Nós, pais, não podemos perder de vista que, apesar das transformações pelas quais passa a sociedade, somos e seremos sempre a primeira fonte de influência comportamental, emocional e ética dos nossos filhos. Estamos cada vez mais preocupados a respeito do futuro deles, e é comum buscarmos ajuda.
A relação entre pais e filhos não é mais a mesma do passado, pois a família mudou, tomando novas configurações. Isso ocorreu através de divórcios e segundos casamentos, mães que trabalham fora de casa, “pais de fins-de-semana”, dificultando, desse modo, manter a mesma dedicação à Educação dos filhos como a de gerações anteriores.
O nível de preocupações dos pais e a influência negativa da sociedade aumentaram consideravelmente. Os jovens hoje estão expostos a uma diversidade de informações e de violências que antes não existia, e que, de forma inconsciente, impede os pais de promover o crescimento dos filhos. Esse fator influi diretamente no desenvolvimento da autonomia da juventude em nossa cultura, pois romper com a dependência emocional construída pelos pais e deixar de lado a postura que tinha quando criança torna-se cada vez mais difícil.
Esse processo, caracterizado pelo conflito existente entre as duas partes, pode possibilitar ao jovem, no seu comportamento, certa dose de ambivalência e inquietude. E aos pais, a incerteza de como conduzir os filhos por um caminho no qual possam protegê-los e, ao mesmo tempo, prepará-los para o enfrentamento da vida. Mas como orientar sem manipular, como direcionar sem induzir, como proteger sem reprimir a liberdade? Para enfrentar a vida com confiança e para obter condições de sobrevivência, é fundamental que esse jovem construa seu caráter pautado na criatividade e na iniciativa, próprias da autonomia, na busca de um ser ético que se adapte às exigências do mercado de trabalho.
A postura dos pais, como mediadores, é de extrema importância, pois os filhos sentem necessidade de falar a fim de clarear seus sentimentos e idéias. Ao contrário do perfil do pai que, ao impor sua razão, tira do filho a possibilidade de pensar e de problematizar questões para chegar a uma resolução, sem falar na inibição que proporciona. O mediador abre espaço para as dúvidas e ganha confiança e respeito. Pois, se existe indecisão frente a duas possíveis soluções, ao fazer perguntas como: “Se você decidir por essa solução, quais são as vantagens e as desvantagens?; Qual resultado você acredita que terá daqui a seis meses?”, diferente da estagnação que seria ouvir, “A solução só pode ser essa!”, escutar e questionar vão ajudá-los no processo de reflexão. Uma pergunta ou sugestão abrem espaço assim para a busca do melhor caminho. O controle emocional é importantíssimo! Nesse momento, evite registros do tipo: “Você não sabe o que está fazendo.”; “Isso não vai dar certo.”É muito melhor dizer: “Porque pensa assim? Já presenciou situações semelhantes em outro lugar? O ideal é que ele reflita sobre vantagens e desvantagens. Sua conversa deve possibilitar esse espaço, que é fundamental para reflexão e deve acontecer em momentos informais, de forma a construir um elo de confiança para ajudá-lo a adquirir uma imagem positiva de si mesmo.