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A Raízen, joint venture entre a Cosan e a Shell, adquiriu 10% de participação acionária na STP - Serviços e Tecnologia de Pagamentos, responsável pelos sistemas de cobrança eletrônica Sem Parar e Via Fácil. O negócio deve alcançar a cifra de R$ 250 milhões, recursos que virão do caixa da empresa. A operação está sujeita à avaliação e aprovação do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade).

A entrada do novo grupo será pela venda de fatias de participação de quatro dos cinco atuais sócios: CCR (que passará a ter 34,24% da empresa, ante os 38,25% mantidos até agora), EcoRodovias (que reduz participação de 12,75% para 11,41%), Ivan Toledo de Corrêa Filho (de 35% para 31,33%) e GSMP (de 9,32% para 8,34%). A Arteris não participou da transação e, com isso, mantém os 4,68% que possui na companhia.

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Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o vice-presidente de Marketing da Raízen destacou as sinergias entre a empresa de distribuição e a de pagamentos, já que, uma vez aprovado pelo Cade, o negócio propiciará que as transações de cobrança nos postos de combustíveis da rede Shell passem a usar os tags do Sem Parar. "O que motiva a operação é que acreditamos em uma relação mais forte com o consumidor, e vemos na STP uma empresa bem estabelecida, com 4 milhões de usuários, com uma proposta de valor que possui sinergia de negócios com a rede Shell", disse.

O presidente da STP, Pedro Donda, acrescentou que a Raízen deverá contribuir em futuros desenvolvimentos da plataforma tecnológica da STP, além da ampliação da gama de produtos e serviços que podem ser transacionados por meio dos tags do Sem Parar. "Avaliamos quais demandas o consumidor possui quando está no veículo e, certamente, o combustível é uma delas", comentou.

O negócio foi fechado aproximadamente oito meses após o anúncio da união da Ipiranga com a OdebrechtTransport para a criação da ConectCar, concorrente da STP. Mas Linden garantiu que a entrada da Raízen na STP é "namoro antigo", já que conversas iniciais ocorrem há dois anos. Ainda assim, as negociações firmes foram efetivamente estabelecidas há cerca de sete meses, disse. A Conectcar foi anunciada em novembro de 2012 e iniciou as operações em abril passado.

O diretor de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto Filho, lembrou que há dois anos os acionistas conversavam sobre a entrada de novos sócios, visando a inclusão de outros produtos e serviços para a transação automática. Questionado se a empresa poderia receber novos sócios no futuro próximo, o executivo afirmou que, no momento, o foco é a efetiva entrada da Raízen, "mais para frente, pode ser avaliado", acrescentou.

A STP registrou no ano passado receita de R$ 460 milhões e movimentou R$ 7,5 bilhões. Possui cerca de 4 milhões de usuários e nos últimos cinco anos registrou crescimento de, em média, 20% na sua base de usuários e na base de cobertura. Segundo Donda, esse nível de expansão "vem se mantendo neste ano". A empresa também investe entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões por ano e aguarda a aprovação da entrada da Raízen para montar seu novo plano de negócios.

Anunciado pelo governo do Estado em maio como estratégia para baixar preços, o novo serviço de cobrança eletrônica de pedágio está atrasado quase dois meses. Os produtos da Auto Expresso, que concorrem com o Sem Parar, já deveriam ser oferecidos aos motoristas que trafegam pelas rodovias sob concessão desde 1.º de setembro. As antenas para leitura de "tag" - dispositivo que registra a cobrança quando o veículo se aproxima da cancela - também já estão instaladas. Mas o único serviço ativo hoje em todo o Estado continua sendo o Sem Parar.

Apenas três concessionárias concordaram com o novo sistema, que é gerenciado pelo DBTrans. Já usam o Auto Expresso a CART, na região de Bauru, a SPMar, no Trecho Sul do Rodoanel, e a Rota das Bandeiras, na Rodovia Dom Pedro I. As outras concessionárias, segundo a DBTrans, solicitaram alterações do contrato.

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No total, o governo do Estado tem 19 estradas administradas sob o regime de concessão.

Parte das concessionárias que ainda não aceitaram adotar o novo sistema de pedágio eletrônico são ligadas ao Grupo STP, do Sem Parar. É o caso das responsáveis pelas Rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco e Raposo Tavares, do Grupo CCR, que também gerencia o Trecho Oeste do Rodoanel. Anchieta, Imigrantes, Ayrton Senna e Carvalho Pinto são da EcoRodovias. A STP informa, em seu site, que 38,25% de suas ações pertencem à CCR e 12,75%, à EcoRodovias.

Concorrência. Um dos argumentos usados pelo governo do Estado para abrir o mercado de pedágio eletrônico era o de estimular a concorrência. O Sem Parar, por exemplo, extinguiu a taxa de adesão que era cobrada antes da concessão ao Auto Expresso. Também foi criado um plano pré-pago. O Auto Expresso, quando começar a ser vendido, também terá um plano pré-pago.

O professor de Análise Econômica do Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cleveland Prates explica que a concorrência é benéfica para os usuários. "A empresa pode não ter incentivos para deixar que outras entrem no negócio, porque ela já cobra o preço de monopólio pelo serviço." Com concorrentes, o preço final para o consumidor pode baixar.

O consultor de viagens Rogério Marques, de 32 anos, usa o Sem Parar em seu carro cerca de 20 vezes por mês, entre pedágios e estacionamentos que aceitam o serviço. Ele diz que, se houvesse concorrência, cogitaria trocar de operadora. "Com certeza, pesquisaria e verificaria qual me traria mais benefícios."

Contratos. A Agência Reguladora dos Transportes de São Paulo (Artesp) informou que "identificou divergências no contrato oferecido pela DBTrans às outras concessionárias" e "vem tentando mediar soluções para que os contratos sejam assinados". A CCR disse que "as negociações para a implantação do sistema Auto Expresso" em suas rodovias "estão em andamento". A EcoRodovias afirmou que "não há qualquer tipo de conflito de interesses" e que já instalou as antenas e fez "ajustes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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