O conteúdo visto na televisão brasileira nas décadas de 1980 e 1990 pode parecer um grande surto coletivo de tão maluco e surpreendente para os padrões atuais. Cenas inóspitas e situações estapafúrdias que só poderiam sair da cabeça de homens como Antônio Augusto Moraes Liberato, o Gugu, apresentador que fez história na TV nacional revolucionando formatos e garantindo entretenimento - de qualidade muitas vezes duvidosa-, para toda a família.
Gugu faleceu no dia 22 de novembro de 2019, há exatos três anos, vítima de um acidente doméstico sofrido na residência onde morava com a família nos Estados Unidos. A partida do apresentador deixou, na televisão brasileira, um espaço vazio que só ele conseguia preencher, com suas ideias malucas e seu carisma de milhões. O comunicador deixou também órfã uma legião de fãs de diferentes gerações, que mantém vivo seu legado, seja nas lembranças de seus feitos nos programas dominicais e de auditório, seja dando continuidade ao sucesso do formato que ele próprio ajudou a criar.
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Precursor das correios de TikTok
A humanidade nem imaginava que um dia o entretenimento mundial se renderia a dancinhas virais que inundam as redes sociais, sobretudo o TikTok, e Gugu Liberato já mandava ver nos passinhos. Impossível encontrar quem tenha vivido nos anos 1980 e 1990, no Brasil, e não tenha dançado o ‘Baile Dos Passarinhos’, ou ainda, ‘Docinho, Docinho’ e ‘Meu Pintinho Amarelinho’, músicas cantadas pelo próprio Gugu em seus programas de auditório. As dancinhas do apresentador estavam sempre presentes em seus programas e não só ele, como suas assistentes e até convidados faziam toda a corêo.
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Banheira do Gugu
No auge da década de 1990, Gugu invadia as casas das famílias brasileiras, em pleno domingo à tarde, com nada menos que homens e mulheres em trajes sumários, disputando sabonetes em uma banheira cheia de espuma, no quadro Banheira do Gugu. A atração garantiu momentos escandalosos em pleno horário nobre do dominical e garantiu o sucesso de muitos dos que por lá passaram, como a modelo Luiza Ambiel, conhecida até hoje por sua participação no quadro.
Gugu na Minha Casa
Outro quadro que deixou saudades pelo enorme sucesso foi o ‘Gugu na Minha Casa’. Nele, o apresentador brotava nos lares de alguns espectadores, e até de famosos, com uma gincana aparentemente despropositada na qual colocava o convidado para encontrar objetos aleatórios como rolo de papel higiênico usado, casca de banana, ou coisa que o valha. Tudo acompanhado pelo tic tac de um cronômetro nervoso e uma buzina ensurdecedora que deixavam a brincadeira ainda mais emocionante e engraçada. Até a Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel, participou do quadro.
Falsa entrevista com o PCC
Gugu parou o país ao apresentar uma entrevista com com dois supostos membros da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital, que eram identificados como Alfa e Beta. O ano era 2003 e o estado de São Paulo vivia uma intensa onda de atentados organizados pelo PCC. Na ‘entrevista’, Alfa e Beta ameaçaram personalidades como os apresentadores José Luiz Datena (Bandeirantes), Marcelo Rezende (Rede TV!) e Oscar Roberto de Godoy (Record), e até o vice-prefeito de São Paulo à época, Hélio Bicudo.
A história soou tão estranha que virou caso de Justiça e foi desmascarada após investigação do Ministério Público que advertiu o SBT e, junto ao Tribunal de Justiça, ordenou que o programa fosse retirado do ar por duas semanas. Após esse hiato, Gugu apareceu de surpresa no programa de Hebe para pedir desculpas ao público.
Sonho Maluco
Fazendo juz ao nome, o quadro Sonho Maluco promovia verdadeiras insanidades entre os famosos a pedido dos telespectadores. A atração ia ao ar no ‘Viva a Noite’, programa noturno que Gugu comandou nos anos 1980, muito antes de dominar as tardes de domingo. Em determinada vez, o cineasta Zé do Caixão foi às lágrimas ao cortar suas enormes unhas ao som de ‘Admirável Gado Novo’, de Zé Ramalho; já em outra, Agnaldo Timóteo atravessou um painel com a foto de Jerry Adriani, dirigindo em alta velocidade; ele quebrou o nariz.