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A Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA) informou nesta terça-feira, 14, que obteve uma decisão judicial final para cobrar uma indenização de US$ 5,63 milhões do brasileiro Waldyr da Silva Prado Neto, de 43 anos, acusado de obter ganhos ilícitos com base em informações privilegiadas às quais teve acesso quando trabalhava para a consultoria Wells Fargo Advisors, em Miami.

De acordo com a SEC, Prado usou as informações para comprar ações e opções de compra (call) da rede de lanchonetes Burger King entre maio e setembro de 2010, antes do anúncio da compra da companhia pela empresa de private equity 3G Capital, em 2 de setembro daquele ano. Segundo o regulador norte-americana, no último dia 7 o Tribunal Distrital do Sul de Nova York emitiu uma decisão final contra o operador.

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"Prado soube da iminente aquisição por meio de um de seus clientes que investia em um fundo gerido pela empresa de private equity que foi usada para adquirir o Burger King. Prado usou de maneira errada essa informação confidencial para negociar ilegalmente ações do Burger King e obter US$ 175 mil em lucros ilícitos, além de ter avisado outras pessoas no Brasil e em outros locais", diz a SEC em um comunicado divulgado no seu website. Esse cliente de Prado havia sido informado pela 3G Capital sobre a possível aquisição do Burger King em março de 2010. Ele assinou um termo de confidencialidade e se comprometeu a investir pelo menos US$ 50 milhões no fundo que seria usado na transação.

Prado terá de devolver US$ 397 mil em ganhos ilícitos e mais US$ 41,6 mil em juros. Além disso, há uma multa de US$ 5,195 milhões. Em setembro de 2012, a SEC já havia obtido uma decisão judicial para congelar os ativos de Prado, para impedir que ele transferisse recursos para fora dos EUA, o que já estava acontecendo na ocasião, segundo a agência. "Prado recentemente abandonou seu emprego na Morgan Stanley Smith Barney, colocou sua casa em Miami à venda e começou a transferir todos seus ativos para fora do país", disse a SEC na ocasião.

Segundo documentos do processo judicial, durante uma visita de negócios ao Brasil em maio de 2010 Prado teria enviado um e-mail a um conhecido no qual avisava sobre a informação privilegiada. "Estou no Brasil com informações que não podem ser enviadas por e-mail. Você não pode perder...", diz ele na comunicação eletrônica. No mesmo dia, ele conversou com esse amigo por telefone, contando que soube que a 3G Capital iria comprar o Burger King e tirar a empresa da bolsa.

O operador teria compartilhado a informação com pelo menos mais quatro clientes, que também fizeram negócios com as ações do Burger King, obtendo um lucro total de mais de US$ 2 milhões. Uma dessas pessoas é o ex-banqueiro brasileiro Igor Cornelsen, que na ocasião trabalhava na Bainbridge Group Inc. Ele também é acusado pela SEC de informação privilegiada e teria lucrado mais de US$ 1,68 milhão. A autoridade reguladora chegou a um acordo com ele e a empresa para o pagamento de uma indenização de US$ 5,1 milhões, apesar de eles não terem admitido nem negado qualquer irregularidade.

Prado e Cornelsen não foram encontrados para comentar o assunto. A CVM brasileira disse apenas que colaborou com a SEC na investigação do caso, já que as duas Comissões de Valores Mobiliários têm um memorando de entendimento para esse tipo de cooperação. Segundo a decisão da juíza norte-americana Katherine Polk Failla, Prado não respondeu às intimações recebidas nem compareceu às audiências. Ele deve pagar a indenização até 14 dias após a publicação da sentença, no último dia 7. Os ativos do operador que foram congelados pela Justiça dos EUA somam pouco mais de US$ 175,6 mil.

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