Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Pesquisas, memória do eleitor e emoções

Adriano Oliveira, | ter, 23/08/2011 - 09:06
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Às vésperas das eleições, possíveis competidores e potenciais cabos eleitorais falam constantemente em realizar pesquisas de intenção de voto. O que importa para estes atores é a liderança do competidor na pesquisa. Eles frisam que são pragmáticos. E por conta disto, o que eles desejam saber é quem tem, teoricamente, mais votos.

Diante da pressa e da miopia, já que não observam outros detalhes que a pesquisa pode revelar, decepções no transcorrer da campanha eleitoral ocorrem. Competidores, antes considerados como favoritos, despencam nas pesquisas. Acusações contra o instituto que realizou anteriormente a pesquisa surgem.

Considero que são cabíveis as críticas aos institutos de pesquisas. Mas reconheço também, que os atores solicitam produtos inadequados aos institutos. Neste instante, quando os debates em torno de quem será o candidato ainda são embrionários, o importante é verificar quais as chances de crescimento dos competidores.

As chances de crescimento dos competidores podem ser verificadas através de um conjunto de variáveis, quais sejam: intenção de voto, rejeição, imagem, aspectos emocionais, demandas do eleitor e memória eleitoral. Por meio de variados cruzamentos entre estas variáveis é possível ofertar um parecer ao competidor.

Neste parecer, estão presentes análises do contexto, construção de cenários para os competidores (Cenários ótimo, subótimo e péssimo) e avaliação das chances de vitória de cada um.

Dois aspectos são importantes: identificar a memória (a lembrança) do eleitor quanto ao desempenho de um ator (hoje candidato) numa determinada época é importante para verificar se o eleitorado deseja o retorno deste. Por conta de uma má administração ou escândalo político, o eleitor pode não desejar mais a volta do ator ao governo.

Além disto, a memória dos eleitores pode expressar admiração pelo competidor. Mas, por sua vez, o eleitor não deseja a sua volta, já que ele não mais representa, por exemplo, “o futuro da cidade”.

Outro aspecto a ser analisado é o emocional. Quais candidatos emocionam o eleitor? Quais os termos podem ser utilizados pelos competidores na retórica eleitoral para conquistar ou consolidar a conquista do eleitor?

Os aspectos emocionais dos indivíduos podem ser extraídos através do neuromarketing e de pesquisas quantitativas ou qualitativas. O neuromarketing evidencia as reações do cérebro sobre dados fatos, palavras, imagem. As pesquisas quantitativas e qualitativas revelam a interseção entre a opinião do eleitor, a cultura e a emoção. No caso, quais os aspectos contidos na cultura (visão de mundo) do eleitor, os quais são expressos por sua opinião, que o emocionam?

Neste caso, palavras como merecer, confiar, admiração, preparo e medo expressam sentimentos emocionais do eleitor em relação a dado competidor. E estes aspectos podem ser extraídos através das pesquisas quantitativa e qualitativas.

Neste instante, aconselho aos atores que desejam conquistar prefeituras, que não se preocupem com a sua posição na pesquisa. Busquem avaliar outros fatores, dentro os quais, as suas condições de crescimento.

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