O primeiro incidente técnico deste ano no Teatro Municipal de São Paulo aconteceu durante a ópera Aida, em agosto - a primeira montagem comandada por John Neschling como diretor artístico da casa. E já naquela época, mesmo antes que nova falha interrompesse, no domingo, 15, récita de Don Giovanni, foi aventada pela direção do teatro a hipótese de sabotagem.
Tanto José Luiz Herencia, presidente da Fundação Teatro Municipal, quanto John Neschling, não podem se pronunciar publicamente sobre o ocorrido, pois estão citados na sindicância instaurada pela Prefeitura para investigar o ocorrido - e, por conta disso, os pedidos de entrevista foram direcionados para a Secretaria de Comunicação da Prefeitura. Mas funcionários ouvidos pela reportagem, com a condição de não serem identificados, afirmaram ontem, 17, que o episódio de domingo apenas confirmou a suspeita nascida em agosto.
##RECOMENDA##Para um deles, é difícil acreditar na teoria de simples coincidência, uma vez que, nos dois casos, as falhas técnicas estiveram associadas a elementos fundamentais das produções - ou seja, o suposto sabotador sabia exatamente onde agir. Na Aida, o uso do elevador era parte fundamental da concepção visual do espetáculo, assim como Don Giovanni aposta em efeitos de luz. Por outro lado, as falhas poderiam ter ocorrido justamente por conta do "uso excessivo" desses elementos.
A suspeita de sabotagem sugere a existência de desentendimentos internos entre a nova equipe comandada pelo maestro Neschling, que assumiu a direção artística em janeiro, e funcionários de antigas gestões - e traz para o plano real discussões que, até agora, vinham povoando redes sociais, onde as falhas técnicas são atribuídas à contratação de novos funcionários, que não estariam familiarizados com a função e o funcionamento do Municipal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.