Tópicos | Ultraleves

Pequenos, coloridos e rápidos. Os ultraleves despertam o interesse não só na criançada que fica encantada em ver os famosos aviõezinhos dos desenhos animados no ar, como nos adultos que veem ele como uma forma de voar, literalmente, dos fortes congestionamentos que o trânsito proporciona diariamente. Fruto de um sonho de garoto, a fábrica de aviões pernambucana, Aeropepe é a única do Brasil e está entre as cinco do mundo, que cria ultraleves de material composto de fibra de vidro.

O proprietário e idealizador da empresa, Jose Adolfo Garrido Andrade, de 54 anos, conhecido por “Pepe”, instalou o seu sonho há 16 anos no Aeroclube de Pernambuco, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. A fábrica produz aviões pequenos feitos de fibra de vidro, chamado de material composto, que suporta apenas duas pessoas e possui a tecnologia mais avançada para modelos desse tipo. Eles demoram quatro meses para serem feitos, têm um motor que voam duas mil horas, além de serem customizados de acordo com o gosto do consumidor, custando em torno de 150 a 200 mil reais.

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Eles podem até ser mais baratos que alguns carros importados, entretanto o valor que um proprietário desembolsa para a manutenção pode ser no mínimo de R$ 500 reais para os serviços básicos como troca de óleo e filtro, a cada 50 horas. Para os que voam com intensidade, 100 horas por ano, podem ter gastar mais que o dobro disso. Segundo a Aeropepe, o cidadão que deseja ter um ultraleve desse tipo precisa apresentar a carteira de piloto privado ou piloto de recreio, que leva três a quatro meses para sair.

“A proposta desse modelo de avião é você ter uma alternativa para resolver problemas com mais agilidade. O cidadão que tem uma propriedade em outra região e precisa visitar semanalmente ou quase diariamente e terá que enfrentar uma estrada muito desgastada, o trânsito muito ruim ou o local é de difícil acesso, o avião ajudará. Basta o lugar ter uma pista de pouso experimental com 400 a 500 metros de grama ou de terra e você opera com ele nesta pista”, explicou Pepe. “É uma economia de tempo absurda, o que você levaria horas ou até um dia inteiro para chegar ao destino, você gastará minutos, na maioria das vezes”, enfatizou. 

Ainda de acordo com proprietário, toda a fuselagem dos ultraleves é mão de obra recifense, como a asa, corpo do avião e o profundor, mas o motor é importado da Áustria, e a parte eletrônica e digital como o computador de bordo e piloto automático também, já que o Brasil ainda não possui fornecedores desses produtos. Esses gastos valem de 40% a 50% do valor de custo do avião, deixando um percentual de nacionalização muito alto de 50% a 60%.

Mesmo o percentual sendo satisfatório, a dificuldade de vendas é muito alta, porque o mercado consumidor deste tipo de equipamento é no Sudeste e o Centro-Oeste. “O difícil é trazer os clientes para o nordeste para conhecer o avião, porque eles só compram depois que experimentam”, contou Pepe. Segundo ele, uma aeronave da empresa vai se deslocar por todo o Brasil para fazer demonstrações.

Mesmo sendo compacto, esse tipo de avião não é um objeto para se ter em casa. Será necessário possuir um hangar ou coloca-lo dentro de um aeródromo situados em aeroclubes e aeroportos na cidade.  Para encher o tanque de um Flamingo, nome do modelo fabricado pela Aeropepe, é necessário desembolsar em torno de R$ 400 reais, dependendo do valor do litro de AVGAS (combustível específico para aeronaves) que atualmente está custando R$ 4,20. Entretanto, mesmo com o valor alto, o custo por quilômetro voado ainda continua sendo baixo, segundo a empresa. Um Flamingo gasta em média R$ 0,30 centavos por cada KM. Com o tanque cheio, da para fazer uma viagem Recife até Salvador ou voar mil quilômetros.

O sonho do proprietário pode ganhar outros ares, com os problemas que veem passado devido o fechamento do Aeroclube. Uma empresa propôs que ele levasse o empreendimento para Centro-Oeste, entretanto, Pepe procura uma alternativa para continuar deixando sua empresa em solo pernambucano. “Vamos nos mudar para uma cidade próxima de Recife. É uma pena que o Estado tenha que perder este Aeroclube que já recebeu pessoas importantíssimas do mundo”, desabafou Pepe. 

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