e momentos dos "malucos de BR", viajantes que geralmente vivem de sua arte e seguem sem rumo definido de cidade em cidade, atravessando fronteiras e indo a vários países da América Latina.

Sem se fixar em nenhum personagem ou definir uma linguagem, Estradeiros acaba sendo um mosaico, quase uma colagem, de situações e depoimentos às vezes descontextualizados e acaba se perdendo, por exemplo quando foca nos "freegans", veganos radicais que levam uma vida à margem da sociedade de consumo utilizando o que é descartado por ela.

Mas o longa acerta em mostrar o lado humano de artistas para os quais muitas vezes se torce o nariz em sinais de trânsito, ônibus e praias, locais onde se apresentam ou vendem seu artesanato, tocam ou realizam apresentações circenses.

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