Claudia Raia arrumou um tempinho em sua agenda agitada para conversar com Patrícia Kogut do jornal O Globo e inicialmente comentou sobre a novela Ti-Ti-Ti, que está de volta nas telinhas da Globo, e onde ela protagonista Jaqueline que é apaixonada por Jacques Leclair.
"Todo mundo fala dela nos lugares aonde vou e também no Instagram. Escuto muito: Ela é hilária, estou me divertindo. Jaqueline é mesmo uma personagem marcante. E a novela fala de moda, é atual e chique até hoje, mesmo dez anos depois. Na verdade, fala do melhor e do pior do ser humano. A briga dos dois protagonistas é algo que a gente olha e identifica na vida real. Esse tipo de rivalidade, de um querendo passar a perna no outro, é inesgotável. Mas ali é mostrado com humor. E fica tão leve, tão gostoso... Foi uma novela que fez diferença lá atrás e faz a diferença agora novamente", disse.
##RECOMENDA##A artista revelou também que se diverte muito quando relembra os gestos engraçados e situações absurdas que a personagem se colocava.
"Fiz coisas inaceitáveis. Fico olhando e penso: O que é isso?. Um diretor [Jorge Fernando] com quem você tem toda a intimidade do mundo te dá a possibilidade fazer qualquer coisa, de A a Z", contou.
E no meio dessas cenas carregadas nas tintas que Claudia Raia acabou compartilhando um momento especial com Nicette Bruno do qual se lembra com extremo carinho até hoje. Naquela época, a mãe de Enzo Celulari estava se separando de Edson Celulari.
"Apesar de ser uma separação tranquila, porque de fato foi, nunca é fácil. E, assim como em 'Verão 90', quando perdi minha mãe, a personagem me salvou. Pela primeira e única vez na vida, eu estava tomando antidepressivos, bem fraquinhos. Usei por nove meses. O médico achou que, com toda a situação, mais o fato de eu estar trabalhando muito, o remédio iria ajudar a encontrar um equilíbrio emocional. E o que acontece é que você fica meio sem emoção, meio neutro, numa espécie de ponto morto. Isso para um atriz é muito ruim, um limbo. Fiquei com medo de não conseguir acessar com facilidade as emoções", disse.
"E me lembro de uma cena que eu tinha com a Nicette, no cenário da casa do Jacques, que eu entrava às gargalhadas, falando absurdos, e depois caía em prantos. Li e pensei: Meu Deus, como vou resolver isso?. Fiquei preocupada e, quando cheguei e comecei a ensaiar, a Nicette percebeu e me perguntou: O que foi, filha?. Expliquei minha aflição e ela me acalmou: As emoções estão num único lugar, dentro de você. Só você sabe fazer essa personagem. É sua, você que construiu. E muito bem, inclusive. Você vai acertar, e a emoção vai vir. Aquilo me deu uma calma. Ela falou o que eu precisava ouvir. A cena foi ótima. A emoção veio num momento diferente, mas ficou incrível, mais inusitado ainda. Sempre me lembro desse momento que vivia em 'Ti-ti-ti'. Eu tentando me segurar, segurar a onda dos meus filhos nesse processo de separação. Foi um momento difícil, mas passou", completou.
Lembrando que Nicette Bruno acabou morrendo no final de dezembro de 2020 vítima do novo coronavírus, e por isso a atriz guarda ainda com mais carinho o conselho da veterana.