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Depois que o Aeroclube de Pernambuco fechou as portas após mais de 70 anos de existência, em março, devido às obras da Via Mangue, muitos foram os prejudicados, inclusive a empresa de aviação Aeropepe, que ainda se encontra instalada no local.

Segundo o proprietário do empreendimento, José Rodolfo Garrido Andrade, o Pepe, 52, o lugar faz parte da história de Pernambuco. Ele diz que por ele já passaram pessoas importantíssimas do correio Francês e o famoso escritor do livro O Pequeno Princípe, Antonie de Saint Exupéry. “Estamos esperando para saber quais vão ser os reais desdobramentos dessa loucura que isso se transformou. Um aeroclube histórico sendo desmontado sem se respeitar nada. Tem um galpão que foi construído na França antes da segunda Guerra Mundial e nada disso tem valor no nosso país”, contou Pepe. “Já entramos com ações pra reverter a situação, mas contra o Governo ninguém consegue nada”, desabafou.

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A empresa pernambucana que é a única do Brasil que fabrica ultraleves apenas de material composto, e está sujeita a sair do Estado. “Já recebemos uma proposta de uma empresa no Centro-Oeste para nos mudar de vez, mas estamos vendo outro local fora de Recife, até porque a cidade não tem mais um espaço que nos comporte”, disse.

A problemática interferiu nas vendas e nos outros serviços oferecidos pela empresa, como a manutenção dos ultraleves. “Eu passei o ultimo mês viajando pra realizar as manutenções, o que antes eu fazia aqui no galpão, agora tenho que me deslocar pra efetuar os serviços”, falou. Ainda de acordo com Pepe, com saída do aeroclube prejudicou a chegada de novos pilotos em Recife, dificultando a aprendizagem deles devido os cursos que eram oferecidos no local, principalmente na parte prática porque se quiserem voar terão que se deslocar até Caruaru ou João Pessoa.

Como toda criança já teve o sonho de voar, José Rodolfo Garrido Andrade, de 54 anos, não foi diferente. Com 14 anos de idade, o "Pepe" não ficou satisfeito em comprar o avião de brinquedo como todos os outros garotos. Para ele, construí-los para voar era mais interessante do que deixa-los empilhados em cima de uma estante, e foi assim que a empresa Aeropepe surgiu, através de um sonho de infância

Situada no agora "ex-aeroclube" de Pernambuco, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, a empresa de aviação é fruto de muito esforço e luta diária do garoto fascinado por mecânica. Pepe nunca fez um curso ou ingressou em uma faculdade para aprender a construir um avião, ele simplesmente foi atrás das informações, mergulhou no mundo dos livros e aprendeu sozinho a fazê-los. “Não possuía família rica muito menos recursos financeiros, mas tinha a vontade de fazer que coisas voassem”, conta. 

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O autoditada que nunca terminou a faculdade de física, sempre foi envolvido com aviação. Ele frequentava o aeroclube do Recife desde os seus 14 anos e começou a fazer aeromodelos pequenos. “Não fazia aqueles bonitinhos pra ficar parado na estante, eu fazia para voar”, enfatizou Pepe. Desde cedo ele começou a se envolver com pessoas que tinham o mesmo objetivo. “Sempre tive, por conta da minha paixão ou habilidade por aviação, a oportunidade de conhecer pessoas que tinham sempre uma formação e cultura nesse ramo maior que a minha. Lógico, aprendi a tirar proveito prático disso”, explica.

Com o passar do tempo, Pepe deixou a brincadeira de lado e começou a produzir aviões para voar, e o advento da aviação ultraleve básica proporcionou para o jovem uma oportunidade de fazer acontecer o seu sonho.  “Aviação sempre foi uma coisa séria, rigorosa, muito cheia de certificações e homologações. Aí apareceram uns ‘malucos’ que começaram a voar através da asa delta, só que os próprios já estavam ficando velhos, cansados e com pouca resistência física a partir daí tiveram a brilhante ideia de colocar motores”, diz. 

Segundo ele, esse hábito virou um esporte de massa porque ele era fácil de montar e qualquer um, mesmo as pessoas sem informação, poderiam pilotar o invento.  “O esporte requeria uma grande responsabilidade. Aconteciam muitos acidentes e com isso as autoridades aeronáuticas começaram a fechar o cerco”, conta. Em seguida as pessoas começaram a aprimorar os ultraleves para ter mais performance sem deixar de lado uma atividade mais fácil do que o piloto privado e comercial que eram restritos devido os critérios de homologação, e com isso nasceu a categoria aviação experimental que perpetua até hoje. 

“Essa categoria permitiu que pilotos com uma mínima instrução, com pouca formação e com um nível mínimo de capacidade, mas com segurança, de voar e de ter direitos iguais aos os demais pilotos comerciais. Só que os níveis, locais e altitudes de voo são diferentes”, explica Pepe. Passando a fase do ultraleve primário e básico, ele chegou os mais avançados que conseguem ir a lugares mais distantes, são mais velozes e são economicamente viáveis para as pessoas que vão fazer viagens longas. 

Quando montou a empresa, o proprietário sempre priorizou a mão de obra local. “Contratamos as pessoas daqui sem nenhum conhecimento sobre o que é material composto e nós demos treinamento adequado. Hoje, temos funcionários que estão conosco desde o início da empresa”, afirma. O pessoal que morava nas comunidades locais, deixaram de ser pedreiro ou carpinteiro e aprenderam, através de cursos, a fazer soldas especiais, com processo de gases, entre outras. Atualmente a empresa conta com apenas dois dos sete funcionários devido o fechamento do Aeroclube. 

Segundo o proprietário, a Aeropepe concorre com empresas do mundo inteiro. Os ultraleves produzidos por ele 'entram na briga' com os alemães, italianos, americanos e canadenses. “Os brasileiros estão começando a acordar para essas novas tecnologias”, diz. Ele sempre acompanhou a vida útil de seus aviõezinhos. Desde o primeiro dono até o quarto ou quinto, se houver. Só que agora com a eminente mudança do local da empresa, a Aeropepe passa por uma fase ruim. O homem que apredeu a voar sozinho, se sente de mão atadas.

Pequenos, coloridos e rápidos. Os ultraleves despertam o interesse não só na criançada que fica encantada em ver os famosos aviõezinhos dos desenhos animados no ar, como nos adultos que veem ele como uma forma de voar, literalmente, dos fortes congestionamentos que o trânsito proporciona diariamente. Fruto de um sonho de garoto, a fábrica de aviões pernambucana, Aeropepe é a única do Brasil e está entre as cinco do mundo, que cria ultraleves de material composto de fibra de vidro.

O proprietário e idealizador da empresa, Jose Adolfo Garrido Andrade, de 54 anos, conhecido por “Pepe”, instalou o seu sonho há 16 anos no Aeroclube de Pernambuco, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. A fábrica produz aviões pequenos feitos de fibra de vidro, chamado de material composto, que suporta apenas duas pessoas e possui a tecnologia mais avançada para modelos desse tipo. Eles demoram quatro meses para serem feitos, têm um motor que voam duas mil horas, além de serem customizados de acordo com o gosto do consumidor, custando em torno de 150 a 200 mil reais.

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Eles podem até ser mais baratos que alguns carros importados, entretanto o valor que um proprietário desembolsa para a manutenção pode ser no mínimo de R$ 500 reais para os serviços básicos como troca de óleo e filtro, a cada 50 horas. Para os que voam com intensidade, 100 horas por ano, podem ter gastar mais que o dobro disso. Segundo a Aeropepe, o cidadão que deseja ter um ultraleve desse tipo precisa apresentar a carteira de piloto privado ou piloto de recreio, que leva três a quatro meses para sair.

“A proposta desse modelo de avião é você ter uma alternativa para resolver problemas com mais agilidade. O cidadão que tem uma propriedade em outra região e precisa visitar semanalmente ou quase diariamente e terá que enfrentar uma estrada muito desgastada, o trânsito muito ruim ou o local é de difícil acesso, o avião ajudará. Basta o lugar ter uma pista de pouso experimental com 400 a 500 metros de grama ou de terra e você opera com ele nesta pista”, explicou Pepe. “É uma economia de tempo absurda, o que você levaria horas ou até um dia inteiro para chegar ao destino, você gastará minutos, na maioria das vezes”, enfatizou. 

Ainda de acordo com proprietário, toda a fuselagem dos ultraleves é mão de obra recifense, como a asa, corpo do avião e o profundor, mas o motor é importado da Áustria, e a parte eletrônica e digital como o computador de bordo e piloto automático também, já que o Brasil ainda não possui fornecedores desses produtos. Esses gastos valem de 40% a 50% do valor de custo do avião, deixando um percentual de nacionalização muito alto de 50% a 60%.

Mesmo o percentual sendo satisfatório, a dificuldade de vendas é muito alta, porque o mercado consumidor deste tipo de equipamento é no Sudeste e o Centro-Oeste. “O difícil é trazer os clientes para o nordeste para conhecer o avião, porque eles só compram depois que experimentam”, contou Pepe. Segundo ele, uma aeronave da empresa vai se deslocar por todo o Brasil para fazer demonstrações.

Mesmo sendo compacto, esse tipo de avião não é um objeto para se ter em casa. Será necessário possuir um hangar ou coloca-lo dentro de um aeródromo situados em aeroclubes e aeroportos na cidade.  Para encher o tanque de um Flamingo, nome do modelo fabricado pela Aeropepe, é necessário desembolsar em torno de R$ 400 reais, dependendo do valor do litro de AVGAS (combustível específico para aeronaves) que atualmente está custando R$ 4,20. Entretanto, mesmo com o valor alto, o custo por quilômetro voado ainda continua sendo baixo, segundo a empresa. Um Flamingo gasta em média R$ 0,30 centavos por cada KM. Com o tanque cheio, da para fazer uma viagem Recife até Salvador ou voar mil quilômetros.

O sonho do proprietário pode ganhar outros ares, com os problemas que veem passado devido o fechamento do Aeroclube. Uma empresa propôs que ele levasse o empreendimento para Centro-Oeste, entretanto, Pepe procura uma alternativa para continuar deixando sua empresa em solo pernambucano. “Vamos nos mudar para uma cidade próxima de Recife. É uma pena que o Estado tenha que perder este Aeroclube que já recebeu pessoas importantíssimas do mundo”, desabafou Pepe. 

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