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O cinema mais autoral e de temática mais contemporânea, produzido na América Latina e preferencialmente em sistema de coprodução, ou seja, por mais de um país, é o foco do 7º Festival de Cinema Latino-Americano, que acontece este mês, em São Paulo. Além de viabilizar o orçamento da película, a integração viabiliza maior circulação do produto cultural, de acordo com os organizadores.

“Essa é uma tendência contemporânea. Quando um filme é uma coprodução Brasil-Argentina, por exemplo, o potencial de circulação e de público cresce muito. E essa tendência tem se tornado cada vez mais presente na produção da América Latina”, disse Francisco César Filho, um dos diretores e curadores do evento.

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A sétima edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo ocorre entre os dias 12 e 19 de julho. Mais de 70 filmes de 12 países latino-americanos serão exibidos durante a mostra, entre inéditos e premiados em festivais como Berlim, Cannes e Havana. Neste ano, o festival vai premiar com R$ 99,4 mil o melhor filme sul-americano feito em coprodução.

A importância da coprodução no cinema latino-americano também será discutida em uma mesa de debates que ocorre no dia 19 de julho, na Cinemateca Brasileira. “Neste debate, a mesa será composta por instituições brasileiras que têm política de coprodução, como a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Ministério das Relações Exteriores”, falou o curador.

A programação é representativa, conforme Francisco César Filho. “O festival traz os recentes trabalhos do cinema feitos na América Latina, principalmente os mais autorais e dos realizadores que estão se destacando no cenário internacional”, disse o curador, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, quase todos os filmes contemporâneos que serão exibidos no festival são inéditos em São Paulo ou no Brasil.

Entre as produções brasileiras que serão exibidas no festival estão os filmes Hoje, de Tata Amaral, vencedor do Festival de Brasília no ano passado, e Histórias Que Só Existem Quando Lembradas, de Júlia Murat. A mostra também vai exibir o filme Augustas, que se passa todo na Rua Augusta, em São Paulo, e é dirigido pelo curador do festival. “É a primeira exibição do filme em São Paulo”, disse César Filho.

Na sexta-feira (13), o festival programou uma sessão especial, à meia-noite, do filme Juan de los Muertos, do diretor Alejandro Brugués. No filme, Brugués apresenta a cidade de Havana destruída e dominada por zumbis, em uma sátira política à situação cubana. O filme conquistou o prêmio do público no Festival de Leeds.

O festival também irá apresentar o premiado road movie mexicano Um Mundo Secreto, do diretor Gabriel Mariño, que retrata a juventude mexicana atual, entre a violência, a instabilidade social e as incertezas sobre o futuro. “Nesse cinema mais recente latino-americano, percebemos alguns pontos comuns, entre eles, personagens urbanos e jovens, que são protagonistas de mais da metade dos filmes que serão exibidos”, falou César Filho.

Segundo o curador, outra característica comum entre os filmes latino-americanos é a temática social e política. “Há uma característica comum no cinema latino-americano como um todo, historicamente, que é a presença do contexto social e político. Diferente de algumas cinematografias no mundo, o cinema na América Latina, em sua maioria, sempre reflete algo correspondente ao meio social onde foi feito”.

Os filmes serão apresentados no Memorial da América Latina, no Cinesesc, no Cinusp e na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A entrada é franca. Mais informações e a programação do evento podem ser obtidas no site www.festlatinosp.com.br ou www.memorial.org.br.

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A noite desta terça (1º) marcou a exibição dos últimos filmes da mostra competitiva do Cine PE Festival do Audiovisual. Dois longas pernambucanos encerraram a programação do festival, que teve mais uma noite de problemas técnicos, desta vez durante a exibição dos curtas metragens.

Os portões foram abertos às 19h15, quando uma grande fila já estava formada no saguão do Centro de Convenções, que abriga o Teatro Guararapes, local de exibição dos filmes do festival. A programação da noite começou com a exibição do curta de animação pernambucano Dia Estrelado, feito com massa de modelar e utilizando a técnica de stop motion.

Apesar da técnica e do material usados, comumente associados a filmes infantis, Dia Estrelado tem uma temática séria. Sem diálogos, mostra uma situação de seca e penúria extremas, em que o sol castiga e o vento é marcante no cotidiano de seus personagens. Há alguns momentos engraçados e até tocantes, como a relação de um menino com uma flor em meio à falta d'água. Ele chega a regá-la com lágrimas, quando ela se abre em uma bonita cena.

O curta é muito bem acabado e foi resultado de um longo trabalho, como explicou a diretora Nara Normande: "Demoramos um bom tempo para fazer (o filme), foram quatro anos de trabalho", disse quando foi apresentar o filme.

Também com um tema pesado, A Fábrica conta a história de um preso que convence a mãe a levar um celular para ele no dia da visita. Um certo suspense se faz, dando a entender que o aparelho será usado para a prática de algum crime. De cenas fortes, o curta dirigido por Aly Muritiba termina com o preso falando com a filha pelo celular, o real motivo da arriscada empreitada: era aniversário dela, e ele não pode ir pois "estava trabalhando na fábrica".

O terceiro curta da noite e último da mostra competitiva do Cine PE 2012 foi Sonhando Passarinhos, do Distrito Federal. Dirigido por Bruna Carolli, o filme é um mergulho no universo infantil e se utiliza muito bem de recursos de animação para representar a imaginação da pequena personagem principal. Sonhando e Fábrica tiveram suas exibições interrompidas por problemas técnicos, infelizmente uma constante nesta edição do festival, o público chegou a aplaudir ironicamente e ouviu-se até algumas vaias, principalmente quando o problema aconteceu pela segunda vez na noite desta terça.

Mesmo com problemas, o público mostrou ter gostado dos três filmes, que fecharam com qualidade a mostra de curtas metragens do Cine PE. Após um intervalo, foram exibidos dois longas pernambucanos, últimos fimes da mostra competitiva que premia nesta quarta (2) os vencedores do Troféu Calunga em todas suas categorias.

Na quadrada das águas perdidas, de Wagner Miranda e Marcos Carvalho tem apenas um ator em cena, Matheus Nachtergaele. Apenas um ator humano, porque a presença de outros animais é marcante na película, especialmente um onipresente urubu, que permeia toda a obra avisando da proximidade com a morte no ambiente inóspito em que acontece a ação.

Sem diálogos, o filme estampa a luta pela sobrevivência nos confins do sertão nordestino. Uma qualidade do longa está na sonoplastia e na trilha sonora, que por vezes se confundem de forma orgânica. Um tanto repetitivo, Na quadrada é um filme que, talvez intencionalmente, demora a passar. Ao fim do primeiro longa, muita gente foi embora, ainda que faltasse mais um filme para encerrar a mostra.

O último filme da mostra competitiva do festival foi exibido, Estradeiros, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, documentário que trata de viajantes. Com jogos de câmera, montagens e sobreposições de imagens, o longa acompanha diferentes personagens e momentos dos "malucos de BR", viajantes que geralmente vivem de sua arte e seguem sem rumo definido de cidade em cidade, atravessando fronteiras e indo a vários países da América Latina.

Sem se fixar em nenhum personagem ou definir uma linguagem, Estradeiros acaba sendo um mosaico, quase uma colagem, de situações e depoimentos às vezes descontextualizados e acaba se perdendo, por exemplo quando foca nos "freegans", veganos radicais que levam uma vida à margem da sociedade de consumo utilizando o que é descartado por ela.

Mas o longa acerta em mostrar o lado humano de artistas para os quais muitas vezes se torce o nariz em sinais de trânsito, ônibus e praias, locais onde se apresentam ou vendem seu artesanato, tocam ou realizam apresentações circenses.

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